sábado, 28 de fevereiro de 2009

"Guten Tag, schöne Frau!"


A musiquinha:
http://www.youtube.com/watch?v=NMmj7dWmiyA&feature=related

Qualquer mulher portuguesa sabe, que se andar na rua com uma saia ou um top, vai ser "assobiada" ou apenas "lisonjeada" :D Faz parte da nossa cultura, o Tuguinha "mandar umas boquitas" às raparigas por quem passa na rua, principalmente se este for de carro. Dentro do seu carro, o Tuguinha é Rei e Senhor! Lembro-me de pensar, quando tal me acontecia: "Bolas! Já não se pode ter calor e usar uma roupa mais fresca! Será que estes gajos não tem filhas e esposas?".
Na verdade nunca limitei a minha maneira de vestir, por causa de possíveis comentários, sejam de rua ou de colegas de trabalho. Também tenho calor, caramba! Que querem que use, uma Burca? Aliás, sempre disse que se na obra olhassem para as minhas camisolas de alça, não havia problema, desde que os fizesse trabalhar melhor e mais rápido :D E ao contrário do que possam pensar, nunca tive qualquer tipo de problema com o tipo de roupa que usava na obra. Nunca me faltaram ao respeito! Sempre achei que era uma questão de hábito. Claro, se uma engenheira usa normalmente T-shirts em obra, e um dia aparece de alças... Mas se usar desde logo alças, o pessoal acaba por se acostumar e depois já nem liga.
Ou seja, uma portuguesa, aprende a lidar com este tipo de reacções, "lisonjeadelas", desde muito cedo. Aliás, desde que ganha "curvas"! Seja mulher feia, ou bonita, alta ou baixa. Desde que tenham algo engraçado vestido, já sabem! "Lisonjeadela" em cima!
Da última vez que estive em Lisboa, apanhámos um autocarro para o aeroporto. Os acessos estavam em obras e da paragem até à porta do aeroporto, tivemos de andar um pouco a pé, pelas obras. E ao que parece, algum trabalhador terá dito: "Mas que rabiosque jeitoso!", dirigido à minha pessoa. Eu nem sequer ouvi o comentário. Mas parece que o R. ouviu e não se fazendo despercebido, respondeu: "É, não é?!...", dando a entender que aqui a senhora não estaria sozinha ;) Quando penso nesta cena, só me dá vontade de rir!
Pois bem, por estas bandas, desde que aqui cheguei, Hamburgo, notei que o facto de eu usar umas calças mais justas, ou uma camisola da alças, ou uma saia... O que quer que seja "mais fresco", não provoca qualquer tipo de reacção por parte do sexo masculino alemão. Não que eu faça questão de que provoque! Mas eu venho de Portugal!!! Podem não acreditar, mas uma pessoa fica confusa! Logo conclui que não farei os gostos do cidadão alemão: sou baixita e de cabelo preto... Aliás, já me tinha conformado com a ideia de que posso andar na rua, como bem me entender, de alças, calção, top, salto alto, e passar no meio de um grupo de rapazes, que não serei nem um pouco "incomodada".
Mas no outro dia... Vinha eu a andar numa rua de regresso a casa, de compras na mão, quando ao passar por um senhor com os seus 50 anos, oiço-o a dizer uma frase, dirigida a mim. Se fosse há um ano, altura em que não percebia nada de alemão e que ainda tinha os ares de Portugal entranhados em mim, provavelmente tinha-lhe respondido em português mesmo: "Vá dar uma curva!". Mas como eu agora domino o alemão, entendi perfeitamente o que o senhor disse e que o fez de uma forma extremamente educada e calma: "Guten Tag, schöne Frau!..." (*). Bem, pôs logo as minhas conclusões por terra!!! Afinal existem apreciadores para todos os gostos! E eu, que frequento a "Escola Portuguesa de Resposta a Piropos" há já algum tempo, fiquei desarmada! E apenas lhe respondi: "Hallo!" e continuei rua a cima, sem nunca tirar os olhos do caminho...
E esta hei?
Adoro ser portuguesa! Somos um povo lindíssimo! Mal posso esperar pela próxima semana para voltar a ter oportunidade de ao atravessar uma passadeira ouvir: "Oh jeitosa, ilumina lá a minha vista!!" LOL

p.s.: de 31 de Julho a 8 de Agosto já tenho planos! Tavira e Oeiras

(*) tradução: "Boa tarde, bonita mulher!"

Já lá vai um ano


Bom dia, minha gente!
Para o mail de hoje, sugiro uma canção do Ruizito, que já tinha saudades de ouvir. Aqui vai:
http://www.youtube.com/watch?v=widwphp_JIo&feature=related

Pois bem, começo por vos dizer que enquanto em Portugal descem as temperaturas (bom, para acalmar os fogos), em Hamburgo começou outra vez a brilhar e a fazer um calorzinho maravilhoso: 31 graus. Parece que ainda pode chover hoje, mas deve ser daquela chuvita típica de Hamburgo. Como se costuma dizer por aqui, "se não gostas do tempo de Hamburgo, espera 10 minutos!" :D
Não vos vou contar toda a confusão que tem sido a última semana, pois quero apenas dizer-vos o resultado de tanta tomada de decisão:
1 - Vou estar em Portugal de 31 de Julho a 22 de Agosto. 3 semaninhas inteiras!!!! Por Terras Lusas!
2 - Vou estar em Portugal no fim de Setembro, sim, mas só para ir a um casamento. Chego na 6a-feira e regresso no Domingo.

Na próxima semana vou então para Portugal, mas sem o R. pois vai encontrar-se com o seu amigo R. nos Alpes Suíços para fazer uma passeata de bicicleta. Ainda me convidaram ;) eh eh mas eu não tenho de modo algum "estofo" para aquilo. Em Outubro, podem contar com o R. em Portugal entre os dias 26 de Setembro e 7 de Outubro. Mas eu só ficarei o fim-de-semana. É que o Estado Alemão quer mesmo pagar-me um curso de D.A.C. ( CAD e outros programas) no valor de 3.200 €, e eu vou aproveitar! Mas como não posso faltar, lá se vão as férias de Outubro! Assim passo 3 semanas e não 10 dias em Portugal :D

Durante estas 3 semanitas, existem várias coisas que já pensei que queria fazer, como por exemplo: ir até Porto Covo. Há alguém interessado? Aceita-se companhia!!!! Em princípio na semana de 4 a 10 de Agosto. Se não encontrar companhia para ir até à Costa Vicentina, então rumarei até Lisboa visitar a família (já não tenho pachorra para visitar as coisas sozinha pois o melhor da vida é a partilha dos momentos com alguém), pode ser tios? :D
Sobram-me portanto 2 semanitas inteirinhas para me encontrar com quem não tiver estado, até à altura.
A., conta comigo para o passeio no Jardim Botânico já prometido desde Fevereiro. C., encontramo-nos nas Docas para apanhar banhos de sol. S. e T., só na 2a semana é que o pai Tó me empresta o carro, por isso, contem comigo em Condeixa por esses dias! M., vai um cafezinho no Santa Cruz? S., M., B., e o resto do pessoal que foi para o Norte, pode ser que seja desta que vos faça uma visita (mas aviso já que a minha ideia do Porto não é muito confortável, por isso vou precisar de "Cicerones" que me ensinem a gostar da cidade!).
E podia continuar por aqui a escrever nomes e mais nomes... Porém, prefiro esperar por sugestões ;)

Tenho tanto que vos contar, mas acho que vou aguardar para daqui a uma semanita.
Ah! E sabem que para a semana que vem faz UM ANO que fizemos as malas e abalámos para aqui?

Quem mexeu no meu queijo?


É favor de por a música a tocar! (escolher 'Movimento Perpétuo')
http://www.myspace.com/deolindalisboa

Comecei por escrever-vos mais um mail, mas acabei por apagá-lo ;)
Com o meu último post no 'Lendas e Legendas', http://lendaselegendas.blogspot.com/2008/06/quem-mexeu-no-meu-queijo.html
e a música que escolhi para vocês... Mais palavras para quê???

Fui que nem Executiva!


A partir de hoje, para quem puder ler os meus mails ao som de uma musiquinha, vai deliciar-se com umas notas sugeridas por mim, através do Youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=d2-XlxJmVs8&NR=1

Na semana passada, fui às tais entrevistas de que vos falei no último mail: 4a-feira em Frankfurt e 5a-feira aqui, em Hamburgo.
No início da semana passada andava eu, não muito stressada, confesso, a treinar para as entrevistas, que em princípio seriam em alemão :S
Para além disso, tive de comprar fatiota à altura... dos padrões alemães, pois claro:

Regra número 1: também aplicável em Portugal, para quem concorre para uma posição de direcção de obra - nada de sapatos de salto alto. Tarefa nada complicada para mim, conhecendo-me vocês como me conhecem...!
Regra número 2: cara e cabelo apresentável. Estiquei (:D e pintei...) o cabelo e maquilhei-me suavemente, apenas para retirar as minhas eternas olheiras (é verdade, nem sem o stress do trabalho elas desaparecem!);
Regra número 3: Levar um blaiser vestido. Consegui comprar um, mais ou menos como eu queria, numa loja em que se pagava apenas 50% do preço dos produtos. Uma verdadeira pechincha!
Regra número 4: carteira ao ombro;
Regra número 5: confiança; Levei-a que chegasse, para dar e vender!
Parecia mesmo uma Executiva!!!

4a-feira, apanhei o ICE e em 3 horitas cheguei a Frankfurt. Foi fácil de chegar até à empresa.
Os primeiros 15 minutos da entrevista, com a secretária e o engenheiro (responsável pelas obras na zona escandinava), foram em alemão... E até me desenrasquei bem! Muito melhor do que estava à espera. Mas quando me perguntaram se preferia ter a entrevista em inglês, não hesitei! Fiz logo um sorriso de orelha a orelha, e eles caíram na minha simpatia! :D
Posso dizer que correu muitíssimo bem. Aliás, fiquei muito bem impressionada com a empresa, e com as condições de trabalho de que me falaram que eu iria ter, se fosse escolhida para o lugar. Nesta empresa poderei vir a aprender e evoluir como Directora de Obra de obras de uma dimensão, como só a Teixeira Duarte faz em Portugal. Sim, estamos a falar de um gigante na Alemanha. E este gigante mostrou-se muito contente pela minha candidatura "supostamente" espontânea. Porquê "supostamente"? Pois eu concorri para um trabalho em que a localização das obras seriam em pequenas vilas alemãs, sendo a mais perto de Hamburgo, a 200 km. Mas ao que parece, não foi para isso que eles me chamaram! Eles estão a recrutar pessoal para o escritório principal em Frankfurt! E eu só percebi isso, aliás ambos os lados só se aperceberam da "falha de comunicação" quando a secretária me pergunta: "E como acha que se sentiria em vir trabalhar para Frankfurt?", e eu: "Frankfurt...???".
E eu que queria descartar já esta empresa como hipótese. Não, não descarto. Mas vamos ver o que dá... Acho que me vão chamar para uma segunda entrevista :D
Ah! O bilhete desta viagem ficou-me em aprox. 230 €. Valor que me vai ser inteiramente devolvido quando enviar os bilhetes por correio à empresa. Em Portugal, quantas empresas o fariam?

