sábado, 30 de maio de 2009

Uma questão de sorte


Não existe uma só realidade. Existem várias dependendo do país onde se está.
Quando não tinha trabalho aqui em Hamburgo, passava "mais tempo em casa", tempo esse que preenchia com leituras de sites e blogues. Lia de tudo. Dava mesmo a volta ao mundo!

Numa dessas minhas incursões mundiais, encontrei o Generación Y. Desde então consulto-o diariamente pois espero sempre pelo dia em que o texto relate como Carlos e Juan conseguiram alcançar a "liberdade". É um blogue que segundo o estado cubano, "não devia existir" porque é... "Incómodo"! Neste blogue Cuba é apresentada tal como é, por quem conhece a sua verdadeira realidade: uma cidadã cubana.

Todos os dias se fala sobre guerras com banhos de sangue. Umas bem conhecidas de todos, outras mais ou menos, porém o sentimento para quem lê sobre elas é sempre o mesmo: para quando o seu fim?
Porém, outras guerras, são mais... Subtis. São guerras em que não se vê propriamente o sangue, mas o sofrimento é demasiado. Ora passem os olhos pelo último post da Yoani Sánchez.

Tivemos ou não tivemos sorte de ter nascido onde nascemos...?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Hiiirrrrrraaaaaa !!!!!


Quando vou a Portugal, a história repete-se: viajamos no espaço e também na realidade. É uma sensação estranha, para dizer a verdade. Vamos em espírito de "relax", claro, e por isso é que nos parece que entramos noutra realidade. Família e amigos trabalham até tarde e por isso fazem-nos esperar (e desesperar contando minutos) até à hora de jantar, de um café à noite ou com sorte, de um lanche. Por isso, até lá, preenche-se o tempo com actividades que normalmente na nossa cidade nunca teríamos feito se nos encontrássemos a trabalhar.
Quando oiço as pessoas falarem do seu trabalho, também é interessante, volta a sensação de "viagem na realidade". Não há vez que viaje a Portugal e que não me pergunte "mas afinal, o que estou eu a fazer na Alemanha???".
A única explicação que dei sobre o meu trabalho aqui, foi por escrito, num destes giga-mails. Depois disso, poucas foram as vezes que o fiz contando. Parece que a partir do dia em que a missão de encontrar trabalho ficou cumprida, deixou de ser para mim (para os outros?) interessante de explicar melhor o que faço.
Da última vez que estive em Pt, alguém me fez a pergunta: "mas pelo menos estás a gostar?"
A distância tem destas coisas: passado algum tempo, contar a novidade com entusiasmo, desaparece. Porque para mim é novidade até à segunda, terceira semana. Mais do que isso, já não. E como só vos vejo "de vez em vez", torna-se difícil guardar o entusiasmo, para quando vos encontrar numa próxima vez, voltando a soltá-lo.
Mas a resposta à pergunta que todas as vezes me faço quando estou em Portugal, eu já a sei! Só me esqueço dela, por vezes. E é quando eu caminho pela nossa rua em Hamburgo, coberta pelas ramas das frondosas árvores de um verde forte, salteada por coelhos e esquilos à solta, ensurdecida pelo canto dos pássaros despertos pela Primavera, que volta à minha memória a resposta: "Ah! É por isto! E ainda pela oportunidade que me deram de trabalhar no projecto europeu! E ainda pelos amigos de várias culturas que me abriram seus braços! Pelo que me desenvolvi em diferentes línguas que falo agora fluentemente! Enfim, pelas portas que se abriram na minha vida".
Dois anos já terão passado em Agosto, e tudo, mas tudo o que passei até agora valeu a pena.
Quero voltar a viver aí. Vou voltar. Não com uma mala cheia de dinheiro, conduzindo um Mercedes :P mas sim com uma bagagem cheia de conhecimento que levo em minha mente e coração. Isso foi o que vim cá fazer: crescer.

