Como é a vida na Alemanha?
Depende
muito da nossa maneira de ser (se somos pessoas abertas a novas
culturas), da nossa formação (se temos um diploma de uma formação que é
precisa no mercado de trabalho), da nossa capacidade de falar outras
línguas (se aprender alemão nos dará algum gozo), da nossa expectativa
monetária (se pensamos que em 2 anos estamos a comprar o tal Mercedes),
etc..
A vida de imigrante pode não ser fácil se teimarmos em não nos
conformarmos que não estamos em casa, mas que é possível viver assim.
Longe de casa. Haverá sempre alguma coisa que "não está bem", que não
sabemos explicar o que é, e por isso, nos poderá tornar a vida menos
agradável num país estrangeiro. Que fazer? Aproveitar o tempo para
absorver o que a sociedade onde estamos inseridos tem de melhor. Ponto!
Não vale a pena viver a pensar no que funciona mal, no que funciona
melhor no nosso país.
O que me empurrou para sair do país foi a vontade de ver "mais", para além da nossa fronteira com Espanha.
Mas se pudesse, voltava para Portugal. "Se pudesse"... Eu posso, a
qualquer momento. É uma questão de escolha. Neste momento consegui o
trabalho que sempre sonhei. Ganho bem, tratam-me bem, trabalho num
projecto inovador, estou perto do marido e amigos (não tenho de mudar de
cidade). Conseguiria isso em Portugal? Não. Compensa estar longe da
família e amigos para poder ter este tipo trabalho?
Para mim, por enquanto sim.
Na verdade,
hoje em dia, compra-se um bilhete para Portugal a 98€, ida e volta,
directo. E é suficiente para matar as saudades, ir umas três vezes a Portugal, por ano? Para mim, não. Mesmo assim, pretendo continuar na Alemanha? Sim. Posso ter crescido a pensar que o futuro era um conjunto de certezas. Isso deu-me a segurança necessária para arriscar (se não funcionar,
sempre posso voltar atrás), e principalmente, deu-me equilíbrio
emocional para recuperar das rasteiras que a vida me pregou.
Porém, o mundo mudou. Aliás, está em constante mudança. O que demorava
décadas a mudar numa sociedade, há cem anos, hoje em dia demora uns...
Dois anos. A mudança tem sido a tal velocidade que apenas aqueles que
se tornam "flexíveis e adaptáveis", se safam. E não foi sempre assim? Posso
ter crescido a pensar que o futuro era um conjunto de certezas. Mas
hoje eu sei, que essa certeza já não existe e jamais vai voltar a
existir.
Invejo aqueles que podem usufruir da minha terra, no dia-a-dia: o cheiro do café nas ruas, o sol de Inverno, a noite negra repleta de
estrelas, o cheiro da flor de laranjeira numa noite de Verão, o orvalho
nos campos verdes, as ondas do mar.
Porém, cada emigrante carrega uma história. Uma
experiência. Cabe a cada um deixar-se passar pela experiência e tirar as
suas próprias conclusões. Pelo menos eu nunca correrei o risco de dizer
"se pelo menos eu tivesse tentado ir para outro país..." :)
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Com as tuas palavras senti-me voar e saborear a tua experiencia!
ResponderEliminarObrigada pela partilha :)
Nunca deixes de ser como és!
Gosto muito de ti
Muack