quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Esqueçam o cabrito!


Pois o que eu quero mesmo para a ceiade Natal é um bacalhau cozido com tudo a que ele tem direito incluído!

E mais só tenho a dizer que a mala se encontra pronta para apanhar o comboio até Estugarda onde se realizará a festa de Natal da minha empresa. E só para a outra semana irei até Portugal. Não me parece que venha a ter tempo para aqui postar o que quer que seja antes de 2010, por isso:

Feliz Natal cheio de momentos doces, rodeados por quem muito vos quer e já agora, "alguns" docitos :D

P.S.: para Portugal levo a mala de sempre vazia, e a mesma predisposição para ganhar um quilo por perna por semana, como sempre...

domingo, 6 de dezembro de 2009

TAUC em HH


O projecto já tinha dois anos. Foi pouco tempo depois de ter chegado a Hamburgo que decidi escrever o projecto "DIGRESSÃO ARTÍSTICO-CULTURAL DA T.A.U.C. A HAMBURGO".

Hamburgo é uma cidade deliciosa para qualquer português viver. As pastelarias, os super-mercados portugueses, a manhã domingueira na Lange Reihe, os bailaricos, as castanhadas e sardinhadas, etc.. Porém sentia, há dois anos atrás, que a cultura portuguesa nesta cidade se cingia a: futebol, pastéis de nata, galão e fado de Lisboa. Tinha chegado a hora de trazer cá algo mais: o Fado de Coimbra e pelas mãos da minha querida Tuna Académica da Universidade de Coimbra.

Novembro de 2009 foi o mês da concretização deste projecto.

Foram quatro dias que passaram num ápice!
Entre aeroporto, trânsito, hotel, locais de espectáculo, restaurantes, metro, barcos, caminhos à chuva, bares, cantos da cidade, foi óptimo poder estar com um grupo de amigos que eu conheço há anos. Gargalhadas, recordações, novidades da vida de cada um, piadas, sonhos, ansiedades. Tudo isto e muito mais partilhado entre nós os sete, em pleno Hamburgo. Hamburgo, cidade que me acolheu a mim e ao R. e a quem nós retribuímos, presenteando-a com uma parte da nossa cultura, da nossa cidade natal, de nós.

Mas a partilha não se ficou só entre nós os sete. Eu já sabia que o carinho das pessoas que ajudaram a concretizar esta digressão, mais o próprio público, iria estar sempre presente. E assim foi. O senhor alemão, que apertando a mão ao dono do restaurante onde se realizou um dos concertos, dizia: "Obrigado pela oportunidade de assistir a este espectáculo. Para quando mais?". Ou o outro que apartando o ombro de um dos organizadores, exclamada: "E eu que pensava que Fado só o de Lisboa, hei?!".
A salva de palmas, em ambos os espectáculos, foram longas. E com razão! O grupo actuou muito bem, conseguiu envolver o público com as diferentes canções e cativou a sua atenção com histórias (com tradutor em palco!) sobre os temas, traje, guitarra, etc..

Para mim? Para mim, os espectáculos foram apreciados de forma diferente de há 12 anos atrás. Confesso que foi uma mistura de duas sensações: a de egoísmo (a de poder usufruir o espectáculo, como parte do público, apenas e só) e a de partilha (para com todos aqueles "não-portugueses" que de alguma forma se sentem ligados à minha cultura, a quem eu só posso abrir os braços e dizer "bem-vindos a nossa casa"). E claro que foi uma choraminguice pegada... Quis lá eu saber? Estava em família :)

Meus queridos, voltem sempre! E tragam mais ;)

"E-mail à S."

Que ficou com a sensação de que não gostei do Dubai:

"Eu gostei muito de lá ir! O que escrevi sobre a diferença entre Dubai e Hamburgo, faz parte da recolha de "conclusões" da vida que tenho tentado retirar em todas as minhas experiências. Eu sou assim, tenho necessidade de escrever sobre as coisas em que penso. Não quer dizer que tenha sido a única conclusão que tenha tirado! Mas foi uma das mais importantes para mim, como ser humano! Não para mim, a Ana que emigrou para Hamburgo. Mas para a Ana, como pessoa.
Foi a porta de entrada para assuntos muito delicados como a existência de mão-de-obra escrava que sempre se soube que existia no Dubai, mas que nunca tinha visto com os meus olhos. Por vezes é preciso Ver / Sentir para se perceber do que falam / sentem os outros (aliás, mão-de-obra escrava existe no Dubai e até no nosso próprio país! Tive foi a oportunidade de a Ver no Dubai).
O texto que escrevi anda à volta de uma pergunta "Hamburgo ou Dubai?", sim. Mas é muito mais que uma pergunta de destino. Foi a minha maneira de pensar e de deitar cá para fora (em palavras) mais uma conclusão de como é o mundo - essa "coisa" tão grande e tão culturalmente diversa. E talvez mais um passo para eu entender "afinal, onde acabaremos nós por viver? Fora ou dentro de Portugal?" ;) "

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Hamburgo ou Dubai?




