quarta-feira, 31 de outubro de 2012
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
Anita vai a Husum
Foi há um ano. O fato e a camisa encontravam-se lavados e pendurados na cadeira do quarto. Os sapatos pretos, novamente limpos, ao lado da porta do quarto. A mala (de cortiça!) com tudo o que poderia vir a precisar: bilhete de comboio, bilhete de entrada, CV em formatos A4 e flyer, listas das empresas a contactar, lista das pessoas das empresas a quem me dirigir.
Aquele nervoso miudinho na barriga: "EU, na maior feira mundial de energia eólica, apresentar-me a empresas, para conseguir um trabalho...?"
Aquela insegurança: "EU, uma directora de (pequenas) obras, com apenas dois anos e meio de experiência, numa feira alemã, para arranjar trabalho?"
Aquele medo: "EU, que nem bem alemão falo... Como é que eu me vou apresentar? Ai mãe...!"
Mas principalmente, aquela certeza: tem tudo para dar errado, mas também tem tudo para dar certo! Eu vou, e vou com TUDO!
Um ano depois, repito a viagem. Mas ainda faltam quatro dias. O fato e a camisa continuam lavados e pendurados, mas desta vez no guarda-fatos. Os sapatos ainda se encontram na caixa de cartão (espero que estejam limpos!). A mala, essa, não falha: acompanha-me em todas as minhas "viagens de negócios", e desta vez ainda está vazia. O bilhete de entrada encontra-se algures na carteira, entre as chaves de casa, porta-moedas, telemóveis, etc... As listas? Dei hoje uma olhadela no site, as mesmas empresas de sempre: Repower, Gamesa, Vestas, Nordex, e por aí fora!
Um ano passou e desta vez irei à mesma feira, mas não há procura de trabalho. Vou, simplesmente, a trabalho. Não terei de colocar máscara nenhuma nem preparar-me para vender o que quer que seja. Vou apenas. Sem pressões, sem medos, sem frios na barriga. Vou com a segurança de que foi nesta mesma feira que, há um ano, consegui. Não foi fácil. Não foi rápido. Porém, olhando para trás vejo que tudo aconteceu no timing certo :)
Ainda no escritório, depois de navegar no site da feira, desligo o computador. Pego no casaco e na carteira. Desligo as luzes e fecho a porta. Caminho pelos corredores da empresa. Lembro-me como se fosse ontem, o primeiro dia que vi aquelas paredes brancas com fotografias de torres eólicas. Desço os seis andares pelas escadas e aprecio a paisagem. O Parque da cidade começa a dar sinais da chegada do Inverno. Não importa. Consegui. Consegui o que me propus a fazer quando me mudei para a Alemanha. Por agora só tenho que agradecer pela vida que levo. Obrigada!
Aquele nervoso miudinho na barriga: "EU, na maior feira mundial de energia eólica, apresentar-me a empresas, para conseguir um trabalho...?"
Aquela insegurança: "EU, uma directora de (pequenas) obras, com apenas dois anos e meio de experiência, numa feira alemã, para arranjar trabalho?"
Aquele medo: "EU, que nem bem alemão falo... Como é que eu me vou apresentar? Ai mãe...!"
Mas principalmente, aquela certeza: tem tudo para dar errado, mas também tem tudo para dar certo! Eu vou, e vou com TUDO!
Um ano depois, repito a viagem. Mas ainda faltam quatro dias. O fato e a camisa continuam lavados e pendurados, mas desta vez no guarda-fatos. Os sapatos ainda se encontram na caixa de cartão (espero que estejam limpos!). A mala, essa, não falha: acompanha-me em todas as minhas "viagens de negócios", e desta vez ainda está vazia. O bilhete de entrada encontra-se algures na carteira, entre as chaves de casa, porta-moedas, telemóveis, etc... As listas? Dei hoje uma olhadela no site, as mesmas empresas de sempre: Repower, Gamesa, Vestas, Nordex, e por aí fora!
Um ano passou e desta vez irei à mesma feira, mas não há procura de trabalho. Vou, simplesmente, a trabalho. Não terei de colocar máscara nenhuma nem preparar-me para vender o que quer que seja. Vou apenas. Sem pressões, sem medos, sem frios na barriga. Vou com a segurança de que foi nesta mesma feira que, há um ano, consegui. Não foi fácil. Não foi rápido. Porém, olhando para trás vejo que tudo aconteceu no timing certo :)
Ainda no escritório, depois de navegar no site da feira, desligo o computador. Pego no casaco e na carteira. Desligo as luzes e fecho a porta. Caminho pelos corredores da empresa. Lembro-me como se fosse ontem, o primeiro dia que vi aquelas paredes brancas com fotografias de torres eólicas. Desço os seis andares pelas escadas e aprecio a paisagem. O Parque da cidade começa a dar sinais da chegada do Inverno. Não importa. Consegui. Consegui o que me propus a fazer quando me mudei para a Alemanha. Por agora só tenho que agradecer pela vida que levo. Obrigada!
domingo, 2 de setembro de 2012
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
domingo, 19 de agosto de 2012
A sinceridade I
"A verdade é um bem social, a sinceridade um bem egoísta"
Não me recordo onde ouvi esta frase, mas lembro-me dela várias vezes: onde fica a fronteira entre o bem social e o bem egoísta? Se por um lado nos pedem para ser sinceros e quando o somos imediatamente nos apercebemos que não o devíamos ter sido. E a verdade? O que torna a sinceridade em verdade e vice-versa?