5a-feira, apanhei o metro e em 20 minutos estava na tal empresa, daqui de Hamburgo, que me pareceu à primeira vista, ser uma "empresa-maravilha".
(A vida é mesmo assim! Mostra-nos uma coisa e afinal... Ou se calhar foi o meu cérebro a enviar sinais para os meus olhos, para que visse apenas o que ele queria :) Não, não é uma empresa maravilha...)
A entrevista correu bem. Não tão bem como a do dia anterior, pois o engenheiro que me entrevistou fez questão de falarmos em alemão. 1h 30 minutos depois de tagarelar e de me desenrascar em alemão, estava estafada! E não muito confiante que me chamassem para uma 2a entrevista... Não importa!

Mas a minha batalha ainda não acabou! Vou continuar a enviar CVs...
(por falar nisso acabei de receber mais um telefonema para ir a mais uma entrevista)

Na 5a-feira, dia da entrevista em Hamburgo, recebi um convite da Kristina, minha colega de Tandem, para irmos "tandemar" numa prova de vinhos. Ela tinha recebido um convite para duas pessoas, com provas pagas até 20 €, e lá fomos! :) Bem, falámos que nos fartámos! E que bem que se falou em português e em alemão!! E um pouquito em francês... E um pouquito em espanhol, também! ;D
Ainda provei o único vinho tinto português presente na prova, da Quinta do Vale de Meao, e um Porto. Ainda deu tempo para perguntar pela "colheita" do Luís Pato, e apareceram-me com um exemplar que custava 33,50€! Mas não me deixaram provar...

Este fim-de-semana foi, portanto, para relaxar do stress dos dias da semana passada, sendo repartido entre Piqueniques, pequeno-almoço cá em casa na companhia de amigos, e passeatas pelos parques da cidade.
Uma loucura, o que se tem vivido em Hamburgo! Há um mês que não chove e as temperaturas tem rondado os 28 graus, chegando mesmo aos 30! Os pais levam os miúdos a passar o dia num dos parques da cidade (que são imensos). E entre churrascos (de salsichas e espetadas, à maneira deles), miúdos no banho em lagos baixinhos e a fazer construções de castelos de areia lá colocada propositadamente, fomos relembrando como era em Portugal, nos sábados e domingos em que se enchia a bagageira do carro e se rumava até à Figueira. Só a cor de fundo verde (do relvado e das árvores gigantescas) e a falta da maresia é que nos fez "regressar" das memórias.

No Sábado, fui ver o jogo, Portugal X Turquia, claro está, no Quarteirão Português. Muito giro! Quais passeios, quais quê! A estrada é toda nossa! Os estabelecimentos viraram os ecrãs para o exterior (lado da estrada), para o que o pessoal pudesse assistir, e dar um jeitinho ao negócio da casa. Aliás, até servem as cervejas na rua! 2,50 € cada Sagres! Isto é que é negócio!
Muita bandeira portuguesa, muitos diálogos em português e muita alegria. Isso é que é preciso! (parece que só resta o futebol para animar a malta...).
No meio da multidão, lá apareceu um grupo de rapazes, com os seus 18 anitos, cobertos de bandeiras portuguesas, mas a falarem alemão entre si. Ok, é a língua deles! Nasceram cá! São filhos de portugueses, mas quase todos escolheram a nacionalidade alemã. Mas soube mesmo bem ouvir, quando um desses jovens ao avistar um amigo ao longe, tentando chamá-lo, grita: "Epá!!!! Oh, Luís!!!! Estamos aqui, C******!!!!!!". Num português BEM perceptível. Haja garganta! Quem grita assim, não é gago! (e aqui para nós, é portuguesíssimo!)
Acabámos por nos mudar da rua para o Varina (um dos melhores restaurantes portugueses do Quarteirão), ao intervalo do jogo, para matar a fome. Ameijoas à Bolhão Pato!... Ah? Que tal? Não sabiam que se comia cá disto!! Come-se disto e muito mais!!!: Pastéis de bacalhau, Pastéis de Nata, Folhados, Guardanapos, Empadas de galinha (só gostava de saber quem é que teve a ideia de lhes colocar pimento. É que só sabem a pimento!!! Mas são boas, boas!),... etc!

Ontem foi o jogo Alemanha X Polónia, e para vos ser sincera, não tinha vontade nenhuma de sair para a rua. "Cheirou-me" que ia haver estragos... Há 2 anos foi quase uma batalha campal entre os adeptos dos dois países. A 2a GM foi há uns 70 anos, e as feridas ainda estão por sarar. E só o tempo o fará, neste caso.
Para a Alemanha, estes campeonatos mundiais, e europeus e mais não sei de quê, tem feito bem à população alemã (a meu ver). Ainda existem alemães, da minha idade p.ex., que não sentem ter o direito de ser patriota. E só de há dois anos para cá é que a Alemanha conseguiu, finalmente, não ter medo de mostrar o seu patriotismo saudável, como quem grita um "Já chega! Tive o azar de nascer alemão! Mas quero ter uma vida normal e torcer pelo meu país num jogo de futebol!!".
Interessante, no mínimo!
Eu também quero ter a liberdade para poder sentir-me bem por ser portuguesa, embora há umas décadas atrás (e séculos!!) tenhamos feito o que fizemos pelo mundo fora. O que realmente sinto por vezes, é andar camuflada. Enquanto não sair da confortável Europa, sentir-me-ei sempre segura. Os povos do norte da Europa adoram-nos, falam de Portugal como se fosse um tal jardim à beira mar.
No Brasil, 500 anos depois, gozam connosco. Pelo menos isso!
Mas, e em Timor? Em Angola? Em... Todos aqueles países por onde andámos? Será que me sentirei segura? Será que não terei medo de dizer que sou portuguesa?
Steven, o indonésio, apareceu na minha vida para me mostrar que a capacidade humana de perdoar, pode ser infinita. E transmitida de geração em geração.

Aqui ficam umas fotografias do aniversário do porto de Hamburgo. A festa foi há 1 mês, mas as fotos chegaram hoje ao meu computador: http://picasaweb.google.com/lemos.filipa/Hafengeburtstag?authkey=Ei9XVpHizEE

Selamat pagi!


Selamat pagi!!
Nama saya adalah Ana dan saya berasal dari Portugal!

Eh eh

Pois é, isto de se passar horas por dia, na net a procurar emprego, em alemão, dá nisto: desespero moral.
Iniciei hoje um novo Tandem. Desta vez, não para praticar alemão mas para aprender Indonésio! :D (nunca se sabe quando vou ter de procurar emprego na Indonésia LOL ). Temos de puxar um pouco pela imaginação e quando o fazemos... Aprendemos uma nova língua! Exercita a mente e passa-se um bom tempo na companhia de um amigo. No meu caso, o amigo chama-se Steven. Mas vocês já o conhecem. Foi aquele que se virou para mim, em Agosto passado, e disse: "You, Portugal... Went to my country and BUM BUM BUM!" E daí nasceu uma linda amizade :D (há que aceitar o que somos e o que fizemos. E que ninguém é melhor do que os outros... :S ).
Traduzindo as frases iniciais de indonésio para português: "Bom dia! Eu sou a Ana e venho de Portugal."
Esta ideia surgiu também, pelo facto de se encontrar no vocabulário indonésio e português, palavras que tinham o mesmo significado (afinal, sempre por lá andámos uns anitos, quase 90...). A título de exemplo: cadeira, bandeira, dado, testa, soldado, escola, bola, bolo, lenço,... Pensámos ambos: basta aprendermos uns quantos verbos para podermos fazer algumas frases do género: "Ana joga à bola", "Steven leva a cadeira", e por aí adiante.
Comecei por ser eu a aprender indonésio. Não achei difícil! Não conjugam verbos, não tem artigos para os substantivos e não têm Passado como tempo verbal (em português "eu comi", diz-se "eu como ontem" em indonésio). E lê-se como se escreve.
Chegada a hora de trocar de professor e de aluno... Coitadito do Steven... Cheguei a ter pena de estar a ensinar-lhe a nossa difícil língua. É que é mesmo difícil! Como lhe explicar que se escreve de uma maneira e lê-se de outra? Só quando somos confrontados com a necessidade de explicar algo, é que sentimos a dimensão desse Algo. De resto só posso tentar minimizar o sofrimento do rapaz e ensinar-lhe as coisas mais simples. É que se ele desanima, quem é que me vai ensinar indonésio???? LOL

Quanto a novidades, nada de especial. Como alguns de vocês têm conhecimento, comecei há duas semanas a enviar CVs "com força" para empresas. Mesmo ainda não tendo o Certificado Alemão em mãos, avancei para esse próximo passo, sem medos, pois o certificado é apenas um papel, e eles querem é saber se nos entendemos no local de trabalho. O balanço tem sido positivo (lembrando de que precisei de 4 meses em Portugal para conseguir 3 entrevistas, tendo sido a última, no Bar da OAF...): tenho duas entrevistas marcadas para dia 4 e 5 de Junho. Portanto, nestes dias lembrem-se aqui de Moi, e pensem POSITIVO (mas se acharem que dois dias é demais para lembrar, então escolham o dia 5. Gostava MESMO de trabalhar para nessa empresa). Não quer dizer que tenha trabalho, mas já começa a soar a qualquer coisa!

Tenho ainda uma dica para vocês, sobre leitura, cinema, imagens e muito mais:
http://lendaselegendas.blogspot.com/
"Lendas e Legendas - Letras. Lendas. Livros. Imagens. Legendas. Filmes. Para que a nossa memória não traia a memória dos livros e dos filmes."
É um blogue onde são "postados" com regularidade comentários sobre livros, filmes, música, Lendas, Legendas, revistas, e tudo o que se achar que deve ser partilhado com a blogosfera (vocês, portanto). Mas a ideia não é só "relatar" o que se viu , ouviu, mas também, o que se sentiu quando se viu, ouviu,... O "grupo de trabalho" é constituído por 5 pessoas, cada uma delas com os seus gostos e interesses, o que gera no blogue um ambiente diversificado e bastante interessante e impulsionador! É um blogue dinâmico que desperta o interesse para novos mundos a quem o visita. A não perder!!!
Já agora, vejam lá se conhecem as personagens do "grupo trabalhador"...