Todos que acompanham este blogue, todos aqueles que conseguem ler os meus mega-giga-super mails sobre a minha vivência por estas bandas, sabem que a minha vinda para a Alemanha tinha um propósito. Resumidamente foi com o intuito de aprender como se trabalhava num dos países "ditos" mais produtivos da Europa. Queria, fundamentalmente, perceber porque é que Portugal "estava como estava" e a Alemanha não...

Decidimos este ano encurtar o Inverno por terras frias e fazer férias em terras quentes. Fomos, como sabem, até ao Dubai.
Adorei o tempo lá passado com a L. e o N. que se esmeraram em nos mostrar o que de verdadeiro tem o Dubai, Abu Dabi, Oman e Fujairah (leia-se Fujeira ;) palavra portuguesa).

Esta viagem foi para mim muito interessante, gratificante e esclarecedora. Deu para perceber, finalmente, "porque é que nós, eu e o R., não conseguimos fazer dinheiro embora tenhamos emigrado para a Alemanha"!
Para os mais curiosos, não, um Mercedes não se compra após trabalhar apenas 5 anos na Alemanha :) Agora, no Dubai... A história já é outra. Provavelmente, a L. e o N. voltarão a Portugal com dinheiro na mão para comprar a pronto uma casa e ainda restar algum para recomeçar confortavelmente a vida por lá. Eu e o R.? Nem pensar :P

Façamos rapidamente umas contas, para o nosso caso: praticamente metade do que ganhamos fica nos impostos; para arranjar trabalho há que investir na formação (já lá vão quase 4.000€ em aulas de alemão mais 3.000€ para seminário em CAD felizmente pago pelo estado); gasolina a 1,5€/l (e não 0,13€ como no Dubai); seguro automóvel 600€/ano (do mais básico); viagens à terra para estar com amigos e família; etc...
Ainda no outro dia nos bateram à porta e perguntaram se tínhamos rádio em casa. Ao que respondemos "Claro que não!!" (já nos tinham avisado para não deixarem ninguém entrar em casa para verificar quantos rádio temos ou televisores. Azar dos azares, naquele dia, decidimos abrir a porta...). "Nisso, não acredito. Mas tem carro, não têm?", nosso pensamento: "já fomos..." Conclusão? Toca a pagar imposto por ouvir rádio no carro. E tivemos sorte porque o senhor até foi porreiro e não nos fez confessar que para além de ouvir no carro, ouvimos (sim, senhora!!) rádio em casa bem como televisão!! "Ah e tal, sabem, é o meu trabalho... Também tenho patrão a quem prestar contas... blá blá blá". Para além de pagar uma taxa anual de 72€/ano (ok, não é muito) ainda levámos em cima com os meses desde que temos o carro registado na Alemanha :S Quase 100€. E é assim, que as despesas crescem e crescem, e nós nem damos pelo dinheiro a sair da conta :)

A verdade é que há que perceber uma coisa. Algo que eu percebi com esta viagem. Todos temos um objectivo atrás do qual corremos atrás. E dependendo desse objectivo, "apuramos o nosso faro e corremos atrás do queijo".

Comparar os dois ambientes, na Alemanha e no Dubai, daria pano para manga. Mas o que vos queria dizer é que, os impostos que pagamos e que quase nos deixam lisos ao fim do mês, é o preço que se paga por uma certa segurança e conforto. Segurança de saberes que mesmo que fiques sem trabalho, o estado apoia-te financeiramente (ou pelo menos devia); conforto de poderes usufruir de uma rede de transportes públicos que te permitem deixar o carro em casa ou se preferires conduzir, teres uma rede rodoviária com nexo. No Dubai não pagas impostos, mas se tiveres alguma reclamação a fazer, esquece. Reclamar por uma rede de transportes públicos decente, no Dubai? Esquece. Se não pagas impostos, o que pensas tu que podes exigir? Não tens trabalho no Dubai, embora precises de dinheiro para alimentar a tua família? Esquece e volta mas é para a tua terra!

O que quero com este texto dizer é que tem de existir uma certa consciência das diferentes realidades / culturas do país onde queremos viver. Não existem situações perfeitas, porém, basta ser a situação que nós consideramos ser a melhor.

Sobre as férias em si?? Adorei. Paisagem belíssima, mente completamente "em férias", acompanhados sempre pelo carinho de quem nos recebeu, muita roupinha de Verão usada, e muitas obra espectaculares de engenharia civil vistas com os meus próprios olhos. Que mais poderia eu pedir para umas simples férias de Inverno?

Nota importante: informações sobre "procurar emprego no Dubai" não estão disponíveis neste blogue nem no mail a ele associado, tá?????