Não me recordo onde ouvi esta frase, mas lembro-me dela várias vezes: onde fica a fronteira entre o bem social e o bem egoísta? Se por um lado nos pedem para ser sinceros e quando o somos imediatamente nos apercebemos que não o devíamos ter sido. E a verdade? O que torna a sinceridade em verdade e vice-versa?
...
É isso: vou mas é apanhar sol que assuntos como este levam o seu tempo a serem descodificados. Só temo que possa levar uma vida!
É isso: vou mas é apanhar sol que assuntos como este levam o seu tempo a serem descodificados. Só temo que possa levar uma vida!
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Hoje fui para o trabalho assim:
- "Bom dia, Sr. Ana. Hoje temos para si um Audi A3 Cabrio. Divirta-se e aproveite!"
- "Ah... Isso é um carro rápido, é?"
p.s.: A ignorância é algo que nos pode trazer boas surpresas :)
domingo, 22 de julho de 2012
domingo, 17 de junho de 2012
O dia-a-dia no estaleiro
Oito
da manhã, e o escritório já bomba com telefones a tocar, fotocopiadora a
trabalhar, pessoal a vestir o equipamento de segurança, portas a abrir e
a fechar. Nove da manhã, reunião diária com todos os departamentos:
fundações, turbinas eólicas, cablagem eléctrica, logística marítima.
Meio-dia,
almoço na cantina rico em gordura e molhos, um verdadeiro banquete para
os que trabalham no porto no transporte de mercadorias. Depois de
almoço, reuniões e mais reuniões. Quatro da tarde, tempo para uma pausa e
bebe-se um café ou um chá. Cinco da tarde, os olhos começam a fraquejar
em frente ao computador. Mas ainda faltam duas horas até todo o pessoal
ter despachado as suas tarefas (afinal, queremos esperar uns pelos
outros para jantarmos juntos). Sete da tarde, "Então, onde vamos
jantar?". Oito e meia da noite, despachado o jantar em mais um
restaurante, alguém anuncia "A I. convidou-nos a ir beber umas cervejas a
casa dela. Passamos lá a caminho do hotel?". Uma da manhã, aterramos na cama.
No dia seguinte, recomeça tudo de novo. O despertador toca às sete menos um quarto. Sete e um quarto tomamos pequeno-almoço juntos no restaurante do hotel. Meia hora para comermos e falarmos de algo sem ser de trabalho. "Daqui a dez minutos na recepção. Vou só lavar os dentes." Oito menos um quarto entramos no carro e todos se queixam que precisavam de ter dormido um pouco mais. "Vai ser hoje!", prometemos todos e do banco de trás sai uma gargalhada.
No dia seguinte, recomeça tudo de novo. O despertador toca às sete menos um quarto. Sete e um quarto tomamos pequeno-almoço juntos no restaurante do hotel. Meia hora para comermos e falarmos de algo sem ser de trabalho. "Daqui a dez minutos na recepção. Vou só lavar os dentes." Oito menos um quarto entramos no carro e todos se queixam que precisavam de ter dormido um pouco mais. "Vai ser hoje!", prometemos todos e do banco de trás sai uma gargalhada.
domingo, 3 de junho de 2012
Diálogo entre dois emigrantes
Emigrante alemão a viver no Reino Unido: - "Depois de dois anos a viver no Reino Unido, concluo que os ingleses são pessoas muito estranhas..."
Emigrante portuguesa a viver na Alemanha: - "Depois de cinco anos a viver na Alemanha, para mim, os alemães é que são pessoas muito estranhas. E conheço uma emigrante alemã a viver em Portugal que diz que os portugueses também são muito estranhos..."
E fez-se silêncio.
Emigrante portuguesa a viver na Alemanha: - "Depois de cinco anos a viver na Alemanha, para mim, os alemães é que são pessoas muito estranhas. E conheço uma emigrante alemã a viver em Portugal que diz que os portugueses também são muito estranhos..."
E fez-se silêncio.
domingo, 22 de abril de 2012
São mesmo uma delícia!
As minhas idas ao estaleiro, na cidade portuária onde passaremos a atracar o nosso "barco-plataforma" para construirmos as torres eólicas, são sempre cheias de boa disposição. A camaradagem é mesmo "de obra" (quem é / foi director de obra, sabe do que falo!). Tirando a cena de cada um trabalhar para si...
Desta vez, decidi levar uma prendinha para os trinta colegas: pastelaria portuguesa. Comprei uns bolos e cortei-os de tal maneira a parecerem vários mas em miniatura ;) Distribui numa travessa e deixei na cozinha, como por aqui é hábito fazer quando se traz algo que se quer partilhar com o colegas.