E sabem que mais? Custou-me imenso escrever este texto... Está bonito, está... Qualquer dia, sei falar todas as línguas e nenhuma de jeito.
A semana passada comecei outro Tandem: português-espanhol. Não estava propriamente nos meus planos aprender espanhol (aperfeiçoar o meu portunhol, portanto!), mas a verdade é que não consigo dizer que não, quando sou abordada por alguém que quer aprender a língua de Camões. Não há nada a fazer, derreto-me toda!! Chama-se R., é meu colega de trabalho e vem do México. Hoy compré mi primero libro en español: "Cuentos cubanos" (Onelio Jorge Cardoso, Virgilio Piñera, y outros más)
E o tandem de indonésio (perguntam vocês)? O António Pitoyo regressou às origens, não há hipótese! E era bem "descomplicadinha", a língua indonésia. É que eu para ler espanhol, por exemplo, tenho de tentar produzir os sons das palavras, para conseguir perceber o sentido da frase, já que o que conheço dessa língua é a sua sonoridade. As palavras espanholas nao representam para mim qualquer significado, excepto aquelas que se escrevem da mesma maneira em português.
Aliás, até em português isso me acontece: a visualização de uma palavra, só por si, já não significa de imediato algo. É como se de uma descodificação se tratasse: as palavras passaram a ser um bolo de letras, que baralhadas e ordenadas de outra maneira, sei que darão mais palavras mas noutras línguas. Puf...! Só de pensar nesta baralhada de letras, os meus olhos reviram de cansaço. Vou mas é descansá-los...

Hasta!

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Carta ao Miguel


Olá, Miguel!
Sobre o quereres vir para a Alemanha trabalhares, existe uns quantos assuntos que deves ter em atenção:
O ideal é arranjares aí o trabalho e depois vires para cá. Nesse caso tens tudo na mão. O que te aconselho é tratares de escrever BEM o teu CV, bem como a carta de apresentação. Aconselho mesmo a consultares um profissional. Tem em atenção que aqui terás mais hipóteses se a tua carta for de "um futuro líder". Nós tugas, crescemos a ouvir os outros dizerem que não valemos nada, pois também eles cresceram assim, a ouvir isso deles (Ah! E claro a ouvir dizer que ser-se "Chico-Esperto" é que é bom... Enfim... ). Devemos ser o povo com a auto-estima mais em baixo que eu conheço! A consulta a um profissional de recrutamento de mão-de-obra vai ajudar-te a definir o teu perfil profissional e a poupar-te muito tempo! Não na carteira a curto mas sim a longo prazo.
O importante é tu começares a "tornar-te visível" no resto do mundo. Procura sites de recrutamento e põe o teu CV on-line. Mas um CV BEM ESCRITO, SEM ERROS, DIRECTO, 2 PÁGINAS no máximo, e mais o que o profissional te disser :) Foi num destes sites que me encontraram!
Muito importante: o ideal era inscreveres-te nos sites do país para onde queres ir. De preferência na língua deles, claro. Se não, coloca mesmo na língua inglesa (aqui começa logo a dificuldade em conseguir perceber o que pretendem, se não souberes a língua. Mas é assim mesmo, o mercado de trabalho internacional. Mostra o que vales e mostra que consegues ultrapassar essa primeira dificuldade).

Se estás a pensar em fazer as malas e vir na mesma sem trabalho, pensa duas vezes! Por várias razões: a crise já chegou aqui, sim, e veio com força! Neste momento um colega meu engenheiro electrotécnico da minha empresa, passa os dias à espera que lhe arranjem projectos. Ele vai todos os dias para a empresa e passa o dia na net, à espera... Não está fácil. Muitas grandes empresas estão MESMO à rasca.
Porém também aprendi que as grandes empresas estão sempre à procura de pessoal, mas não de "carne para encher chouriço". Procuram pessoas especiais (como eu, como tu...) que mostrem algo diferente e bom, pois a crise veio para ficar e eles querem pessoas inovadoras, capazes de fazer frente a uma crise.

Não sei qual é a tua área profissional, mas o que sei é na área da eng. civil. Se a tua experiência é em direcção de obra, e não falas a língua, esquece... Tens de mentalizar-te de que aqui, para esse lugar, não te safas. Se for na área de projecto, já tens bastantes hipóteses, falando inglês, claro.

Ainda sobre o caso de estares a pensar em fazer as malas e vires sem nada: atenção à assistência médica! Se já trabalhaste, a partir do dia em que deixas o trabalho tens direito a 6 meses de "caixa", em qualquer país da UE. Depois dos 6 meses estás por tua conta. Ainda não estamos como nos EUA que te deixam à porta do hospital a morrer se não tiveres seguro, mas não será agradável no fim do tratamento receberes uma conta exorbitante para pagares.
E pensas tu: "Hiii... 6 meses são mais do que suficientes para arranjar emprego!". NÃO, PODE NÃO SER. Isso pensava eu... :) Tens vários entraves: língua (o mais importante de todos), experiência profissional (que pode ser completamente diferente do que se faz em Portugal), custo de vida, e estares sozinho numa terra em que preferem fechar-se em casa do que ir conviver e beber um copo às 21h!!!

