domingo, 2 de junho de 2013

Nem tudo é um mar de rosas


De um comentário meu neste blogue, faço um post:


"O optimismo inicial de se mudar de país, é normal: é um começar de novo, uma "segunda oportunidade", e tudo é novidade. A verdade é que pondo todas as experiências na balança, as boas ganham sempre. Não nos queremos de lembrar do dia em que alguém fingiu não ouvir a nossa pergunta, só porque somos estrangeiros e estamos de mochila às costas; não nos queremos lembrar do dia que nos confundiram com uma turca e nos abriram a porta do seu estabelecimento para sairmos; etc; e nem interessa porque percebemos que preconceitos existem em toda a parte do mundo, até no nosso país, mas só nos apercebemos quando nos encontramos na mesma situação de imigrante. E depois há a renda de 600€/mês que se paga por um apartamento de 50 m2, fora despesas de água e electricidade.
Não é um mar de rosas, mas até das más experiências se tira uma lição. Lição essa que nunca teríamos aprendido se continuássemos no nosso país, na mesma condição de há anos, acomodados. É uma "viagem ao nosso interior" e a verdade é que as pessoas vão para fora para "crescer". É isso que elas procuram, mesmo não sabendo :) E algumas apercebem-se que, afinal, não teria sido preciso sair do país para "crescerem". Outras encontram na terra que os acolhe o reconhecimento que não tiveram no seu país e pensam "ainda bem que saí".
Acredito que existam muitos casos em que as expectativas não foram de todo preenchidas, ao emigrarem, e esses talvez não se sintam à vontade de o partilharem. Talvez porque se associe isso a um "insucesso", já que todos que emigram dizem que vale a pena. E afinal, é para valer a pena! Quem é que gosta de contar à própria família que, passados 10 meses num país estrangeiro, ainda não encontrou trabalho? Ninguém. Quanto mais num blogue de relatos de pessoas desconhecidas, cujas experiências sao todas positivas.
Isto de se ser emigrante, tem muito que se lhe diga :) O importante é cada um ter a certeza do que quer e seguir a sua intuição. E ser feliz com essa decisão."

4 comentários:

  1. Este texto está cheio de verdades , sem dúvida , digo isto porque sou imigrante também

    ResponderEliminar
  2. Estou imigrado na Alemanha há 2 anos e estive durante 9 meses aí em Hamburgo. Cheguei, inclusivamente a estar uma vez convosco. Imigrar é crescer muito em pouco tempo, mas deixam-se muitas coisas literalmente para trás. Näo é uma experiênia sempre facil, mas ganham-se muitas historias para contar mais tarde. Conversas com gente de culturas e crencas diferentes. Tanta conversa até com taxistas de tantos cantos diferentes que näo me queriam deixar ir embora sem acabar o tema. Nesse aspecto é riquissímo, mas segundo a minha experiencia sentes, por exemplo, que tens uma casa, mas que näo estás em casa. E quando se vai a Portugal em férias, por exemplo, nada é a mesma coisa. Também já näo te sentes em casa.É muito estranho.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. :) Costumo fazer a seguinte comparação, quando alemães me perguntam se eu gosto de aqui viver: "Imagina que vais passar uns tempos a casa do teu melhor amigo. Por muito bom amigo que seja, a sua casa não é a tua. Mais semana, menos semana, acabas por querer voltar para a TUA casa."

      Eliminar
    2. O conceito "casa" para mim mudou bastante com a imigracäo. Passou a ser um qualquer local utópico, que näo sei bem onde será. Cá, näo é de certeza. Lá - näo consigo estar duas semanas seguidas. Também näo é lá. Deve ser num aeroporto ou numa estacäo de comboio qualquer.lol

      Eliminar