Deram uns cinquenta pedacinhos. Ok, quarenta e oito depois de eu comer dois :)
Passado uma hora, começo a perguntar a cada colega que encontrava casualmente no corredor, se já tinha provado os bolinhos portugueses que tinha trazido. A resposta era sempre a mesma: "Não... Já não há!"
"Como assim, já não há??? Deixei-os há uma hora na cozinha!"
Fui verificar e realmente só tinham sobrado migalhas...
Passa um colega por mim e pergunto "chegaste a provar os bolinhos portugueses?". Ao que me responde "Não. Alguns comentaram comigo que havia bolinhos lá mas eu não cheguei sequer a ver a travessa."
Passado um bocado, encontro a secretária que me diz: "Vê lá tu que fui dar com a travessa dos teus bolos na secretária do P.! Estava a comê-los sozinho e ainda teve a lata de me dizer:
São mesmo uma delícia!"
p.s.: Nada disso! O P. não é alemão. É dinamarquês :)
Desta vez, decidi levar uma prendinha para os trinta colegas: pastelaria portuguesa. Comprei uns bolos e cortei-os de tal maneira a parecerem vários mas em miniatura ;) Distribui numa travessa e deixei na cozinha, como por aqui é hábito fazer quando se traz algo que se quer partilhar com o colegas.
Deram uns cinquenta pedacinhos. Ok, quarenta e oito depois de eu comer dois :)
Passado uma hora, começo a perguntar a cada colega que encontrava casualmente no corredor, se já tinha provado os bolinhos portugueses que tinha trazido. A resposta era sempre a mesma: "Não... Já não há!"
"Como assim, já não há??? Deixei-os há uma hora na cozinha!"
Fui verificar e realmente só tinham sobrado migalhas...
Passa um colega por mim e pergunto "chegaste a provar os bolinhos portugueses?". Ao que me responde "Não. Alguns comentaram comigo que havia bolinhos lá mas eu não cheguei sequer a ver a travessa."
Passado um bocado, encontro a secretária que me diz: "Vê lá tu que fui dar com a travessa dos teus bolos na secretária do P.! Estava a comê-los sozinho e ainda teve a lata de me dizer:
São mesmo uma delícia!"
p.s.: Nada disso! O P. não é alemão. É dinamarquês :)
Iniciativa alemã
Quando me mudei para a Alemanha, vim sem quaisquer preconceitos. Ouvia em Portugal "Hii... Vais mudar-te para a Alemanha? Os gajos são distantes e frios...". Nunca liguei a esses comentários. E ainda bem.
Os preconceitos não nos deixam ver com clareza, são como palas nos olhos indicando apenas uma direcção.
Depois de alguns meses a trabalhar num ambiente maioritariamente alemão (tipo... em 50 somos 7 estrangeiros) não posso dizer que têm sido meses fáceis. Houve um ou outro mail em alemão que escrevi e que a pessoa que recebeu não percebeu; houve aquela conversa em alemão que não consegui transmitir o que precisava e tive de mudar para inglês; houve aquela indicação que não entendi bem e fiz de maneira diferente ao que se esperava; etc... Coisas normais de um imigrante! (Nada de pânico, foram situações normalíssimas na vida de um imigrante. E na verdade, os colegas reagiram bem e quase sempre até deu direito a umas gargalhadas!).
Porém, o que realmente me andava a incomodar e a dar comigo em doida, era eu não conseguir que a equipa me comunicasse a informação de que eu tinha solicitado, em diversas ocasiões. Mandava mail, pedia pessoalmente, voltava a recordar, e nada... Meses a pensar: "Que estarei eu a fazer de errado?" E depois de comentar com alguns colegas esta minha frustração, todos me respondiam "Não é nada pessoal, Ana! Temos é muito que fazer e estamos muito stressados com o trabalho...".
Embora várias tivessem sido as vezes que tivesse dito aos meus colegas de que a tarefa X era da minha responsabilidade, há três semanas atrás, apercebo-me de que estavam mais dois colegas a trabalhar nessa mesma tarefa. Na minha tarefa. Mas sem terem comunicado um ao outro de que a estavam a fazer. Sim, mesmo depois de eu, durante uns quatro meses tenha repetido que era a MINHA tarefa. E o que eu acho mais incrível é que as suas mesas de trabalho estão viradas uma para a outra!!!
Esta maneira de trabalhar, sem ser em equipa, pode transformar o dia-a-dia no escritório desgastante e frustrante... Vê-los a trabalhar cada um por si e para si, sem pensarem no Todo, nos objectivos comuns. Pensa-se no EU / MEU trabalho. E como portuguesa, que adora comunicar, se interessa pelo que cada um faz na empresa, devo dizer que a adaptação tem demorado mais tempo do que estava à espera. Mas, ao que parece não sou a única! Os próprios colegas alemães, por vezes queixam-se do mesmo, mas em relação aos outros colegas ;)
Hoje li um parágrafo numa revista sobre "international business skills" que dizia o seguinte:
"I have done many such profiles with German-speakers and have notice the low priority that they often give to flexibility of communication style. Many German-speakers see great flexibility as a sign of superficiality and "playing games". The key feedback I give them is that international partners may see this inflexibility as a sign of arrogance." (*)
Plimmm! Fez-se luz! É isto o que eu sinto no meu dia-a-dia no trabalho: uma falta de comunicação impressionante entre os colegas de equipa. Não se interessam por saber o que o colega faz ou se o trabalho que desenvolvem é útil para mais alguém. À primeira vista poder-se-ia mesmo dizer que "estão-se a marimbar para o trabalho dos outros" e o que interessa é o EU / MEU. Tal como eu pensei há dias atrás.