Ontem que decidimos fazer uma "grelhada" no Stadt Park (ao pessoal que cá esteve no Inverno, nem acreditam como está florido!), choveu! Ora esta! Não chovia há 3 semanas e tinha de chover logo ontem! E hoje o céu também não se apresenta muito bem disposto... (mas sem chuva). Mas parece que ainda esta semana a temperatura chegará aos 25 graus! Gosto mesmo do calor! E do Sol!
E em Portugal? Já acabaram as chuvas, ou quê? ;) Vá lá... Não fiquem assim... Não pode calhar sempre aos mesmos! E em Agosto vocês vão até à praia e eu fico em casa a contar horas até que a chuva pare...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Harry Potter


Está um dia muito bonito, aqui em Hamburgo! Está um dia de sol, aliás, como tem estado desde há 3 semanas. Organizava para aqui umas fotos, quando me apercebi que ainda não partilhei com vocês a nossa última viagem. O destino foi Newcastle. Então, aqui vai disto: É tão fácil hoje em dia viajar, que voltei a ver 3 pessoas mais cedo do que esperava (pelo menos este ano). Quando pensamos que mudamos de país, e vamos ficar longe de tudo e de todos durante muito tempo, ta-ran! Lá estamos nós, juntos outra vez! Foi uma semana muito relaxante por terras de Sua Majestade, farta em passeios a pé, capucino "de espuma rija", algum chuvisco, e muita conversa. Newcastle é uma cidade diferente das que já visitei. Sei que não é nada ecológico, andar a demolir edifícios para fazer nascer outros... Mas eu pessoalmente, depois de ver o que vi em NC, adorei a ideia! Umas quantas demolições em território português, não eram nada mal pensadas! Sempre dava para corrigir alguns erros do passado. E em Newcastle, "simplesmente" demoliram um Shopping, e mais um "espacito" à volta, no total de tamanho de uns quantos quarteirões, para voltar a construir... Um Shopping! Só se vêem gruas por todo o centro da cidade. Aquela cidade não pára! E porquê um Shopping? (perguntam vocês...) Pois ao que parece, Newcastle é bastante conhecida pelas... Compras! As pessoas vão até Newcastle fazer compras. Daí, a explicação para o que me sucedeu no Ponto de Turismo, logo no primeiro dia, onde fui tentar obter informações sobre a cidade: deram-me duas brochuras - uma com indicações dos pontos turísticos, a outra (de tamanho igual ou até mais "gorda") com os pontos "quentes" para compras! E tinha mesmo na capa, como título: "Shoping in Newcastle". haviam de ver a minha cara a olhar para a senhora que me atendeu... Posso dizer que percorremos Newcastle de uma ponta a outra, deixando de parte apenas alguns pontos interessantes. Nao chegámos a ir ao Seven Stories, the Centre for Children´s Books nem ao Angel of the North (a tão famosa estátua metálica que é mesmo um dos 12 ícones oficiais de Inglaterra). Apercebemo-nos, eu e o R., que sentíamos falta de qualquer coisa, naquela cidade. Algo com que o dia-a-dia em Hamburgo nos habituou a ter: espaços verdes compostos por árvores enormes! E realmente, Newcastle não tem tantos espaços verdes quanto isso. Mas tem o Leazes Park, que não ficou aquém das nossas expectativas! Quando saimos de Hamburgo, as primeiras folhas e flores começavam a dar a sua graça. Uma semana depois, quando regressámos, foi a surpresa total: todas as árvores se encontravam cobertas de um manto verde lindo, e as flores abundavam pelos jardins. Mas que óptima recepção que Hamburgo nos fez! Falta dizer de Newcastle que é um sítio muito conhecido pelas despedidas de solteiros... E mais não digo. Será surpresa, para quem quiser visitar a cidade ;) Fomos a York, Durham e ainda a Edimburgo. York e Durham foram dois locais sugeridos pela S.. E que bem sugeridos, pois sao uma ternura! Voltar a Edimburgo, soube muito bem. Fez-me lembrar os dias em que lá estive com a minha mãe, há uns anitos atrás. E poder voltar e partilhar a cidade (da qual não me esqueci e adorei) com amigos, foi muito bom. E depois, Edimburgo é daquelas cidades que puxam pelo nosso imaginário... O que terá ali passado há uns séculos atrás, quem correu por aquelas ruas estreitas e escuras, que reis é que visitaram o castelo e por lá viveram, que "energias ocultas" preenchem os cantos da cidade. Sabem que existem mesmo visitas nocturnas guiadas para os turistas que quiserem conhecer Edimburgo pelas suas catacumbas, ruas secretas, becos apertados...? Imaginem as "histórias negras" que se terão passado por ali. :S (OK! Vamos mudar de assunto!). Mas esta viagem foi mesmo para recuperar energias: estar com amigos, recordar histórias, relembrar carinhos. O que sinto mais falta, aqui em Hamburgo, é da cumplicidade que se tem com amigos. Aqueles amigos, com quem vivemos histórias e que, anos mais tarde, a nossa memória nos delicia com a sua força. Temos novos amigos, claro, aqui em Hamburgo. Mas ainda não passou tempo suficiente para não sentirmos "aquele vazio" de recordações que temos com eles. Pois ainda não criámos assim tantas. Ainda... Bjs! E bom fim-de-semana prolongado! Que só hoje é que me lembraram que em Portugal é feriado! Por aqui não há nada disso! p.s.: lembram-se daquelas brochuras cor "amarela-laranja-azeda", que estavam em cima de uma mesa na Sala de Espera do consulado português, aqui em Hamburgo? :D Já lá não estão!!!!! Sim tive de voltar ao consulado, desta vez para me renovarem o BI. O sol. já não é indicado para mim... :)

Oito pés direitos


Foi uma óptima maneira de começar o ano 2008. Não com um pé direito mas sim com 8 pés direitos! Por isso, tem tudo para dar resultado!
Não eram as "férias de Inverno" que alguns sonhavam (com 5 metros de neve) mas deu para esquecer a ideia por alguns anos. Ou seja, próximas férias...? Na praia, p.f.!
A neve é realmente um espectáculo lindíssimo com que a natureza nos costuma brindar por estas bandas, mas o frio... Por vezes é uma sensação de sofrimento tal, que já nem queremos saber qual o monumento que iremos ver a seguir, nem que nunca assistimos a uma paisagem tão branca como aquela. E para combater o frio que se sente é preciso entrar num café de hora em hora, tomar algo quente, e ganhar coragem para mais uma hora na rua. (Não sei porquê, mas o meu pé esquerdo detesta frio. Mais do que o direito! É que nem o sinto!). E daí a necessidade de umas roupinhas bem quentinhas e confortáveis. E de preferência compradas a metade do preço! (o que em Hamburgo se consegue facilmente, até mais do que em Berlim, seja Verão ou Inverno).

Para os que pensam em visitar-nos, acho que a mensagem foi clara: sem frio, Hamburgo é apaixonante.

Aquele Abraço


Meus queridos e queridas, estive em Portugal duas semanas e souberam-me que "nem ginjas"!
Os lugares são mesmo feitos pelas pessoas. Que seria de Coimbra, de Lisboa, de Pombal e de Viseu, se não fossem vocês? Nem eu nem o R. parámos nesses 15 dias! Muito obrigados! Para aqueles que não conseguimos ver, com quem não conseguimos estar, guardamos um carinho ainda mais especial! Quando nos encontrarmos, vai ser Aquele Abraço! Seja em Portugal, em Hamburgo, ou noutra parte do mundo!
Engraçado, que a nossa chegada a Hamburgo também não foi despercebida. Senti, quando cheguei, que tinha para quem correr a contar as novidades de Portugal. Hmm... É bom sentirmo-nos assim: que temos alguém à nossa espera. Seja em que parte do mundo for.

Lembram-se que levei a mala não muito cheia para poder trazer uns "miminhos" para terras germânicas? Ora aqui fica a lista dos meus miminhos: (uns adquiridos, outros emprestados, e até "cravados"!)

"Jogos da Noite", de Stig Dagerman - DEVORADO
"Breviário das Más Inclinações", de José Riço Direitinho - INICIADO (promete ser uma delícia)
"Cândido", de Voltaire
"O Grito da Gaivota", de Emmanuelle Laborit
"Regresso ao Admirável Mundo Novo", de Aldous Huxley
"O Faquir", de Ramiro A. Calle
"Expiação", de Ian McEwan
"Mil Novecentos e Oitenta e Quatro", de George Orwell
"Comboio Nocturno para Lisboa", de Pascal Mercier (escritor alemão)
"Máscaras de Salazar", de Fernando Dacosta

E ainda tenho uns 4 em alemão que a minha amiga alemã me emprestou. Uuuii, mas esses custam mais devorar!

P.S.: tive uma queixa sobre os meus mails... (repare-se na apreciação): "Oh Ana, não dá para enviares os mails com espaçamento duplo entre as linhas? É que eu perco-me!"
(queria ela dizer: "É que eu perco LOGO a vontade de os ler!")
Que me dizem? Anda mesmo tudo pitosga? É que se eu meto o espaçamento duplo nestes mails, não vai haver patrão que não se aperceba que vocês os lêem em pleno horário de trabalho!!
(Parece que oiço uma professora minha: Andam para aí a ler mails e depois queixam-se que "o patrão não paga!")

Pelo menos, café e Natas!


Próxima semana: visita a Portugal (que tanto gostamos)!

Pois é, levantamos voo na próxima 6ª-feira, às 6h 30 da manhã. Por volta das 9h30 (de PT) já devemos estar de malas despachadas à saída do Aeroporto de Lisboa. E até já sabemos o que fazer: guardar as malas e dirigirmo-nos a Belém, para um super apetitoso pequeno-almoço constituído por... Pastéis de Belém!!! Com canela e açúcar... Humm!!!...Quem quiser acompanhar, é só confirmar connosco, mas não contem que esperemos por vocês para começar a comer! eh eh
Somos capazes de dar uma volta por Lisboa, e por volta da hora do almoço, abancaremos numa esplanada qualquer do Bairro Alto, a comer um bom prato de bacalhau ou outro qualquer. Quem quiser acompanhar, já sabe! O meu número de telemóvel mantém-se. O cafezito pode ser tomado no Bairro Alto ou noutro ponto da capital. Aliás, aceitam-se sugestões! (é tão bom estar de férias!!!)
Hmm... Estava a pensar que nunca fui até Cascais... É isso, o lanche será em Cascais, à beira mar (há lá esplanadas, certo? ;) ).
Sem hora ainda definida iremos até casa, onde tenho jantar marcado com o meu pai (pai, ainda não sabias????? :D ) e minha irmã (achas que dá?).
Sábado talvez vá passear para os lados do Paul de Arzila, logo de manhã, para aproveitar o Sol que vai estar. Sim, porque eu vou apanhar uns dias de Sol como nunca se viu em Portugal Continental!!! À noite talvez vá tomar cafezito com uns/umas engenheiros/as (:D e não só!), e no Domingo já me fiz de convidada para um lanche na minha antiga rua (ao fazer-me de convidada ofereceram-me água e côdea de broa. Eu merecia. Mas se queriam assustar, tss tsss....Vou na mesma!!!).
Na 2ª-feira sou capaz de ir ter ao ensaio da orquestra, se houver. Estou com saudades de ouvir umas fífias!

Durante os restantes 10 dias úteis, andarei pela zona Centro. Irei almoçar com a S. lá para os lados das Águas, com a S. no Fórum, com a minha irmã na Praça, coisas que já fazia quando trabalhava em Portugal. E ainda sou capaz de ir ver o mar à Figueira, etc, etc... Ah! E não me esqueci do jantar que a minha prima me ofereceu há uns tempos!
Eu estarei de férias, e o pessoal não, bem sei. Mas dará de certo para se combinar alguma coisa.
Regressamos 6ª-feira, dia 28, logo de manhã. Aliás, lá para as 10h da manhã já devo estar na "nossa" Strasse.