Bom, para terminar: faz o Trabalho de Casa. Lê bastante sobre este tema, procura bem na net e não falhes às recomendações que os sites de recrutamento te dão.
E se for para vires para fora, é para vir com tudo! É fortíssima a concorrência e é preciso saber mostrar o que de melhor temos! A meu ver é tudo uma questão de auto-estima portuguesa... Ainda não confirmei com ninguém esta minha teoria :P Ah! E um pouco de sorte. Mas essa, já não controlamos :)

Muito boa sorte!

bjs

Carta ao Nelson


Olá, Nelson!
Mas que bom, que vamos ter mais um tuga por terras de Hamburgo. Não podias ter sido melhor colocado!!!
Ora bem, vou responder às tuas perguntas, uma por uma, ok?

Se não te importares, então, gostava de te fazer umas perguntas :).
Não me importo nada, tomara eu que na altura tivesse feito o mesmo :D

Estou um bocado preocupado com a minha habituação
Vais estar na cidade alemã ideal para um tuga: diz-se que é a "cidade alemã mais portuguesa". Tens pastelarias, restaurantes, supermercados com produtos portugueses e até missa em português!!!! Somos uma comunidade muito bem integrada aqui. Ser-se português é quase como ter um "visto de bom atendimento".

da socialização

É importante vires com "mente aberta" para te integrares e isso só consegues se te quiseres dar com todos, ou seja, independente da nacionalidade. Aqui, não vale fechares-te na comunidade portuguesa!!! Se não acabas por te sentir em Portugal... Controlado :P

e do clima
hii.... Más notícias: não é como Londres, mas aqui chove bastante e faz frio. A neve, aguenta um dia e depois derrete :S mas quando está sol, torna-se muito bonita, a cidade...

É difícil criar laços com os alemães?
Tudo depende de ti! Conhecemos bastantes alemães da nossa idade e são impecáveis!!! Os mais velhos são um pouco rezingões, mas o pessoal novo é muito fixe.

informações relativas a alojamento

O meu namorado, na altura, não teve de tratar de nada, pois estava integrado no programa Leonardo da Vinci. Ficou na residência de estudante, que é o melhor!!! E era uma pechincha: 200€, se não me engano. Mas um quarto pequenino...

Vou dispor de cerca de 1400 euros por mês para sobreviver. É suficiente?
Mais do que suficiente! Com isso sobrevivemos nós os dois, no início desta aventura, e deu! E só ele é que trabalhava, pagando por uma casa de 50 m2 :D 600€ por mês (já estou a incluir água, electricidade e net). Procurar casa, não é fácil por aqui, aviso já! Pede para te arranjarem lugar na residência de estudantes. Senão, vai ser uma dor de cabeça. Andámos um mês à procura de apartamento!

Vou precisar de trabalhar num part-time para viver em Hamburgo?
Nada disso! só se fores um bebedolas e andares na noite todo o tempo! Nós damos-te umas dicas, onde comer bem, e baratinho :P

Finalmente, sabes que cia. de aviação disponibiliza os melhores preços para qualquer cidade de Portugal continental?
Olha, nós voamos sempre com a TAP. É das mais baratas e tem a vantagem de que é directo, o voo. São 3 horas de viagem, que se for na direcção de Portugal, poupas uma hora (fuso horário), e é espectacular. Ah! E dão comidinha quente. Já apanhei bilhetes da TAP a 110€ (pechincha, para o serviço que é) como também já paguei 250€. Depende das alturas, mas o ideal é procurares sempre com alguns MESES de antecedência! A publicidade que fazem aqui é que há voos desde 99€, mas ainda não apanhei nenhum assim.

Ah! Não te esqueças de trazer fotos tipo passe. Vais precisar para o passe de transportes públicos. É que é uma chatice perceber quais são as medidas que os gajos usam aqui...

Ok, acho que é tudo.

bjs!

Foto daqui. Gosto mesmo da TAP :)

terça-feira, 12 de maio de 2009

Em casa novamente!


Hmm... Os cheiros, os sabores, os ares, os sons. Mais uma vez, em casa :)