E depois vem uma frase como esta (*) que nos tira o peso de cima de nós. Aquele peso que nos faz pensar que estamos a fazer algo de errado, a cada nega e indiferença dos colegas.
Puf! Afinal, é mesmo uma diferença cultural. São assim, faz parte da sua maneira de ser, da sua cultura, e só depois de entendermos e aceitarmos isso, podemos ver as mesmas situações de outra perspectiva: "Ok, não foi nada de errado que escrevi no mail, não foi nada de errado que eu disse na reunião, não foi o não ter sorrido naquela manhã. É assim que funcionam".
No fim disto tudo tenho a dizer que, por alguma razão se criam os preconceitos. O importante é o que fazemos com eles, a importância que lhes damos. NÃO julgar tem sido uma regra de ouro na minha vida que eu quero continuar a manter. A "ideias preconcebidas" podem-nos ajudar a entender melhor o Outro, neste caso, uma outra cultura. Mas não nos dá o direito de julgar apenas pela negativa. Há que aceitar e sermos cada vez mais flexíveis, tolerantes. Esse é o caminho que acredito que tem de ser feito.
E mais há a dizer! Admiro nestes "gajos" pela a iniciativa que têm. Aliás, a situação de estarem três pessoas a trabalharem na mesma tarefa, sem ninguém saber, deve-se a esse facto. Não esperam por ninguém para lhes dizer o que têm de fazer. Nisso, temos de "lhes tirar o chapéu" e dizer: tivéssemos um pouco mais disso em nós, e o hífen já nao era necessário "tirar-se"!
Os preconceitos não nos deixam ver com clareza, são como palas nos olhos indicando apenas uma direcção.
Depois de alguns meses a trabalhar num ambiente maioritariamente alemão (tipo... em 50 somos 7 estrangeiros) não posso dizer que têm sido meses fáceis. Houve um ou outro mail em alemão que escrevi e que a pessoa que recebeu não percebeu; houve aquela conversa em alemão que não consegui transmitir o que precisava e tive de mudar para inglês; houve aquela indicação que não entendi bem e fiz de maneira diferente ao que se esperava; etc... Coisas normais de um imigrante! (Nada de pânico, foram situações normalíssimas na vida de um imigrante. E na verdade, os colegas reagiram bem e quase sempre até deu direito a umas gargalhadas!).
Porém, o que realmente me andava a incomodar e a dar comigo em doida, era eu não conseguir que a equipa me comunicasse a informação de que eu tinha solicitado, em diversas ocasiões. Mandava mail, pedia pessoalmente, voltava a recordar, e nada... Meses a pensar: "Que estarei eu a fazer de errado?" E depois de comentar com alguns colegas esta minha frustração, todos me respondiam "Não é nada pessoal, Ana! Temos é muito que fazer e estamos muito stressados com o trabalho...".
Embora várias tivessem sido as vezes que tivesse dito aos meus colegas de que a tarefa X era da minha responsabilidade, há três semanas atrás, apercebo-me de que estavam mais dois colegas a trabalhar nessa mesma tarefa. Na minha tarefa. Mas sem terem comunicado um ao outro de que a estavam a fazer. Sim, mesmo depois de eu, durante uns quatro meses tenha repetido que era a MINHA tarefa. E o que eu acho mais incrível é que as suas mesas de trabalho estão viradas uma para a outra!!!
Esta maneira de trabalhar, sem ser em equipa, pode transformar o dia-a-dia no escritório desgastante e frustrante... Vê-los a trabalhar cada um por si e para si, sem pensarem no Todo, nos objectivos comuns. Pensa-se no EU / MEU trabalho. E como portuguesa, que adora comunicar, se interessa pelo que cada um faz na empresa, devo dizer que a adaptação tem demorado mais tempo do que estava à espera. Mas, ao que parece não sou a única! Os próprios colegas alemães, por vezes queixam-se do mesmo, mas em relação aos outros colegas ;)
Hoje li um parágrafo numa revista sobre "international business skills" que dizia o seguinte:
"I have done many such profiles with German-speakers and have notice the low priority that they often give to flexibility of communication style. Many German-speakers see great flexibility as a sign of superficiality and "playing games". The key feedback I give them is that international partners may see this inflexibility as a sign of arrogance." (*)
Plimmm! Fez-se luz! É isto o que eu sinto no meu dia-a-dia no trabalho: uma falta de comunicação impressionante entre os colegas de equipa. Não se interessam por saber o que o colega faz ou se o trabalho que desenvolvem é útil para mais alguém. À primeira vista poder-se-ia mesmo dizer que "estão-se a marimbar para o trabalho dos outros" e o que interessa é o EU / MEU. Tal como eu pensei há dias atrás.