Esta semana passará muito depressa, pois para além de pensar como levar a mala quase vazia (os outros emigras mais experientes já me informaram para fazer assim), reiniciei a tarefa de procurar emprego (enviar CVs, fazer cartas de apresentação,...). E ainda terei de arranjar tempo para aproveitar a minha inscrição no Sportspaß (onde a mensalidade me sai a 8€/mês para lá aparecer quantas vezes me apetecer por semana!!! Não percebo como têm lucro!...).

E vejam lá se aguentam o Sol até eu chegar! Depois trato eu de chamar o Sol quando aí estiver.

Mudar de vida


PHG - Portugiesisch-Hanseatische Gesellschaft - é uma Associação Luso-Hanseática que pretende "enquadrar-se nas relações já existentes há centenas de anos entre a cidade hanseática de Hamburgo e Portugal".
Eu e o R. tivemos a oportunidade de conhecer as pessoas que se deixaram "embeber" nesse projecto. Essa mesma Associação pediu-me para escrever umas palavras sobre a minha vinda para Hamburgo, onde contasse como tem sido essa experiência, com o intuito de ser publicado numa brochura que a Associação tem. E eu aceitei (o meu próximo passo é tentar participar num blog. Vamos ver! Vamos ver!...):

« A primeira vez que estive em Hamburgo foi em 2001, no mês de Fevereiro. Chovia constantemente e o frio gelado não abandonava a cidade por nada. Lembro-me que tive de pedir um casaco emprestado pois a "coberta" que trazia de Portugal não era suficiente para me manter quente (sabia lá eu o que era frio!).

Detestei a cidade: escura, fria e cabisbaixa.
Por circunstâncias da vida, acabei por vir aqui parar novamente em 2007 mas desta vez por um tempo mais longo que as 3 semanas passadas em 2001. A data prevista para o meu regresso definitivo a Portugal? Keine Ahnung!

Já cantava António Variações:
"Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se tens a vida em ti a latejar!"

Em Agosto passado deixei tudo em Portugal (menos a minha Cara Metade): família, amigos, emprego e uma vida de incertezas.

A esta cidade Hanseática cheguei também com uma mão cheia de incertezas mas a outra cheia de expectativas, e sempre consciente da decisão que tinha tomado.

Desta vez Hamburgo surpreendeu-me! O sol brilhava, a temperatura nos termómetros ficava-se pelos 23ºC, os seus habitantes enchiam os passeios e os parques... Enfim, Hamburgo emanava energia! Confesso que senti imediatamente uma pequena paixão pela cidade, que aos poucos fui conhecendo, e fui deixando envolver-me pelo que ela oferecia. O vazio que tinha trazido de Portugal, depressa foi preenchido por novas amizades, fossem elas com cidadãos de Hamburgo ou com simples jovens interessados em aprender a língua alemã durante o mês de Agosto. Eu começava uma nova vida.

Seis meses passaram. De um ritmo de trabalho exaustivo no mundo da construção civil em Portugal, passei a viver um outro mais calmo. Por vezes tão mais calmo que o meu próprio corpo se sentia confuso, pela falta da adrenalina que se habituara a ter todos os dias em Portugal.

Os meus colegas do curso de Verão alemão regressaram aos seus países, tomando os seus lugares pessoas mais velhas mas que como eu apostaram na Mudança para alcançar uma vida melhor. Tive O Mundo na minha sala de aula: Brasil, Colômbia, Serra Leoa, Gana, Togo, China, Tibete, Tailândia, Indonésia, Rússia, Ucrânia, Polónia, Síria, Egipto, Turquia, Espanha e Portugal. E todos com uma mão cheia de incertezas e outra cheia de expectativas, tal como eu. E tal como Hamburgo reage a dias de Sol de uma maneira aberta ao mundo e se fecha a este com o frio, assim reagia aquele pequeno Mundo fechado na sala de aula: por vezes sentia-se a sua coragem e a determinação, por vezes a sua desilusão. E acabámos todos por nos unir de uma certa forma.
Foram meses de experiências culturais e de relações humanas muito gratificantes e acabei por desenvolver uma consciência sobre o mundo em que vivemos que não tinha adquirido, até então, em Portugal.
E é por isso porque Mudamos. A princípio dizemos que é pelo dinheiro, mas... Acho que mudamos porque o nosso corpo e mente assim o pedem. Porque sentem que os estímulos que recebem não são suficientes para sermos quem realmente queremos Ser. E por isso nos lançamos à aventura! »

A Ania já regressou à Polónia. A Nerea já regressou para Tenerife. Dos 4 inseparáveis sobramos 2. E Steven regressa à Indonésia em Outubro ou talvez antes. E eu vou a Portugal em Maio :D !!!!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

De volta a 1988


Tenho-me deslocado algumas vezes até ao Consulado Português aqui em Hamburgo.
As instalações são novas, num edifício a 100m do antigo. O espaço foi remodelado e ainda se sente no ar o cheiro da tinta das paredes. Um sítio simpático. Pessoas simpáticas.

Esta semana voltei a lá ir e enquanto esperava pela minha vez de ser atendida, peguei numas revistas que estavam espalhadas pela mesa da sala de espera. Revistas sobre Portugal. A maioria eram revistas promocionais da TAP: imagens coloridas, cheias de flores à mistura, muitas fotos do nosso Oceano Atlântico, das nossas praias, etc... Mas mesmo ao lado do monte das revistas coloridas, encontrava-se um outro monte, desta vez de brochuras amarelas cor de "sumo de laranja azeda", com o seguinte título: "Unidades Didácticas para alunos do Ensino Complementar de Língua Portuguesa".
Na capa, uma fotografia a preto e branco de quatro supostos alunos portugueses à volta de uma mesa de sala de aula, e como cenário de fundo, dois Mapas-Mundo pendurados na parede. Nada de especial, a não ser os penteados e roupas dessas quatros pessoas. Lembrou-me as fotos dos meus pais na altura em que eu ainda não tinha nascido... Mas em preto e branco, como já referi! Abri então o dito manual de aprendizagem, interessada por saber, afinal, o quê e como se dava por estas bandas a nossa Língua-mãe.
Manuais destes tenho eu andado a estudar, mas em Alemão... Ensinam o Alemão normalmente com base em histórias, cenas da vida quotidiana, geralmente ilustradas com banda desenhada muito engraçada. Claro que o conteúdo da banda desenhada e dos textos tem sempre "algo para ser transmitido aos alunos" sobre a vida do país em causa cuja língua se pretende aprender.
Passo então à transcrição (dados e ortografia) da primeira cena quotidiana de uma família emigrante portuguesa na Alemanha, descrita na pág nº5 da tal brochura:
(a cena passa-se à mesa, hora do jantar)

ANABELA (14 anos): - "Ó João, ao menos passa a travessa ao pai para ele se servir!"
JOÃO (15 anos): -"Estou tão cansado da escola que nem consigo mexer um dedo. E logo amanhã que tenho uma "Klassenarbeit" de "Deutsch"!
MANUEL (16 anos): -" Lá porque andas no liceu, tens a mania de que só tu tens que fazer. Bem sabes o que a mim me custa acabar o 10º ano!"
MÃE: -"Para isso tens de te esforçar um pouco mais e não andar sempre na rua e na bola!"
JOÃO: -"Sabem qual é o tema que vamos desenvolver? O automóvel. Não me queres dar uma ajudinha, Manel, tu que tanto percebes do assunto?"
PAI: -"A propósito de automóveis, acho que temos de comprar um novo."
MÃE: -"Sem ter ainda acabado a casa em Portugal, como é que arranjas dinheiro para isso?"
ANABELA: -"Tem que ser, mãe, com este calhambeque já não chegamos a Portugal nas férias!"
JOÃO: -"E porque havemos de ir de carro?"
ANABELA: -"Se calhar querias ir de comboio! Era só o que faltava... Para nos acontecer o mesmo que aos pais da Carla..."
PAI: -"O que lhes aconteceu?"
ANABELA: -"O ano passado, quando voltavam de Portugal, de comboio, ficaram encharcados de azeite..."
MANEL:-"De azeite? Que horror! Como é que isso foi?"
ANABELA: "Na estação da guarda um homem com vários embrulhos, uma mala e um garrafão entrou no compartimento deles. Com muita dificuldade lá conseguiu arrumar a bagagem e o garrafão ficou por cima do lugar dos pais da Carla... Como estava muito calor a rolha saltou e o azeite jorrou para cima deles..."
PAI:-"Que desagradável!... Mas deixemos lá essa "história" do azeite e voltemos ao assunto do carro. Levar a Portugal um novo não seria nada má ideia..."
JOÃO:-"Isso é só para fazer vista... Não se esqueça que antes de chegar à terra, tem de conduzir milhares de quilómetros, passar na estrada de Burgos..."
MANUEL:-"Ora, ora, o que é que tem de especial a estrada de Burgos?"
JOÃO:-"Não me digas que não sabes que é conhecida por "cemitério de portugueses". E não é só na estrada de Burgos que morrem portugueses. Li há dias no jornal que Portugal tem uma taxa de acidentes das mais elevadas da Europa."
MANUEL:-"Acidentes dão-se todos os dias e em toda a parte, de comboio, carro, avião, até podes der atropelado ao atravessar a rua. Para mim, andar de carro é que é bom!"
JOÃO:-"Com os engarrafamentos em hora de ponta... é uma maravilha! E a poluição que provoca..."
MANUEL:-"E tu que não viesses com as teorias sobre o meio ambiente..."
ANABELA:-"O João tem alguma razão, mas não é um carro a mais ou a menos que vai alterar as coisas."
MÃE:-"Lá isso é verdade e se o teu pai acha que o podemos comprar... Eu por mim estou de acordo..."
MANUEL E ANABELA:-"Ai que bom!! E viva a sociedade de consumo!"

Hum... Aqui está uma cena típica portuguesa: GARRAFÃO DE AZEITE DE ROLHA durante uma viagem de comboio... E quanto aos MILHARES de Km entre Portugal e Alemanha, eu esclareço (já que fiz essa viagem de popó): 2500 Km (mais coisa menos coisa).

Depois de ler a pág nº 5, continuo na minha viagem entre aquelas páginas, e encontro o seguinte texto didáctico (pág nº 22) com as respectivas ilustrações a preto e branco, claro!
Título: "Já não tenho nervos para guiar automóvel!"
(a cena passa-se numa fila de trânsito)
NO AUTOMÓVEL nº 1:-"Que chatice, nunca mais chego à modista! Já vou ter que tomar mais um comprimido para os nervos..."
NO AUTOMÓVEL nº2:-"O melhor é ir ao psiquiatra. Estou descontrolado de todo."
NO AUTOMÓVEL nº3:-"Yes, please, bitte, é logo ali o restaurante! Já pode comer a sua Paella!... Estes turistas são cá uns broncos, mas dão boas gorjetas!"

