Escrevi
à minha amiga colombiana sobre os olhos tristes e sem esperança que vi
nos portugueses, aquando da minha última "fugida a Portugal". Ao que me
responde:
"Dile a todos los tuyos que el sol y la alegría de estar con portugueses no tienen precio".
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
domingo, 22 de janeiro de 2012
As coisas estão a mudar. E para melhor.
"Há dias, num jantar, um casal de sobrinhos de amigos, cursos superiores
no bolso e empregos mais ou menos tranquilos, contava animadamente o
projecto que o animava: interromper o percurso profissional de sucesso e
passar um ano a dar uma volta ao mundo. Tinham feito contas, pretendiam
uma viagem “low cost”, orçamentaram a operação de forma a não
ultrapassarem o dinheiro que, em três anos, pouparam para cumprir esta
vontade. E não o fizeram vivendo em casa dos pais, nada disso – pouparam
alugando casa (ou mesmo quarto), não comprando carro, fazendo férias
baratas em campismo, não investindo em gadjets da moda, poupando nas
noitadas no Bairro Alto.
Dito de forma simples: ao sonharem passar um ano a dar a volta ao Mundo, perceberam que o custo do sonho implicava alguns sacrifícios aparentemente difíceis de suportar aos 24, 25 anos. Tiveram de fazer uma escolha – e fizeram-na.
Quando me contaram o seu projecto estavam a um mês de partir. Este Natal, as famílias de ambos já não contaram com eles à mesa da consoada. Estarão algures na China ou no Brasil ou na Rússia, num percurso que vai constituir uma lição única de vida. Quando voltarem, daqui a um ano, talvez a crise tenha abrandado e recuperem as suas carreiras de sucesso. No limite, voltarão ao lugar de sempre, ou andarão aos papéis até encontrar trabalho. Nada que não pudesse ocorrer se acaso tivessem optado por ficar por cá.
O que me impressionou na tranquilidade com que este jovem casal me apresentou o seu projecto não foi a ideia em si – foi o termo de comparação com a minha geração, que não é assim tão distante, mas que cresceu e foi educada num sentido absolutamente díspar – ou em rigor, disparatado...
Cresci com um modelo de vida que não contemplava paragens de um ano para viajar, nem Erasmus para experimentar, nem o mundo literalmente na palma de mão. Era suposto, há 25 anos, tirar um curso, encontrar trabalho, casar, ter filhos, e depois sonhar com viagens, casas no campo, reformas douradas.
E estava tudo tão errado. O mundo é só um e a vida é só uma – mas ninguém foi capaz de nos explicar isso, e nós não tivemos a capacidade de perceber que a vida não tinha de começar aqui ou ali, a vida é dinâmica e cada um de nós pode construi-la como quer, trabalhando 24 horas por dia para depois poder passar seis meses num barco, adiando a maternidade para poder viver o prazer da descoberta profissional, ou planificando uns anos de vida dura para depois subir os Himalaias...
... A vida, na verdade, é um enorme caminho aberto que podemos mesmo concretizar como queremos. E a crise que atravessamos neste momento é a maior prova deste facto. De que serviu a poupança, ou o sacrifício para o crédito, ou aquele recuo profissional face ao risco? Serviu de nada. Tudo está em aberto – com a desvantagem de não termos no horizonte a sonhada volta ao mundo sem pensar nas consequências.
Tenho votos para 2012? Tenho: que sejamos todos mais livres de viver a vida como ela é – aberta, à nossa frente. Como um livro em branco."
(Pedro Rolo Duarte, daqui)
Dito de forma simples: ao sonharem passar um ano a dar a volta ao Mundo, perceberam que o custo do sonho implicava alguns sacrifícios aparentemente difíceis de suportar aos 24, 25 anos. Tiveram de fazer uma escolha – e fizeram-na.