E depois vem uma frase como esta (*) que nos tira o peso de cima de nós. Aquele peso que nos faz pensar que estamos a fazer algo de errado, a cada nega e indiferença dos colegas.
Puf! Afinal, é mesmo uma diferença cultural. São assim, faz parte da sua maneira de ser, da sua cultura, e só depois de entendermos e aceitarmos isso, podemos ver as mesmas situações de outra perspectiva: "Ok, não foi nada de errado que escrevi no mail, não foi nada de errado que eu disse na reunião, não foi o não ter sorrido naquela manhã. É assim que funcionam".
No fim disto tudo tenho a dizer que, por alguma razão se criam os preconceitos. O importante é o que fazemos com eles, a importância que lhes damos. NÃO julgar tem sido uma regra de ouro na minha vida que eu quero continuar a manter. A "ideias preconcebidas" podem-nos ajudar a entender melhor o Outro, neste caso, uma outra cultura. Mas não nos dá o direito de julgar apenas pela negativa. Há que aceitar e sermos cada vez mais flexíveis, tolerantes. Esse é o caminho que acredito que tem de ser feito.
E mais há a dizer! Admiro nestes "gajos" pela a iniciativa que têm. Aliás, a situação de estarem três pessoas a trabalharem na mesma tarefa, sem ninguém saber, deve-se a esse facto. Não esperam por ninguém para lhes dizer o que têm de fazer. Nisso, temos de "lhes tirar o chapéu" e dizer: tivéssemos um pouco mais disso em nós, e o hífen já nao era necessário "tirar-se"!
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trabalho na Alemanha
domingo, 15 de abril de 2012
quarta-feira, 7 de março de 2012
Status da minha vida pelas palavras da L.:
Férias
em PT com o R., trabalhito a correr bem, alemão a melhorar, alimentação
saudável, a fazer desporto, sem medo de por a cabeça de água e nada de celulite!!! Que maravilha! :) :)
sábado, 3 de março de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
O que é que se responde a uma alemã que nos pergunta:
"Mas que raio estás tu a fazer na Alemanha, se no teu país existe uma melhor qualidade de vida??
Sim, porque eu estive em Portugal e foi maravilhoso: fruta e peixe frescos e saborosos, todos os dias! Quando chegámos à Alemanha
tomámos a decisão de continuar a comer como comemos em Portugal: bem, saudável.
Fomos ao supermercado e foi uma desilusão: a fruta não sabe a
nada e é cara; o peixe é horrível e também caríssimo! Como é que tu
sobrevives aqui??"
domingo, 19 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
O Grito da Gaivota I
Chegada
a casa, depois do nosso lanche, S., corri para o Lendas e Legendas em busca
de um texto escrito por mim, em Junho de 2009. O tempo passa e é verdade
que nos esquecemos de momentos menos bons da nossa vida. Mas penso que
faz parte do ser humano, esquecer, como mecanismo de defesa...
E para isso servem os blogues. Para deixar guardado, algures, os momentos que não podemos esquecer. Pelo menos o meu, para mim :)
E o texto é para ti, S.:
"Foi neste livro que encontrei por escrito sensações e sentimentos em relação à língua alemã. Quer dizer, não é propriamente em relação ao alemão, em si... Agora o entendo. É em relação a qualquer língua que não se saiba, não se domine.
Emmanuelle escreve:
"As pessoas dizem-me: "Fala, fala, nós compreendemos", mas de momento sei que não é assim, a não ser no seio da família."
"À saída sentimos uma exigente necessidade de recuperar. A necessidade de estarmos juntos, de falar entre nós. De recuperar não só tempo perdido durante o dia com os que ouvem, mas a nossa língua, a nossa identidade."
"Não precisar de me estafar na tentativa de falar oralmente. Reencontrar as mãos, o à-vontade, os gestos que voam, que falam sem esforço, sem constrangimento. Os movimentos do corpo, a expressão dos olhos, que falam. De súbito desaparecem as frustrações."
É isto mesmo! A comunicação é o veículo para a integração de alguém em qualquer ambiente. Tanta vez senti isto e nunca o soube "escrever". Diziam-me: "o teu problema é que em casa falas português..."; "ah... o teu problema é que não te esforças...".
Por tantas vezes queria simplesmente engoli-los, os que me diziam coisas destas! O problema... Para quem desde o primeiro dia que pôs os pés nesta terra ainda não parou de ter aulas de alemão, para quem deixa de falar em inglês com quem também o fala para poder treinar o alemão, para quem acha a língua alemã desagradável ao ouvido, para quem foi obrigado a aprender a língua para poder abrir algumas portas na sua vida, para quem escolheu engenharia porque não tinha jeito para línguas, é... Simplesmente sentir que é uma barreira, o não conseguir-se comunicar para voltar a estabelecer laços afectivos, de que tanto precisa, para viver como ser humano.