Depois de dar uma vista de olhos às 52 páginas, devem imaginar o meu ar de espanto! A este consulado devem dirigir-se dezenas de pessoas por semana. Pessoas de nacionalidade portuguesa, claro, e não só. Pessoas que provavelmente nunca tiveram a oportunidade de visitar Portugal. Pessoas que escolheram ser portugueses e não alemães. Pessoas que não sabem o que é viver em Portugal. E a informação que o consulado dá, é a que existe numa brochura com 20 anos! (data de edição da brochura em que peguei, 1988. Quem sabe se não é uma reedição?).
Bom, de brochura em punho, peço para falar com o responsável pela distribuição daquelas brochuras no consulado. Apresentam-me o responsável. Eu, de sorriso de orelha a orelha, mochila às costas, casaco num braço e brochura no outro, apresento-me. Digo-lhe delicadamente que achava que a brochura que trazia na mão, não é de todo adequada para se ter numa sala de espera do consulado, pois encontra-se completamente desactualizada. O senhor (com os seus 35 anos), fica a olhar para mim, dirige os seus olhos para a brochura que trago e diz: "A senhora também pegou na piorzinha... Sabe, eu deparei-me com a existência de caixotes e caixotes dessas brochuras aqui no consulado e achei que se as colocasse na sala de espera pelo menos serviria alguém...". Ao que eu respondo: "Mas se o conteúdo se encontra completamente desactualizado, o que pretende que as pessoas aprendam? Que em Portugal nem sequer existem Auto-Estradas? Que é um país que vive de agricultura só à custa da enxada, como mostram as fotos a preto e branco?". O senhor pergunta-me, então: "Mas o que acha que eu devia ter feito?", e eu, muito delicadamente: "Estamos no país ideal para resolver o seu problema. A Alemanha tem um óptimo sistema de reciclagem de lixo. Por vezes há que tomar decisões difíceis. Mas acho que é a que deveria ter tomado". Ao que o senhor me responde (pasmem-se!): "Mas sabe que não temos capacidade para reciclar. E achamos que são brochuras que ainda servem! Por exemplo, eu mandei muitas, há pouco tempo, para África."

Até me deu um arrepio pelas costas...
Lembrei-me de uma reportagem da SIC, de há uns anos atrás, sobre um material médico que tinha sido enviado (doado, portanto) para "África", por portugueses, em condições vergonhosas! Lembro-me do ar de desesperado do médico português, que tinha recebido o material, enquanto era entrevistado. Material completamente em desuso, estragado, e até (quem sabe?) usado!

Regressei então à conversa que estava a ter e disse-lhe: " Mas porque temos nós, portugueses, a mania de enviar lixo para os PALOPs?". Entretanto, o telefone toca, e antes do senhor responsável poder atender, disse-lhe, mostrando a brochura "cor de laranja azeda": "Eu vou fazer a minha parte. Esta brochura vai comigo e vou colocá-la na reciclagem. O senhor faça o que entender.". Ele ficou a atender o telefone e eu ainda lhe ofereci mais um sorriso de orelha a orelha...

Nesta minha aventura na Alemanha, tenho tentado encontrar respostas para alguns insucessos e frustrações que fazem com que Portugal continue, em geral, na cauda da Europa. Neste dia, encontrei uma.

p.s.: entretanto, as referidas revistas já foram retiradas da sala de espera.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Neve


Hoje, o meu dia por terras alemãs começou como costuma começar: com o despertador a tocar... Levantei-me, cambaleei para o WC, tomei o banhinho e vesti-me. Aqueci o leite na nossa super panela pequena, coloquei o pozinho de Capuccino e uma colher de açúcar amarelo na chávena. Enquanto isso coloquei duas fatias de pão na torradeira e depois desta dar o seu "grito matinal" (é uma torradeira especial: segundos antes de libertar as fatias de pão para o AR, faz um barulho muito interessante e irritante. Eu chamo-lhe o "grito matinal"), barrei-as com manteiguinha... Hum...! Quuuaaseeee consigo imaginar o sabor do pão português. Quase :( ... Enquanto como, leio as páginas que restam do livro "O meu Século" de Günter Grass. Coloco a loiça suja na máquina, vou buscar as botas à "casota do cão" (eh eh, os que cá vierem terão prazer de a conhecer), calço-me. Visto a camisola de lã, o colete verde que o Pai Tó me deu, o super casaco que o R. me conseguiu convencer a comprar, e por fim o gorro e as luvas. De mochila às costas desço as escadas do prédio e procuro, como todos os dias o faço, os dois esquilos que vivem nas árvores do nosso quintal. Não aparecem... Chego à porta principal do prédio, agarro a maçaneta e puxo a maldita porta que deve pesar tanto quanto eu, e... Fico por instantes imóvel...! Caíam flocos de neve do céu!!!!! Branquinhos!!!! E já se tinham conseguido acumular em cima dos carros e tudo! ... Parecia que via nevar pela primeira vez. É mesmo um espectáculo bonito. É tão branquinha! Tão simples. Tão leve. Tão pequenina. Tão envolvente...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Aconteceu


Meus queridos amigos, aconteceu.

Lembram-se que eu e o R. estivemos a trabalhar numa revista alemã, chamada Der Feinschmecker. A tradução deste nome para o Português (origem da língua francesa) é "Gourmet". Hum...
Pois hoje foi a "Festinha de Natal" da revista, para a qual todos os "colaboradores" foram convidados. E claro que o R. e a Ana não poderiam faltar! Só de pensar na possibilidade de terem na mesa da festa uns pequenos "Gateaux", confirmámos logo no dia seguinte a recebermos o convite em casa.

Chegámos ao edifício da revista, e tudo parecia normal. O mesmo hall de entrada, o mesmo porteiro, o mesmo elevador. Entrando na zona de escritórios, já se apresentava outra paisagem: o Openspace que eu costumava atravessar até ao meu local de trabalho encontrava-se repleto de gente a beber e a comer; os gabinetes tinham-se transformado em pequenas cozinhas improvisadas; um grupo musical tocava no centro do Openspace "Black Magic Women"; uma fotógrafa passeava com a sua máquina disparando sobre algumas das "Tias" aqui do sítio, que por sua vez se passeavam com pequenos pratos com comida tamanho S colorida e cheia de formas e feitios; Ah! E lá estava o Paul, o nosso antigo chefe. Servia cerveja ao pessoal, num dos balcões improvisados quase à entrada do corredor.

À entrada fora-nos dada a ementa apresentada por 15 dos melhores restaurantes de Hamburgo. Para estes restaurantes é uma grande honra ser-se convidado para servir numa festa da maior revista de Gourmet da Alemanha. Desde o restaurante «"Seven Seas" im "Hotel Süllberg"», o «"Callas" im Hotel "Steigenberger"», o "Das Weisse Haus", etc.. E todos eles preparavam aqueles pratos imaculadamente limpos onde no centro se encontrava o tão desejado "presente" de comer e chorar por mais.

O cheirinho já não nos podia fazer mais pirraça do que a que tinha feito à entrada (enquanto entregávamos os casacos no Bengaleiro) e por isso passámos ao ataque à comida.

Primeiro provámos o "Niederrheinischer Blutwurstknödel auf Ärpel mit Schlaat und Schwerter": Uma pequena bola de morcela envolta com pequeninos cubinhos de pão ralados fritos (que dava uma textura crocante a cada trinca), colocada delicadamente sobre um creme/puré maravilhoso. Por cima um molho castanho adocicado.
Por mim, merece * * * * * .

Depois reparei nas pequeninas taças brancas (do tamanho da minha palma da mão em forma de concha) que deambulavam entre as pessoas, com uma fatia do que parecia bolo de chocolate com pedaços de maçã. Também acompanhado com um creme branco e outro castanho, tudo sobre uma pasta de laranja caramelizada. "Ia jurar que era chocolate!", pensei eu antes de colocar qualquer garfada à boca. Até que a M. me traduziu o que o senhor tinha explicado sobre o PRATO PRINCIPAL que recebi com tanto entusiasmo. O prato chamava-se então "Karamellisierte Entenleber mit Apfel-Espuma und Früchtebrot". Eh eh... "Enteleber"... Pois... :D Fígado! Não era fatia nenhuma de bolo de chocolate com pedaços de maçã, mas sim fatiado de fígado. Para mim, aquilo sabia a sobremesa. Se bem que a mistura de todos os componentes daquele prato sabia bem. Todos encaixavam uns com os outros. Mas eu acho que o que me fez deixar a meio foi a ideia de ser fígado e das partes brancas da suposta "fatia de bolo" serem pedaços de gordura.
Pela ousadia de fazer um prato principal doce (sim, porque para prato principal, fígado até que não cai mal!): * * * *

Em seguida veio a sobremesa do mesmo restaurante da "fatia de bolo de fígado": Um delicioso souflet de chocolate servido num copo de tamanho de um shot considerável. "Schokoladensoufflé mit Vanille und Mandarinenkompott". Delicioso! Afundar a colher naquela bola fofa de chocolate e reparar que o molho de baunilha e a compota de tangerina se encontravam a envolver tudo... E em breve eu levaria aquele pedacinho do céu à boca.
Nada a acrescentar: * * * * *

Num só pratinho branco conseguiram juntar várias cores (verde, branco, vermelho, e outras) e várias texturas bem como vários sabores (pois está claro!). Dois pedacinhos de peixe "tipo Sushi" = cru, um de atum envolvido por umas sementes e salmão "ligeiramente fumado" com dois cogumelos do tamanho de dois alfinetes delicadamente atados com uma folhinha verde. A acompanhar mais um copo de shot com molho de abacate e outro de "Wasabi-Kaviar". Este foi na verdade o melhor preto principal que comi até hoje, de peixe, num prato com o diâmetro de 10 cm.
Se pudesse dava: * * * * * + *

Do mesmo restaurante chega-nos a melhor sobremesa com figo que comi em toda a minha vida. Reparem no nome "Gratinierte Feigen - Tarte mit Schokoladen-Sablé und Ingwer-Milchschaum_Eis". Eu traduzo: Figo (embebido em vinho do Porto, que não está escrito, mas que o cozinheiro nos disse) gratinado, sobre um bolinho tostadiço, com uma fina folha de chocolate a unir o figo e o gelado de gengibre. Bem... Fui aos céus e por lá fiquei durante o tempo que tinha o sabor na boca desta sobremesa (que não durou muito a ser invadido pelo prato seguinte).
Sem duvida: * * * * * + *

Já estão todos de água na boca, certo? Ok, ok, vou então terminar este texto com a minha investida às Ostras.

Eu já tinha provado uma vez Ostras, no rodízio de marisco em Cantanhede. E sinceramente aquela viscosidade toda não me entusiasmou nem um pouco. Lembro-me que experimentei uma e não voltei a comer desses bichos.
Quis tentar então, novamente, descobrir que segredos escondia para o meu paladar, uma ostra. Ao ver à minha frente um senhor, que eu sabia que trabalhava para um dos melhores restaurantes de Hamburgo, a abrir naquele momento as ostras, não resisti. Agarrei-me à primeira. O jeito não era muito mas lá consegui retirar o bicho viscoso com o meu garfo, espetá-lo e comê-lo. Eh eh Acho que comi umas 6 ou 7... Que maravilha de bichinho viscoso! E o sabor das gotas de limão no "sumo" da água do mar? É que "sabia a maresia" das praias de Portugal! Sei que pareço uma "emigra" a falar, mas o certo é que voltei a ir aos céus e por lá voltei a ficar uma boa meia hora! Só com medo de estragar o sabor da nossa terrinha!
E eram tantas ali à minha frente...: * * * * *

Depois de voltar a ler o menu da festa, cheguei à conclusão que só devo ter deixado escapar, dos 22 pratos e sobremesas, uns 2 ou 3. Entre eles umas salsichas.

