quarta-feira, 30 de março de 2011
segunda-feira, 28 de março de 2011
Carta ao Marco
Olá, Marco!
E eu, antes de mais, quero agradecer-te pelo mail que envias, sem qualquer pergunta do género "como é que se arranja um trabalho na Alemanha?". É que 90% dos mails que recebo são com esta "pergunta simples" (como alguns até me dizem).
Admiro-te por teres ido, e decidido pôr de lado (por enquanto ;) ) o canudo da universidade.
É triste chegarmos a este ponto em que pessoal com formação superior, para se aguentar, tem de pôr o canudo de lado. E não falo só no pessoal português, mas em geral.
Também os alemães estão a chegar lá, "ao ponto", de uma forma diferente: nunca veremos um engenheiro civil alemão a ter de aceitar um trabalho de servente para ganhar dinheiro, veremos sim, a preferência das empresas por um engenheiro civil português em vez de um alemão. Já referi aqui, neste blogue, que a formação académica de um engenheiro civil alemão, está cada vez mais "pobre", resultado dos cursos serem cada vez menos exigentes (palavras do meu antigo chefe alemão e, já agora, do partido da Sra. Merkel. Ou pensam que é só em número que somos precisos?). Muito menos exigente do que nas universidades portuguesas (por enquanto!). E essa é, realmente, a nossa arma. Também caminharemos para a situação alemã, em que os nossos postos de trabalho (engenheiros civis) serão ocupados por engenheiros de outros pontos do mundo (como já acontece em outras áreas). Ainda lá não chegámos. Mas chegaremos!
Enquanto isso não acontece, há que aproveitar as brechas / oportunidades que aparecem, e continuar a ocupar os lugares que os engenheiros alemães não conseguem ocupar. Pelo menos, até se dar a Revolução da Geração À Rasca, em versão Deutsch. Até lá, enquanto eles andarem entretidos com formações profissionais e subsídios de desemprego, toca a aproveitar! Porque esta "mama", que anda a secar há já uns anos, vai acabar de vez!
Coitados dos meus putos quando perceberem que também a geração dos seus pais lixou a deles...
Mas isso, deixa-se para pensar depois, como temos vindo a fazer há pelo menos 50 anos em Portugal. É que a Esperança Lusitana tarda em morrer. E enquanto houver Esperança...
Felicidades e toca a desenvolver esse alemão ;)
Ana
E eu, antes de mais, quero agradecer-te pelo mail que envias, sem qualquer pergunta do género "como é que se arranja um trabalho na Alemanha?". É que 90% dos mails que recebo são com esta "pergunta simples" (como alguns até me dizem).
Admiro-te por teres ido, e decidido pôr de lado (por enquanto ;) ) o canudo da universidade.
É triste chegarmos a este ponto em que pessoal com formação superior, para se aguentar, tem de pôr o canudo de lado. E não falo só no pessoal português, mas em geral.
Também os alemães estão a chegar lá, "ao ponto", de uma forma diferente: nunca veremos um engenheiro civil alemão a ter de aceitar um trabalho de servente para ganhar dinheiro, veremos sim, a preferência das empresas por um engenheiro civil português em vez de um alemão. Já referi aqui, neste blogue, que a formação académica de um engenheiro civil alemão, está cada vez mais "pobre", resultado dos cursos serem cada vez menos exigentes (palavras do meu antigo chefe alemão e, já agora, do partido da Sra. Merkel. Ou pensam que é só em número que somos precisos?). Muito menos exigente do que nas universidades portuguesas (por enquanto!). E essa é, realmente, a nossa arma. Também caminharemos para a situação alemã, em que os nossos postos de trabalho (engenheiros civis) serão ocupados por engenheiros de outros pontos do mundo (como já acontece em outras áreas). Ainda lá não chegámos. Mas chegaremos!
Enquanto isso não acontece, há que aproveitar as brechas / oportunidades que aparecem, e continuar a ocupar os lugares que os engenheiros alemães não conseguem ocupar. Pelo menos, até se dar a Revolução da Geração À Rasca, em versão Deutsch. Até lá, enquanto eles andarem entretidos com formações profissionais e subsídios de desemprego, toca a aproveitar! Porque esta "mama", que anda a secar há já uns anos, vai acabar de vez!
Coitados dos meus putos quando perceberem que também a geração dos seus pais lixou a deles...
Mas isso, deixa-se para pensar depois, como temos vindo a fazer há pelo menos 50 anos em Portugal. É que a Esperança Lusitana tarda em morrer. E enquanto houver Esperança...
Felicidades e toca a desenvolver esse alemão ;)
Ana
quarta-feira, 23 de março de 2011
O cenário perfeito.
Todos os dias o casal aparecia por volta das dez da manhã. Deviam ter a idade dos meus pais ou até menos. As suas peles douradas quase caramelizadas diziam gostar de praia, do sol e do mar. Durante duas semanas, duas vezes por dia, iam juntos banhar-se na água daquela praia. E que praia linda, onde se banhavam. A água era translúcida e morna, perfeita para passar o tempo que quisessem dentro dela, afastada de tudo e de todos. Naquelas águas os corpos não boiavam, dançavam, flutuavam! As pequenas ondas envolviam-nos, a ele e a ela, gentilmente, como que se os acariciassem, como se soubessem que o dourado da sua pele era do cansaço provocado pelo sol. Mas o sol é maravilhoso...