Mas isto, essa fase da minha vida, agora já passou! ;)
Emmanuelle é surda. E ao ler o seu livro percebi o significado de se ser surdo. Emmanuelle explica: "O termo "surda-muda" continua a espantar-me. Mudo significa que não se tem o dom da palavra. As pessoas vêem-me como alguém que não utiliza a palavra. É absurdo! Eu uso. Tanto com as mãos como com a boca. Faço gestos e falo francês. Utilizar a língua gestual não significa que se seja mudo. Posso falar, gritar, rir, chorar, são sons que me saem da garganta. Não me cortaram a língua! Tenho uma voz esquisita, mais nada."
Comunicação.
Os surdos, simplesmente são bilíngues (aqueles que tem a sorte de aprender as duas línguas): a língua gestual que utilizam para comunicar sem sons, e a língua do país onde nasceram para poderem ler e escrever. São fantásticos! Eu considero que falo bem inglês. Mas não posso dizer que sou bilíngue!
O livro é delicioso de se ler. Dá-nos uma noção do que é ter-se nascido surdo e que obstáculos têm de ultrapassar no "nosso mundo", o mundo dos ouvintes."
(Eu in Lendas e Legendas, 07/06/2099)
E para isso servem os blogues. Para deixar guardado, algures, os momentos que não podemos esquecer. Pelo menos o meu, para mim :)
E o texto é para ti, S.:
"Foi neste livro que encontrei por escrito sensações e sentimentos em relação à língua alemã. Quer dizer, não é propriamente em relação ao alemão, em si... Agora o entendo. É em relação a qualquer língua que não se saiba, não se domine.
Emmanuelle escreve:
"As pessoas dizem-me: "Fala, fala, nós compreendemos", mas de momento sei que não é assim, a não ser no seio da família."
"À saída sentimos uma exigente necessidade de recuperar. A necessidade de estarmos juntos, de falar entre nós. De recuperar não só tempo perdido durante o dia com os que ouvem, mas a nossa língua, a nossa identidade."
"Não precisar de me estafar na tentativa de falar oralmente. Reencontrar as mãos, o à-vontade, os gestos que voam, que falam sem esforço, sem constrangimento. Os movimentos do corpo, a expressão dos olhos, que falam. De súbito desaparecem as frustrações."
É isto mesmo! A comunicação é o veículo para a integração de alguém em qualquer ambiente. Tanta vez senti isto e nunca o soube "escrever". Diziam-me: "o teu problema é que em casa falas português..."; "ah... o teu problema é que não te esforças...".
Por tantas vezes queria simplesmente engoli-los, os que me diziam coisas destas! O problema... Para quem desde o primeiro dia que pôs os pés nesta terra ainda não parou de ter aulas de alemão, para quem deixa de falar em inglês com quem também o fala para poder treinar o alemão, para quem acha a língua alemã desagradável ao ouvido, para quem foi obrigado a aprender a língua para poder abrir algumas portas na sua vida, para quem escolheu engenharia porque não tinha jeito para línguas, é... Simplesmente sentir que é uma barreira, o não conseguir-se comunicar para voltar a estabelecer laços afectivos, de que tanto precisa, para viver como ser humano.
Mas isto, essa fase da minha vida, agora já passou! ;)
Emmanuelle é surda. E ao ler o seu livro percebi o significado de se ser surdo. Emmanuelle explica: "O termo "surda-muda" continua a espantar-me. Mudo significa que não se tem o dom da palavra. As pessoas vêem-me como alguém que não utiliza a palavra. É absurdo! Eu uso. Tanto com as mãos como com a boca. Faço gestos e falo francês. Utilizar a língua gestual não significa que se seja mudo. Posso falar, gritar, rir, chorar, são sons que me saem da garganta. Não me cortaram a língua! Tenho uma voz esquisita, mais nada."
Comunicação.
Os surdos, simplesmente são bilíngues (aqueles que tem a sorte de aprender as duas línguas): a língua gestual que utilizam para comunicar sem sons, e a língua do país onde nasceram para poderem ler e escrever. São fantásticos! Eu considero que falo bem inglês. Mas não posso dizer que sou bilíngue!
O livro é delicioso de se ler. Dá-nos uma noção do que é ter-se nascido surdo e que obstáculos têm de ultrapassar no "nosso mundo", o mundo dos ouvintes."
(Eu in Lendas e Legendas, 07/06/2099)
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
"Não era...
... mordê-los a todos e mandá-los para Marte???"
p.s.: Desculpem, é mesmo uma private que eu tinha de deixar registada :)
p.s.: Desculpem, é mesmo uma private que eu tinha de deixar registada :)
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Estou a ficar alemã...
Cena 1: Chegada a Lisboa, na bilheteira da CP, com dois amigos que encontrei ainda no aeroporto de Hamburgo, e uma fila de dez pessoas atrás de nós.
Ana: - "São três bilhetes para Coimbra, por favor."
Amigo da Ana: - "Olhe, este cartão X aqui dá desconto no meu bilhete?"