Eu não sei se já vos tinha dito isto, mas... Eu gosto mesmo de comer. Saborear. E comer... E saborear... :D
Para os que ainda não tinham reparado, fica aqui a confirmação.
Mas não é preciso fazerem-me repetir o prato cada vez que for convidada a ir comer com um de vocês! Não sou uma "entope estômagos". Mas que há algo em mim que gostaria de ganhar a vida a fazer o que algum do pessoal da Der Feinschmecker faz, gostava! Já viram? Ser-se pago para comer coisas de grandes chefes de cozinha!

Ah!!!
Ainda não vos contei sobre a "Tômbola".
Sabíamos que haveria uma espécie de "rifas" que seriam vendidas por 5 euros, cada! A princípio pensámos à bom português: "Bolas, 5 euros é um almoço lá na terra!". Depois começámos a ver a lista dos 115 prémios que existiam para as ... 200 pessoas que se encontravam ali: relógio "Divina" do Maurice Lacroix com 40 diamantes; um fim-de-semana numa ilha caríssima no norte da Alemanha, Zylt, com tudo pago, incluindo 4 refeições em 4 restaurantes de luxo; e por aí fora.. E fez-se luz! 'Bora lá dar 10 euros! Duas rifas, 5 € cada...
Podemos dizer que já temos copos de vinho (a S. deve perceber o que vou escrever) «Beaujolais-Gläser von "Schott Zwiesel"». Feitos à mão, diz a etiqueta da caixa, 6 unidades. Afinal, parece que investimos bem os 10 € :D

Deixem-me só terminar dizendo que esta festa era só para o pessoal "colaborador", para que sentisse que a Der Feinschmecker ficara agradecida pelo nosso trabalho (e eu que pensei que bastavam pagar-me as horas que lá passei para a revista sentir-se "agradecida"). NÃO É BONITO...? E os próprios chefes lá se encontravam a servir cerveja, vinho, e outras bebidas.

A foto não é minha :)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Natal à porta


Por aqui, a época Natalícia já chegou no mês de Outubro. As ruas já se encontram iluminadas e as árvores de Natal já foram distribuídas pelas lojas e praças. O Mercado de Natal de Hamburgo já abriu na Rathaus e por lá vai ficar até dia 31 de Dezembro. O pessoal que vem cá passar férias vai poder deslumbrar-se com as luzes, com os enfeites, com o vinho quente, e até com a viagem do Pai Natal por cima das suas cabeças. O giro é ver o trenó a andar de marcha-a-trás! (um cabo de aço, com cerca de 100 metros, puxa um trenó com um pai Natal, de uma ponta à outra do mercado. Não dá propriamente para fazer inversão de marcha, né?...).
Para aqueles que estavam a pensar em gastar as férias da Páscoa em Hamburgo... Tss, tss! Já comprámos as viagens de avião até Portugal para a altura da Páscoa. E pode ser que leve companhia polaca ou espanhola. Bolas, já basta passar o Natal por estas bandas. :S Fomos convidados para passar o Natal em casa da Christine, a nossa amiga alemã que se casou em Maio. E vamos aceitar. Não será com a nossa família, mas sempre é mais acolhedor do que passarmos só os dois. Ainda temos é de pensar no que vamos levar para pôr no saco do Pai Natal. Alguma sugestão?

As aulitas de alemão lá continuam... A Aqua foi embora (aquela menina que ficava com dores de cabeça só de tentar falar a língua alemã) depois de ser "convidada" a sair da escola. Pois é... Tudo se passou num lindo dia de chuva em HH, em que ela se passou e virou a sua mesa de trabalho para o chão... O professor que nesse dia nos dava aulas, coitado (era a 2ª vez que nos dava aulas)... Nem sabia o que dizer. Ainda não sabia o que a casa gastava! E lá teve de se explicar ao professor: "Não se preocupe! É a Aqua! Nós já sabemos como ela é... Já estamos habituados..."
Normalmente Aqua chegava meia hora atrasada às aulas. Mas no dia seguinte do "Virar a Mesa", Aqua deslocou-se à nossa sala às 10 horas em ponto. Dirigiu-se ao placar que existe na nossa sala, com as datas de aniversário de toda a gente (incluindo a dela), e com caneta de feltro fez um borrão preto no nome dela e na data dela. Eu não assisti à cena, mas quando vi o resultado, até o som arrepiante da caneta no papel conseguia imaginar. Uuuuiiiiii!
E foi embora.
Sim, ela não batia bem. Mas no princípio até que disfarçou!

Arranjei 3 pessoas para fazer Tandem. Não, não é nada de especial nem de erótico! Tandem é um encontro entre duas pessoas que pretendem aprender/aperfeiçoar uma outra língua. Mas neste caso, os professores são os próprios intervenientes. Ou seja, eu disponibilizei-me para ensinar português a pessoas que estejam interessadas e disponíveis para me ensinar alemão. O Tandem é suposto ser feito entre pessoas que sabem já falar algo na outra língua. Não é suposto aprender-se do zero, pois a intenção é termos alguém com quem treinar a fala.
A primeira, Kristina, é uma alemã muito simpática que está a aprender português. Porquê? Porque se interessa por outras línguas e tem tempo livre para o fazer (mas ela tem trabalho! :D ). Ensina bem.
O segundo, Lars, também alemão, é uma das minhas "dores de cabeça" que tenho neste momento da minha vida. Infelizmente, na Alemanha, encontram-se várias pronúncias e até dialectos. E Lars não fala nenhum dialecto, mas eu não percebo nada do que ele me diz em alemão... Resultado, passo mais tempo a ensinar português do que a treinar alemão, pois já desisti de ter um diálogo com ele... Mas como lhe digo?
O terceiro, Richard, é russo, mas veio para a Alemanha com 10 anos. E na verdade fala muito bem alemão e com uma pronúncia muito clara. Dá aulas de inglês, o que ajuda bastante. Sabe como explicar. Para além de alemão e russo, fala japonês e espanhol (e acho que mais nada). Ainda não percebi porque quer aprender português, mas por mim tudo bem. Desde que o meu alemão melhore...
Para além de haver o interesse de dialogar na língua que se pretende treinar, Tandem é uma boa maneira de "fazer conhecidos". Tirando o Lars, acho que valeu a pena pôr o tal papelinho na Universidade a dizer que gostaria de "Tandemar".

Na verdade existem pequeninas coisas engraçadas que se pode fazer nesta cidade, como o Tandem, que dão um sentido especial à vida que se leva em HH. A sensação que tenho é que nesta cidade está sempre a acontecer alguma coisa. E esta diversidade de origens (asiáticos, africanos, americanos, brasileiros, europeus) fazem-me sentir "apenas mais uma" e não "diferente" como me senti p.ex. na Polónia. E consequentemente, sinto-me segura. Se há cidade segura para o pessoal emigrar, é HH. Mas claro, não esqueçamos da NECESSIDADE de falar a língua alemã. O governo alemão conseguiu desenvolver o tal programa de "integração", apostando em algo fundamental: a língua. E mesmo sofrendo eu as consequências deste programa (a obrigatoriedade dos estrangeiros que procurem ajuda do Estado alemão de aprenderem alemão até ao nível B1), entendo porque o criaram. Acreditem que eu nunca tinha sentido maior sensação de exclusão social, como o estar à mesa com um grupo de pessoas a falarem uma língua que não se entende: não percebes porque se riem nem entendes por que estão tristes. E queres abrir a boca e só sai ar! E essas pessoas são aquelas que tu conheces e com quem terás de criar laços afectivos... Pois não tens mais ninguém aqui.
Mas já está melhor, pois agora, até dialogar em alemão consigo!!!! eh eh
Quanto à burocracia alemã, da fama não se safa, pois já a senti na pele. Mas tirando isso, qual é o país que não tem a sua burocracia? E as suas regras? Quem for para Portugal também tem de se adaptar aos nossos hábitos e costumes. E claro, aprender a nossa língua. Ou imaginam um empregado de balcão português a entender um turista tailandês "Um café, por favor!". Nem tailandês e nem inglês, quanto mais!

Para quem ainda não sabe, :D todas as fotos que trazíamos neste computador, foram à vida, bem como o disco! Claro que tenho uma conjunto delas em CDs, mas outras não se conseguiram salvar.

O Outono


Desde há umas semanitas que tenho andado a receber uns "toques" para o telemóvel português... A princípio nem me passava pela cabeça atender, pois anunciando-se como "número desconhecido", não iria eu pagar roaming para atender um "desconhecido". E assim passaram-se os dias. Durante uma semana davam-me toques às 11 da manhã e nas semanas seguintes, na tentativa que eu atendesse, passaram a fazê-lo Às 23 h. Pontualmente! Na passada 6ª-feira, disse para o R.: é hoje que eu vou perguntar a este sujeito o que é que ele quer afinal! Quero lá saber do Roaming! Mistério resolvido em 1 minuto: era da TMN! Claro, devia-lhes fazer comichão o facto de eu nem uma sms enviar. Desligado o telefonema, recebo uma sms da TMN: "deverá carregar o seu telemóvel até dia 28". Bom, sendo por carregamento obrigatório, não teria mesmo outra coisa a fazer se quisesse continuar com o número português. Parece que ainda tinha uns 15 euros de saldo (coisa que resolvi com umas chamadinhas para Portugal) e resolvi anular o telemóvel português. Mas depois pensei melhor... E quando estiver em Portugal, como faço? Conclusão: carreguei com mais 5 euros para manter o número português. Podem continuar a mandar sms para o 96.

Lembram-se do meu colega Indonésio? Aquele que me apontou o indicador e me disse "you portuguese!!!! Went to my country and BUM BUM BUM!"
O Steven é realmente um rapaz amoroso. Embora me tenha dito aquilo, sabe perfeitamente que não tenho a culpa do passado. Apenas posso velar pelo futuro!
Mas o interessante ainda estava para vir: viemos a descobrir quase semanalmente (e acidentalmente) que existem palavras iguais, em Indonésio e em Português, que significam a mesma coisa :D
1. Cadeira - num passeio ao Platan und Blomen, dizia eu à Nerea (espanhola), no meu Portunhol, "estas CADEIRAS num jardim português não duravam 1 dia!". E vira-se o Steven: "CADEIRA???? That's our word!!!"
2. Natal - Numa aula sobre tradições alemãs e não só. Falei como se dizia em português, e lá ouço novamente a voz do Steven, admirado: "NATAL???? That's our word!!!!"
3. Bandeira
4. Dado - jogo dos Dados. Mas em Indonésio é mais básico: um DADO e dois DADO.
A partir de então, o rapaz já me disse que anda um pouco confuso pois, tendo sido a Indonésia ocupada pelos Holandeses por mais de 300 anos, como conseguiram as palavras portuguesas imperarem e as holandesas não?
Querem saber qual é o segundo nome no Steven...? ANTONIO (parece que ainda o oiço: "don´t you dare say that is a portuguese name...!")