Duas vezes por dia, ela colocava os seus braços por cima dos ombros dele, e abraçando o seu pescoço, deixava-se deslizar sobre a areia enquanto seus pés desenhavam sulcos até ao mar. Pareciam um só corpo, naquele trajecto: ele forte, apertando-a em seus braços, e ela confortável, submissa àquele embalo.
E ali ficavam no mar, flutuando ao sabor das pequenas ondas do mar, desprovidos das amarras gravíticas que sentiam quando estavam em terra.
Quando seus corpos se encontravam saciados da leveza que o mar lhes proporcionava, voltavam, da mesma forma que os tinha feito ali chegar: como um só corpo.
Imagino que dissessem palavras de amor enquanto caminhavam juntos. Sim, aquele “um só corpo”, era amor. Porque eu acredito no amor que resiste a cadeira de rodas e outras fatalidades da vida.
E tudo se parecia completar, como um lindo e perfeito puzzle, no momento em que duas raparigas, suponho suas filhas, não muito mais jovens que eu, se juntavam ao cenário. Aí, sim, era o cenário perfeito.
domingo, 20 de março de 2011
Limpeza de uma praia tailandesa
Ao que parece, a comunidade imigrante birmanesa não é bem aceite aqui, na Tailândia. É um assunto delicado. Aos birmaneses é-lhes restringida a deslocação livre pela Tailândia, a inscrição dos seus filhos em escolas tailandesas, e até (para nosso espanto), a sua concentração em grupo na rua. Ser-se birmanês, não é um bom cartão-de-visita por estes lados, está visto.
É neste cenário que organizações não-governamentais vão surgindo para ajudar na sua integração na sociedade tailandesa, nomeadamente a escola Grassroots Human Rights Education and Development (para a qual há dois meses enviei o meu CV para trabalhar como voluntária e ainda espero resposta :) Mas adiante...).
A WD, escola de mergulho que o R. frequenta, tem procurado ao longo dos anos desenvolver actividades conjuntas com esta escola. Tanto a nível de educação ambiental como proporcionando-lhes um dia diferente, longe da discriminação que sofrem por serem birmaneses. E assim, surgem vários workshops de reciclagem de lixo, workshops sobre a vida marinha da região, e limpezas periódicas de praias.
A última limpeza de praia realizou-se há dois dias e tive oportunidade de participar. Acho que me tinha dado muito bem a trabalhar com estes miudos, se tivesse sido aceite nesta escola como voluntária. Mas o Universo lá achou que nao :)
Afinal, afinal...
... Sempre vim fazer argamassa para a Tailândia :)
Talvez nem todos saibam, mas viemos para a Tailândia por mês e meio para o R. tirar um curso de Dive Master (guia de mergulho).
Enquanto ele "aprende a ser peixe", passo os meus dias a relaxar e sim, a apanhar muitos banhos de sol e mar, já que a minha tentativa de trabalhar como voluntária, por aqui, saiu furada.
O curso que o R. frequenta não abrange apenas as questões ligadas com o mergulho em si, mas também assuntos como "recuperação de ambientes de vida aquática", "ecologia", "solidariedade", alguns dos quais tive a oportunidade de participar. Primeiro, ajudando a construir um recife artificial para peixinhos e seus predadores :) , e depois ajudando numa limpeza de praia, em colaboração com uma escola de crianças birmanesas.
Já tinha saudades de "meter a mão na massa" (se bem que na obra nunca tive esta oportunidade). Os meus trabalhadores iriam ficar orgulhosíssimos de me verem de espátula para reboco na mão! Ah, se pelo menos o Sr. Henrique e o Sr. Manuel pudessem ver as fotos!
terça-feira, 15 de março de 2011
Thailand, land of contrasts
A Tailândia é um país de contrastes.
Se por um lado o seu sistema de separação e reciclagem de lixo chega a qualquer ilhota remota, por outro as ruas cheiram mal pelos mesmos caixotes não serem lavados com uma frequência desejável; se por um lado os autocarros turísticos que fazem a ligação de pequenas vilas a Banguecoque são do mais moderno, com duas WCs e hospedeiras a bordo, por outro é habitual ver quatro pessoas a andar em cima de uma mota e sem capacetes; se por um lado tem um hospital em Phuket de impressionar qualquer profissional de saúde português, por outro vêem-se bancas de rua a venderem espetadas, onde a carne crua se encontra à exposição de 30°C, à espera de ser comprada e finalmente colocada na grelha.
Para não falar que se por um lado o povo tailandês é do mais tolerante e calmo e sorridente que há ("Thailand, land of smiles"), por outro, quando ultrapassado o seu "limite de tolerância", é capaz de mostrar o pior que há em si. Como o Yin e o Yang: ora está tudo calmo, ora está tudo f*****!
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