Vendedor: - "Não. Mas se tivesse o cartão Y dava. Sabe que o cartão Y tem a vantagem de .... blá blá blá. O cartão X só dá para... blá blá blá. Com o cartão Y poderia... blá blá blá..."
Ana (preocupada com as dez pessoas atrás de nós): - "Pronto, deixe lá isso. Venda lá os três bilhetes normais."
Vendedor (com cara de quase ofendido): - "Desculpe, por estar a fazer o meu trabalho, que é informar os utentes."
Ana (com cara de aflita): - "Desculpe. Tem toda a razão. Mas é que podem estar pessoas atrás de nós que precisem de apanhar um comboio em poucos minutos..."
Vendedor (com cara de "escusas de pedir desculpa, pois já o disseste!"): - "Pois. Aqui tem os bilhetes."
Ana (a pensar e com remorsos): - "Coitado do senhor... Ele a ser simpático e eu a querer despachar-nos por causa dos que estavam atrás..."
Cena 2: Já em Coimbra, a pagar numa bomba de gasolina, depois de atestar o carro.
Ana (a escrever o seguinte SMS à S.: Então, onde é o café logo à noite?) : - "Bomba 2."
Vendedora: - "Tem cartão Galp?"
Ana (ainda a tentar acabar o SMS): - "Não."
Vendedora: - "E não quer? Dá descontos!"
Ana (a pensar "bolas que ainda não consegui acabar de escrever o SMS"): - "Não."
Vendedora (com cara de poucos amigos): - "Desculpe por estar a fazer o meu trabalho que é também informar... Aqui tem o recibo."
Ana (a pensar e com remorsos): - "Bolas, é a segunda vez desde que cá cheguei! Mas, estou a dizer alguma coisa de mal? Será que o meu português não é igual ao deles? Eu só não queria o cartão! Mas... Como é que isso se diz, afinal?..."
Aaahhhhhhhh!!!!!! Estou a ficar alemã.. HILFE!!!!!!
p.s.: Não se é de onde se vem, nem se é de onde se está. E agora...?
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Recado ao portugueses de uma colombiana
Escrevi
à minha amiga colombiana sobre os olhos tristes e sem esperança que vi
nos portugueses, aquando da minha última "fugida a Portugal". Ao que me
responde:
"Dile a todos los tuyos que el sol y la alegría de estar con portugueses no tienen precio".
"Dile a todos los tuyos que el sol y la alegría de estar con portugueses no tienen precio".
domingo, 22 de janeiro de 2012
As coisas estão a mudar. E para melhor.
"Há dias, num jantar, um casal de sobrinhos de amigos, cursos superiores
no bolso e empregos mais ou menos tranquilos, contava animadamente o
projecto que o animava: interromper o percurso profissional de sucesso e
passar um ano a dar uma volta ao mundo. Tinham feito contas, pretendiam
uma viagem “low cost”, orçamentaram a operação de forma a não
ultrapassarem o dinheiro que, em três anos, pouparam para cumprir esta
vontade. E não o fizeram vivendo em casa dos pais, nada disso – pouparam
alugando casa (ou mesmo quarto), não comprando carro, fazendo férias
baratas em campismo, não investindo em gadjets da moda, poupando nas
noitadas no Bairro Alto.
Dito de forma simples: ao sonharem passar um ano a dar a volta ao Mundo, perceberam que o custo do sonho implicava alguns sacrifícios aparentemente difíceis de suportar aos 24, 25 anos. Tiveram de fazer uma escolha – e fizeram-na.
Quando me contaram o seu projecto estavam a um mês de partir. Este Natal, as famílias de ambos já não contaram com eles à mesa da consoada. Estarão algures na China ou no Brasil ou na Rússia, num percurso que vai constituir uma lição única de vida. Quando voltarem, daqui a um ano, talvez a crise tenha abrandado e recuperem as suas carreiras de sucesso. No limite, voltarão ao lugar de sempre, ou andarão aos papéis até encontrar trabalho. Nada que não pudesse ocorrer se acaso tivessem optado por ficar por cá.
O que me impressionou na tranquilidade com que este jovem casal me apresentou o seu projecto não foi a ideia em si – foi o termo de comparação com a minha geração, que não é assim tão distante, mas que cresceu e foi educada num sentido absolutamente díspar – ou em rigor, disparatado...
Cresci com um modelo de vida que não contemplava paragens de um ano para viajar, nem Erasmus para experimentar, nem o mundo literalmente na palma de mão. Era suposto, há 25 anos, tirar um curso, encontrar trabalho, casar, ter filhos, e depois sonhar com viagens, casas no campo, reformas douradas.
E estava tudo tão errado. O mundo é só um e a vida é só uma – mas ninguém foi capaz de nos explicar isso, e nós não tivemos a capacidade de perceber que a vida não tinha de começar aqui ou ali, a vida é dinâmica e cada um de nós pode construi-la como quer, trabalhando 24 horas por dia para depois poder passar seis meses num barco, adiando a maternidade para poder viver o prazer da descoberta profissional, ou planificando uns anos de vida dura para depois subir os Himalaias...