Neste momento quase todos os parques e jardins de Hamburgo se encontram coloridos de vários tons: castanhos, verdes, amarelos e vermelhos. LINDO!!! É realmente sensacional um passeio por caminhos onde nos sentimos protegidos por um véu de cor amarela-dourada. Os ramos das árvores são majestosos e faz-nos querer ficar ali o resto do tempo. Mas depois o frio que nos entra pelas narinas e nos congela o cérebro faz-nos pensar duas vezes. E o melhor é mesmo continuar o passeio :D
Pelo menos a chuva tem-nos deixado em paz...

Isto de não ter televisão tem as suas vantagens, como já vos disse no último mail. Para além de ler agora mais do que nunca, temos posto em dia as nossas idas ao cinema: "vá ao cinema cá dentro". Maratonas de 3 filmes, é o nosso máximo. Temos ainda a trilogia de Matrix para ver e parece que vai ser hoje. Temos direito a pipocas e tudo!
O facto é que a Internet por estas bandas é bastante rápida pelo mesmo € que teríamos que pagar em Portugal. Por isso há que aproveitar ao máximo.
A história de não termos televisão, ainda não sabemos se se manterá ou não. Afinal, comprámos um móvel para a colocar, onde neste momento se encontram os computadores e um vaso com uma planta que a senhoria me deu. Vamos ver...! Não me apetece nada ter, novamente, de arrancar o comando da televisão ao R. por ele fazer Zapping 2 em 2 minutos!

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Algo sobre Hamburgo


Comecei este texto como um simples comentário a alguém que visitou este blogue e que me pediu algumas dicas sobre Hamburgo. Mas achei que para comentário, já estava bastante looooongo :D
Sobre Hamburgo (HH)... Por onde começar? Bom, Hamburgo é uma cidade fantástica e virada para o mundo exterior a ela. Na altura dos "nossos" Descobrimentos, Portugal e HH eram bem conhecidos entre si, devido às suas características portuárias e mercantis. HH era e ainda é passagem obrigatória para muitos cargueiros. Intitula-se mesmo como "Cidade Livre Hanseática". Por aqui existem muitas referências portuguesas. O antecessor do actual NE Sagres português, foi aqui construído e aqui retornou. Aliás, todos os NE Sagres foram aqui construídos nos estaleiros do porto de HH.
Existe o Quarteirão Português (no Campeonato Europeu de Futebol foi assim) onde se pode caminhar e sentir que se está "quase em Portugal". É aqui que se encontra a parte significativa de restaurantes portugueses, e daí o nome atribuído. Lá consegue-se matar as saudades de um bom peixe grelhado, ou de uma Chanfana, Caldeirada, Mexilhões à Bulhão Pato, enfim... E nada de muito caro. Uma dose ronda os 17 € mas dá à vontade para 2 pessoas. Sobremesas típicas portuguesas é que não se fazem por estas bandas. Parece que não rende! Os alemães acham-nas muito doces (como é possível...?).
Nas primeiras semanas da minha estadia aqui, percebi que a comunidade portuguesa era enorme e muito bem integrada. Quis saber um pouco mais sobre o porquê, e eis que me vejo debruçada sobre o computador a ler sobre os Judeus Sefarditas (oriundos da Península Ibérica) que no século XVII "foram expulsos" de Portugal, acabando por se deslocarem para estas bandas. Existe em HH um cemitério de Judeus Sefarditas cujas inscrições estão mesmo em português. Diz-se até que os judeus sefarditas tiveram uma grande contribuição para o desenvolvimento económico (e não só) de HH, pois quem aqui chegou, eram pessoas de classes sociais elevadas (quem tinha dinheiro para nessa altura fazer uma viagem deste tipo). Cientistas, médicos, comerciantes, mercadores, literários, escritores, professores, etc., abandonaram Portugal e dirigiram-se para cidades como Hamburgo e Amesterdão.
Dizem também que uma das substituições da cúpula de uma das mais conhecidas igrejas de HH, St. Michaelis, foi oferecida por um português muito importante na altura.
Hamburgo tem um pouquinho de tudo: moderno - antigo (nada que se compare com Portugal), alternativo - normal, barato - caro. Existe oferta para todos os gostos.
Sobre a história da cidade há muito para contar!
Hamburgo sofreu dois grandes incêndios dos quais, o 2° em 1842, provocou a destruição de 1/4 da cidade. Do que tinha sobrado e sido reconstruido foi quase tudo destruído durante a 2a Guerra Mundial. Realmente sobra muito pouco da cidade mercantil da altura dos "nossos" Descobrimentos. Edifícios e ruinhas velhinhas como temos em Portugal, esqueçam! Um dos edifícios que sobreviveu e que não foi propositadamente restaurada desde a altura dos bombardeamentos, é a igreja de St. Nikolai: para que a memória de uma guerra permaneça nos dias de hoje.
A Câmara Municipal, é também ponto obrigatório de visita. Edifício antigo que conseguiu escapar, não se sabe bem como, à sina que já lhe tinham traçado também na 2a G.M.. Era suposto não restar nada dela, mas afinal, a bomba que caiu sobre ela não detonou. O gatilho dessa bomba encontra-se numa das salas em exposição.
Existe a zona do porto, claro, que nao pode faltar numa visita turística, principalmente em Maio, altura do aniversário do porto. É uma festa gigantesca, com vários barcos novos e antigos que desfilam pelas águas do Elbe, carroceis, barracas com tudo e mais alguma coisa, fogo de artifício, espectáculo aeronáutico, etc. Este ano calha no fim-de-semana de 8 a 10 de Maio.
Por aqui há um grande hábito de não terminar as noites de Sábado no sítio onde se começa, em Reeperbahn. Quer dizer, a noite termina-se mas o dia seguinte é que é iniciado no Fischmarkt. Enquanto os vendedores se preparam para mais um dia de mercado, o pessoal que passou a noite em Reeperbahn encontra-se no interior do edifício do antigo mercado para mais umas cervejas e alguma música ao vivo.
Depois temos os parques. Lindíssimos! Existe o parque da cidade, enorme, onde no Verão costuma estar cheio de gente a fazer os seus grelhados e a jogar vários jogos. Temos também o Planten und Blomen (em pleno centro da cidade) que não tem a dimensão do parque da cidade mas é de um requinte totalmente diferente. Neste área podemos visitar a estufa, o jardim japonês, o espectáculo de luzes e ainda passear entre a sua diversificada flora.
Ficava aqui a escrever sobre esta cidade pela noite fora...
Hamburgo, na minha opinião, é uma cidade a não perder. Visitá-la não deixa ninguém desiludido!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Devorando livros


Queria agradecer à S., mais uma vez, por me ter enviado livros portugueses, e ter despertado em mim novamente o gosto pela leitura. Já devorei os livros, claro! Adorei os dois! O "A Aventura de Miguel Littín Clandestino no Chile", do escritor Gabriel García Márquez, foi mesmo um prazer lê-lo.
Tem sido um mês de cultura! Como não temos televisão acabamos por fazer coisas que em Portugal não era, para nós, costume. Exemplo: ler.
Quando dou por mim já estou na Internet há umas horas a ler sobre coisas da história portuguesa e de outros países. Acho que tento assim conseguir entender um pouco melhor o que significa ser portuguesa. E também conhecer melhor os países dos meus colegas de curso de alemão. São tantas culturas numa sala só...
É sempre uma paródia, a aula. Tudo corre tão harmoniosamente que até parece estranho! Nos países de alguns deles as coisas não estão muito tranquilas e pensar que alguns continuam mesmo em guerra... E eles (os meus colegas) estão cá, longe dos seus países: Tibete (será que foi tudo em vão?), Turquia (que entraram outra vez no norte do Iraque), Togo (nunca vi a minha colega a rir... acho que não sabe o que é :( ), Serra Leoa (palavras para quê?), Gana, Síria, Ucrânia, Cazaquistão.
No outro dia apareceu uma nova professora, a 6ª desde que começámos o curso. Aliás, nós nem deitámos fora os papéis com o nosso nome escrito, porque sabemos que a qualquer altura aparece um professor novo. Nesse dia lemos pela primeira vez um poema (até então só líamos os diálogos do livro) e ouvimos posteriormente em CD. Interessante, a aula, mas de um ritmo um pouco "lento de mais". Essa professora falou-nos que existe uma biblioteca com vários livros de várias países. Na esperança de encontrar alguns na língua de Camões, lá fui eu. Era a Biblioteca Central de Hamburgo. Grande! Mas saí pela mesma porta que entrei, desiludida... Os livros portugueses ocupam 5 prateleiras e são do mais velhinho que possam imaginar.
Na parte dos jornais encontrei o Público que li na integra. Parecia que tinha sede de informação. Estava habituada a ver televisão e assim saber rapidamente notícias do mundo. Agora a mesma informação tenho de obtê-la através da leitura. O que tem sido bom pois tenho tido tempo para o fazer, seja no metro, em casa ou na Internet. Acho que vou mesmo começar a encomendar alguns pela Internet. Algumas sugestões?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Finalmente, a festa!


O dia do meu aniversário começou muito cedo: às 9h começámos por tomar um cafezinho e comer um pastel de nata no café Caravela. Em Hamburgo existem vários estabelecimentos portugueses, felizmente! Quase nos sentimos em casa, não fosse o café servido do tamanho de um bombom! Por aqui, os cafés (expressos) portugueses são de tamanho ridículo!: “Desculpe, mas podia encher mais um pouco?”.

Por volta das 10h fomos até Mönckebergstrasse comprar a minha prendinha de anos: umas super botas com Gore-Tex (que impermeabiliza) e Polartec na zona envolvente dos pés. Por estas bandas a chuva e o frio é uma predominância, por isso, acho que fiz uma boa escolha. Dentro dos modelos do material dito “técnico” até que não são feias.

Depois das botas fomos até à Saturn, uma loja enorme com todo o tipo de equipamento eléctrico: 5 pisos! Fomos comprar as colunas de som, possíveis (€), que o R. demorou tanto tempo a escolher, para podermos ter música na minha festa. Serviram para a festa e já foram devolvidas pois mostraram-se serem afinal uma... * ... má compra!

Às 11h ainda nos faltava comprar umas coisitas portuguesas: 2 chouriços, tremoços, Vinho do Porto, Casal Garcia, bolachas Maria e ainda um porco de barro para assar as cheirosas chouriças!

Ao meio-dia estávamos em casa. Comemos qualquer coisa e tratámos da decoração e de arranjar a mesa com a comidinha tuga.

Antes de ir buscar o pessoal ao U-Bahn (metro) ainda conseguimos falar uns minutinhos com alguns amigos de portugal, em pleno passeio, via Skype. Descobrimos que o Espaço Comercial perto de nossa casa tem Internet wireless (à borla), mas só em alguns sítios se recebe bem o sinal... O passeio, em plena rua, é o melhor... (Agora frequentamos o Balzac Café, perto da Universidade. Sem saber, alguém anda a financiar Internet aqui ao casalinho português. É de lá que envio este mail).