Quando me contaram o seu projecto estavam a um mês de partir. Este Natal, as famílias de ambos já não contaram com eles à mesa da consoada. Estarão algures na China ou no Brasil ou na Rússia, num percurso que vai constituir uma lição única de vida. Quando voltarem, daqui a um ano, talvez a crise tenha abrandado e recuperem as suas carreiras de sucesso. No limite, voltarão ao lugar de sempre, ou andarão aos papéis até encontrar trabalho. Nada que não pudesse ocorrer se acaso tivessem optado por ficar por cá.
O que me impressionou na tranquilidade com que este jovem casal me apresentou o seu projecto não foi a ideia em si – foi o termo de comparação com a minha geração, que não é assim tão distante, mas que cresceu e foi educada num sentido absolutamente díspar – ou em rigor, disparatado...
Cresci com um modelo de vida que não contemplava paragens de um ano para viajar, nem Erasmus para experimentar, nem o mundo literalmente na palma de mão. Era suposto, há 25 anos, tirar um curso, encontrar trabalho, casar, ter filhos, e depois sonhar com viagens, casas no campo, reformas douradas.
E estava tudo tão errado. O mundo é só um e a vida é só uma – mas ninguém foi capaz de nos explicar isso, e nós não tivemos a capacidade de perceber que a vida não tinha de começar aqui ou ali, a vida é dinâmica e cada um de nós pode construi-la como quer, trabalhando 24 horas por dia para depois poder passar seis meses num barco, adiando a maternidade para poder viver o prazer da descoberta profissional, ou planificando uns anos de vida dura para depois subir os Himalaias...
... A vida, na verdade, é um enorme caminho aberto que podemos mesmo concretizar como queremos. E a crise que atravessamos neste momento é a maior prova deste facto. De que serviu a poupança, ou o sacrifício para o crédito, ou aquele recuo profissional face ao risco? Serviu de nada. Tudo está em aberto – com a desvantagem de não termos no horizonte a sonhada volta ao mundo sem pensar nas consequências.
Tenho votos para 2012? Tenho: que sejamos todos mais livres de viver a vida como ela é – aberta, à nossa frente. Como um livro em branco."
(Pedro Rolo Duarte, daqui)
sábado, 21 de janeiro de 2012
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
A verdade, é que me fartei!
No
outro dia o meu colega holandês H. (na casa dos 50) passou pelo meu
escritório para me desejar um feliz ano novo. Conversa puxa conversa,
nada difícil entre emigrantes, acabámos por falar da situação económica
da Europa. Queixava-se ele que no seu país as coisas andam impossíveis:
preços duplicaram desde a adesão ao Euro, especulação imobiliária
continua em grande (mais uma bolha prestes a explodir...), subsídio para
tudo e todos, etc.. E eu para os meus botões: "Onde é que eu já ouvi
esta história? Mas não era num país como a Holanda, caneco!". A conversa
fluiu e ele acabou por contar que já tinha aconselhado as filhas para continuarem com os
estudos, aprenderem outras línguas, arranjarem um bom emprego, e não
terem medo de emigrarem. E eu, "Go international, right?". Ao que ele me acenou positiva e vivamente com a cabeça. Nisto, não me controlei, e perguntei-lhe: "H., porque emigrou?". Ao que me responde, "Porque estava farto do meu país! E com as coisas que lá via..."
Na altura, há quatro anos, eu disse-o de outra maneira: "A verdade, é que me fartei!"
Parece que é comum, a todos os emigrantes, sejam eles portugueses, holandeses, chineses, mexicanos, etc. Todos nos fartámos um dia do nosso país.
(Que coisa triste de se sentir...)
António Variações sabia do que escrevia:
"Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se tens a vida em ti a latejar!"
Na altura, há quatro anos, eu disse-o de outra maneira: "A verdade, é que me fartei!"
Parece que é comum, a todos os emigrantes, sejam eles portugueses, holandeses, chineses, mexicanos, etc. Todos nos fartámos um dia do nosso país.
(Que coisa triste de se sentir...)
António Variações sabia do que escrevia:
"Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se tens a vida em ti a latejar!"
domingo, 8 de janeiro de 2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)