... A vida, na verdade, é um enorme caminho aberto que podemos mesmo concretizar como queremos. E a crise que atravessamos neste momento é a maior prova deste facto. De que serviu a poupança, ou o sacrifício para o crédito, ou aquele recuo profissional face ao risco? Serviu de nada. Tudo está em aberto – com a desvantagem de não termos no horizonte a sonhada volta ao mundo sem pensar nas consequências.
Tenho votos para 2012? Tenho: que sejamos todos mais livres de viver a vida como ela é – aberta, à nossa frente. Como um livro em branco."
(Pedro Rolo Duarte, daqui)
Dito de forma simples: ao sonharem passar um ano a dar a volta ao Mundo, perceberam que o custo do sonho implicava alguns sacrifícios aparentemente difíceis de suportar aos 24, 25 anos. Tiveram de fazer uma escolha – e fizeram-na.
Quando me contaram o seu projecto estavam a um mês de partir. Este Natal, as famílias de ambos já não contaram com eles à mesa da consoada. Estarão algures na China ou no Brasil ou na Rússia, num percurso que vai constituir uma lição única de vida. Quando voltarem, daqui a um ano, talvez a crise tenha abrandado e recuperem as suas carreiras de sucesso. No limite, voltarão ao lugar de sempre, ou andarão aos papéis até encontrar trabalho. Nada que não pudesse ocorrer se acaso tivessem optado por ficar por cá.
O que me impressionou na tranquilidade com que este jovem casal me apresentou o seu projecto não foi a ideia em si – foi o termo de comparação com a minha geração, que não é assim tão distante, mas que cresceu e foi educada num sentido absolutamente díspar – ou em rigor, disparatado...
Cresci com um modelo de vida que não contemplava paragens de um ano para viajar, nem Erasmus para experimentar, nem o mundo literalmente na palma de mão. Era suposto, há 25 anos, tirar um curso, encontrar trabalho, casar, ter filhos, e depois sonhar com viagens, casas no campo, reformas douradas.
E estava tudo tão errado. O mundo é só um e a vida é só uma – mas ninguém foi capaz de nos explicar isso, e nós não tivemos a capacidade de perceber que a vida não tinha de começar aqui ou ali, a vida é dinâmica e cada um de nós pode construi-la como quer, trabalhando 24 horas por dia para depois poder passar seis meses num barco, adiando a maternidade para poder viver o prazer da descoberta profissional, ou planificando uns anos de vida dura para depois subir os Himalaias...
... A vida, na verdade, é um enorme caminho aberto que podemos mesmo concretizar como queremos. E a crise que atravessamos neste momento é a maior prova deste facto. De que serviu a poupança, ou o sacrifício para o crédito, ou aquele recuo profissional face ao risco? Serviu de nada. Tudo está em aberto – com a desvantagem de não termos no horizonte a sonhada volta ao mundo sem pensar nas consequências.
Tenho votos para 2012? Tenho: que sejamos todos mais livres de viver a vida como ela é – aberta, à nossa frente. Como um livro em branco."
(Pedro Rolo Duarte, daqui)
sábado, 21 de janeiro de 2012
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
A verdade, é que me fartei!
No
outro dia o meu colega holandês H. (na casa dos 50) passou pelo meu
escritório para me desejar um feliz ano novo. Conversa puxa conversa,
nada difícil entre emigrantes, acabámos por falar da situação económica
da Europa. Queixava-se ele que no seu país as coisas andam impossíveis:
preços duplicaram desde a adesão ao Euro, especulação imobiliária
continua em grande (mais uma bolha prestes a explodir...), subsídio para
tudo e todos, etc.. E eu para os meus botões: "Onde é que eu já ouvi
esta história? Mas não era num país como a Holanda, caneco!". A conversa
fluiu e ele acabou por contar que já tinha aconselhado as filhas para continuarem com os
estudos, aprenderem outras línguas, arranjarem um bom emprego, e não
terem medo de emigrarem. E eu, "Go international, right?". Ao que ele me acenou positiva e vivamente com a cabeça. Nisto, não me controlei, e perguntei-lhe: "H., porque emigrou?". Ao que me responde, "Porque estava farto do meu país! E com as coisas que lá via..."
Na altura, há quatro anos, eu disse-o de outra maneira: "A verdade, é que me fartei!"
Parece que é comum, a todos os emigrantes, sejam eles portugueses, holandeses, chineses, mexicanos, etc. Todos nos fartámos um dia do nosso país.
(Que coisa triste de se sentir...)
António Variações sabia do que escrevia:
"Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se tens a vida em ti a latejar!"
Na altura, há quatro anos, eu disse-o de outra maneira: "A verdade, é que me fartei!"
Parece que é comum, a todos os emigrantes, sejam eles portugueses, holandeses, chineses, mexicanos, etc. Todos nos fartámos um dia do nosso país.
(Que coisa triste de se sentir...)
António Variações sabia do que escrevia:
"Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se tens a vida em ti a latejar!"
domingo, 8 de janeiro de 2012
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