Bom, a festa em si, foi gira! Todos aderiram ao programa gastronómico internacional e tivemos pratos salgados e doces:
Classificação: de * a ***** (eh eh)

POLÓNIA (Ania): tarte de maçã (um tabuleiro enorme); Pelo sabor e tamanho*****

TURQUIA (Kubre e namorado): pão turco (claro!!), a garrafa com chocolates, doces (tipo goma, que sempre quis provar em Portugal e nunca tive coragem) e vinho turco. Pela variedade e quantidade ****

CHINA (Dong Ying): hóstias de camarão (já bem conhecidas dos portugueses mas que muitos na festa nunca tinham provado), pequeninos crepes com legumes acompanhados com o molho agridoce (também já conhecido) ****

INDONÉSIA (Steven): arroz com legumes e camarões BEM temperado com Chilli (MUUUUITTTOOO Chilli); Foi o próprio Steven que cozinhou e graças a isso ainda se atrasou duas horas. Pela dedicação na confecção e sabor, aqui ficam as *****

ALEMANHA (Saskia): pasta de queijo com cebola e outros ingredientes (que não me quiseram dizer) para barrar o pão. Juntamente com esta especialidade, Saskia trouxe consigo um saquinho de sal. O sal era antigamente uma prenda valiosa (por ser rara) e sendo assim, riqueza de quem visita para quem recebe. Pela confecção e História leva *****

ALEMANHA (M. e O.): salada de batata. Batata por estas bandas é algo muito típico e vulgar. É das poucas coisas que eles conseguem produzir e que não têm de importar. Salada de batata é coisa obrigatória em qualquer menu alemão e existem mesmo prateleiras de supermercados cheias de “Kartoffel Salat” prontinhas a levar. Desta vez tive a oportunidade de provar salada de batata sem ser com molho de iogurte, mas sim com vinagre, típica da zona sul da Alemanha. Pelo sabor (muito bom) e dedicação na confecção *****

UCRÂNIA (Olga): folhado doce que coloquei na travessa de barro (portuguesa) que recebi como prenda. Complicado de cortar e não chamou muito a atenção do pessoal. Provei e era bom. Neste dia o U-Bahn interrompeu algumas linhas como a que Olga tinha de andar para vir à festa. Não querendo esperar, apanhou um Táxi. Pelo sacrifício (€) e vontade de chegar o mais rapidamente à minha festa *****

UCRÂNIA (Larissa): bolo. Também não chamou muito a atenção, ficando quase todo no prato. Mas leva na mesma **** pois trouxe para a festa o marido e o filhote

FRANÇA (Tomas): crepes, claro! Bons e que marcharam rapidamente! Mas pelo trabalho que teve, principalmente, leva *****

Umas 20 pessoas num espaço de 30 m2. A festa durou até às 2h00m.

Para mim e para os meus colegas das aulas de alemão foi a primeira oportunidade que tivemos de treinar a sério a língua deste país. Alguns de nós não falam inglês e fizemos um acordo: hoje falaremos apenas alemão.
No fim, já pelas 23h, de um grupo de 10 pessoas apenas uma não percebia português. E sentiu-se a reviravolta: o português, sem nos apercebermos, invadia a nossa sala. É sempre bom podermos comunicar na nossa língua...
E com a M. tenho essa hipótese, mesmo sendo alemã. Fez Erasmus em Portugal onde aprendeu português. Fala muito bem e por vezes até me esqueço que não estou a falar com uma portuguesa, pois da boca dela saem expressões do género: “Mas que porra!”, “Ana, diz-me uma coisa,...”, “Opá, então não é que o gajo disse que....”.

Minha gente, espero que tenham gostado da minha festa como eu gostei ;p

Deutsch! Deutsch! Deutsch!


Em Agosto enviei-vos um mail, com o meu contacto móvel... Certo? Eh eh eh
ERRADO!!!! O número estava errado!

A primeira a comentar qualquer coisa comigo foi a minha prima I.: "Opá, devia ter o teu número errado pois foi parar a um alemão qualquer. Pensei em ir ao mail que tinhas escrito para verificar o número, mas achei mais rápido telefonar à minha prima A., e ficar uns 30 minutos à conversa com ela, de Portugal para a Alemanha :D".
Bom... O tempo passou-se e à noite telefona-me o P.S. para o telemóvel português! Fiquei doida!!! "Mas este gajo não sabe que eu não tenho dinheiro no telemóvel português????? Não posso atender!!!! Ok, Ok, eu atendo! Olá, P.S.! Ouve lá: não tenho dinheiro!!!!". E novamente a conversa sobre o meu número errado: "eu telefonei para o número que tinhas escrito no mail que enviaste e foi parar a um alemão qualquer! E ele só gritava: DEUTSCH! DEUTSCH! DEUTSCH!"....

Eh eh eh

Quer dizer que durante tooodo o dia do meu aniversário, este senhor alemão, deve ter ouvido falar mais português do que em todas as suas férias passadas em praias algarvias.
(Agora não se ponham todos a enviar mails a dizer: "Epá, Ana, então não é que foi isso mesmo que me aconteceu, quando decidi finalmente telefonar-te para te dar os Parabéns????" ;))

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Zertifikat Deutsch


O meu curso de alemão começou, como sabem, em Agosto. Nesse mês a nossa turma era formada por pessoas jovens (Anni, Steven, Dong Ying, Wendy, Chi Mei, Daniel, Hallil, Suellen...) que tinham decidido fazer um curso de Verão na Rackow Schule. Passado um mês, o mês de Agosto terminou, bem como o curso de Verão, e alguns dos alunos (Wendi, Suellen,...) voltaram aos seus países.
Em Outubro começaram a chegar novos alunos que pretendiam fazer o Curso de Integração (ao imigrante), curso este financiado pelo estado alemão a cidadãos estrangeiros que pretendam ficar no país e que provem que tenham permissão para o fazer. Aliás, se pedes ajuda ao país para arranjar trabalho, apartamento, subsídio de saúde, então és obrigado a tirar o Zertifikat Deutsch. Uma das coisas que o estado alemão te exige, é que aprendas a língua (e ainda te pagam o curso!). Eu acho uma ideia fantástica pois SEI que facilita todo o processo de integração desse imigrante.
Se não incomodares nem pedires qualquer €€€€€ então podes ficar o tempo que quiseres, isto se fores da UE.
Na verdade, do primeiro grupo de alunos sobrámos seis. Os restantes que vão aparecendo são quase sempre mais velhos que eu. São pessoas que vêm à procura de uma vida melhor do que a que o país de origem pode oferecer, ou então, são pessoas que por cá vivem há já algum tempo (anos) e nunca aprenderam a falar decentemente a língua.

Isto funciona assim: (para estrangeiros)

1.Queres trabalho?
2.Sim.
3.Falas alemão?
4.Não.
5.Tira o Zertifikat Deutsch.

1.Queres trabalho?
2.Sim.
3.Arranhas o alemão?
4.Sim
5.Tens o Zertifikat Deutsch?
6.Não
7.Tira o Zertifikat Deutsch.

1.És casado com alguém de nacionalidade alemã?
2.Sim
3.Arranhas o alemão?
4.Sim (vamos encurtar... a resposta NÂO implica... ZERTIFIKAT DEUTSCH! )
5.Tens o Zertifikat Deutsch?
6.Não
7.Tira o Zertifikat Deutsch.

1.És casado com alguém de nacionalidade alemã?
2.Não
3.ESTÁS LIXADO!

Bom...! Onde é que eu ia!?
Por ter este carácter OBRIGATÓRIO muitos encontram-se a tirar o curso contra a sua vontade. :D E o engraçado disto tudo é que o governo alemão COMPARTICIPA até 100 % da mensalidade deste curso. Estamos a falar de um curso de 6 meses que no total somará 1500 euros. Se fizermos umas contitas rápidas, de somar, a todos os subsídios (transporte, saúde, alojamento, curso de integração,etc.) que são dados aos imigrantes e "cônjuges" de nacionalidade "não alemã"...
Eu continuo a não perceber como é que é possível conseguir-se governar este país, subsidiar esta gente toda e ainda apresentar o crescimento económico que bem sabemos.
O que tenho vindo a verificar é que são exactamente os que são subsidiados, os alunos que apresentam maior número de reclamações :)

Lembram-se do Laptof? Tibetano, não, desculpem! CHINÊS!! Recebe subsídio. Foi dizer aos Senhores do Estado Alemão que controlam os subsídios dados, que a escola que frequenta não prestava e por isso não tinha aprendido nada ;) Assiduidade do Laptof: uma vez por semana! (para quem não sabe, as aulas são diárias, 5h por dia)

A história do Daniel também é interessante: deixou o filho em Serra Leoa, encontra-se casado com uma cidadã alemã, não tem trabalho, fala pessimamente a sua língua materna - o inglês - e farta-se de falar mal do sistema que lhe subsidia as aulas de alemão! Pois, onde já se viu, obrigar os cidadãos africanos a aprender a língua do país onde querem viver! "Em Serra Leoa isso não acontece! A Língua Inglesa basta!", diz revoltado. (com este farto-me de rir!)

E finalmente, a minha colega Aqua! Do Gana. Apareceu um dia na nossa aula como bichinho do mato. Não falava/fala, não olhava/olha para ninguém. Quando temos de praticar a língua, trabalhamos aos pares ou em grupo de 3 a 4 pessoas, dependendo do exercício. Bom, este Bichinho do Mato, simplesmente responde (sem ninguém lhe perguntar nada, pois é suposto cumprir as indicações de um professor que sabe qual a melhor maneira para nós aprendermos o malfadado alemão que tanto nos custa a pronunciar!): "Não percebo o exercício. Não quero trabalhar em grupo nem aos pares! E tinham-me dito que "isto" era um Curso de Integração e não um curso de Língua Alemã! Já me dói a cabeça de tanto pensar e por isso vou para casa". Podem imaginar a nossa cara de pasmados a ouvir tal frase... Este bichinho que mal se ouve na aula mesmo quando é solicitado, afinal consegue gritar!
E não imaginam a paciência que os professores têm com ela! Uma coisa de louvar! Eles sorriem, eles brincam... Mas a opinião é unânime: esta não bate bem! Até que os profs se fartam (já lá vão dois!) e dizem-lhe para tomar umas aspirinas, "que aquilo passa-lhe!"
E claro... Deve ser mais uma! Uma subsidiada...!

Por aqui os dias vão encurtando a um ritmo alucinante, para grande desgosto dos vossos amigos tugas que tanto gostam do sol. Continua a fazer frio mas nada que se compare com o que ainda aí vem.
E mais um fim-de-semana que se encontra à porta e mais uma vez, "Spazieren gehen" encontra-se na nossa lista de coisas para fazer. Vá lá, gravem de uma vez este link: http://babelfish.altavista.com/ (daqui a uns 3 mesitos, serão e-mails só em alemão! eh eh)