domingo, 8 de dezembro de 2013
sábado, 5 de outubro de 2013
Queridos, mudei os nossos pais!
Não há nada como receber visitas da família. Mostrarmos-lhes como vivemos,
o que fazemos, o que aprendemos sobre o país onde estamos, o que aprendemos de
nós mesmos desde que emigrámos. Podemos telefonar todas as semanas, escrever e-mail
todos os dias, mas nada se compara com o viver connosco o nosso dia-a-dia. E mesmo
assim, tanta coisa que fica por contar, por partilhar. Este post é para as famílias,
que esperam e por vezes desesperam com a nossa ausência. Este post é para nós,
aqueles que partem e por vezes também desesperam pelo dia do regresso.
Tínhamos cozinhado todos juntos. Uns fizeram o bacalhau, outros prepararam a salada, e os restantes puseram a mesa. Um verdadeiro trabalho de equipa (de família!). À mesa riamos e trocávamos impressões sobre o dia que tínhamos passado a calcorrear as ruas de Hamburgo. "Não ter chovido foi uma sorte!", dizia eu.
Relembrávamos as cenas caricatas daquele dia quando, nos veio à memória, o casal português que conhecemos naquela tarde no famoso Reeperbahn. Já não me recordo como começámos a conversa mas lembro-me de dizer algo sobre os olhos tristes da rapariga ao contar que se sentiam, mesmo tendo-se um ao outro, muito sozinhos e que sentiam muito a falta da família. Para os meus botões lembro-me de ter pensado, com um sorriso meio entalado, na sua resposta a "Há quanto tempo estao em Hamburgo?". "Há seis meses...", responde.
Continuei com a conversa, "E só cá está há seis meses... Há histórias muito mais complicadas que esta. Pessoas que se encontram numa situação muito difícil, completamente diferente do que aquela que planearam quando decidiram sair do seu país."
Foi o que bastou para eu desenrolar algumas histórias de vida de amigos e conhecidos. Pessoas que não têm família a quem recorrer quando lhes falta a coragem, a força ou a alegria de um sorriso. Nisto, a J. pergunta "E os pais dessas pessoas? Não sabem o que se passa com os seus filhos? Não os ajudam, mesmo à distância?", ao que respondo com um ar meio confuso, "Saber o que se passa? Nenhum filho conta o que se passa de mau na sua vida de imigrante... A última coisa que queremos é preocupar ou entristecer os que deixámos."
Fez-se silêncio. Um silêncio ensurdecedor, interrompido pela minha tia "Mas vocês são a nossa razão de viver! Os filhos são o que dão sentido à nossa vida. Nós precisamos de saber se vocês não estão bem!".
Vejo os olhos da J. em lágrimas, em seguida os do meu pai, os da minha tia e por fim os meus. Os do meu tio, não tive coragem de verificar. Demoro uns segundos, mas percebo finalmente o porquê das suas reacções: o filho da J. encontra-se emigrado na China, o meu primo esteve quatro anos emigrado na Austrália, eu estou na Alemanha e a minha irmã prepara-se para se mudar para Singapura.
Sinto que tenho de acalmar os seus pensamentos, abrandar a roda viva de perguntas que os atropela naquele momento, principalmente os do meu pai, e digo: "Olhem à vossa volta. Eu estou bem, tenho um emprego onde me pagam bem e a horas, posso pagar uma casa modesta mas suficiente para receber a família. E isto não seria possível se não fossem os meus pais. Tal como eu, eu tenho a certeza de que a minha irmã, o seu filho, J., e o A., tia, têm a capacidade de superar todas as situações complicadas que aparecem na vida de um emigrante. Vocês deram-nos o mais importante para nós conseguirmos tudo isto: a nossa educação e a nossa força emocional. Vocês são a nossa bússola, que nos mantém na direcção certa. Que não nos deixa desistir. Porque sabemos que se houver algum problema, podemos sempre voltar ou contar com a vossa protecção. Na verdade, nós não voltamos, fugindo dos problemas, exactamente porque vocês nos deram e dão a força necessária para não o fazer."
Penso que depois desta ceia, a minha família nunca mais verá os seus filhos emigrados da mesma maneira. Aos meus primos e irmã e filho da J., "Queridos, mudei os nossos pais!".
E não era a minha intenção.
Tínhamos cozinhado todos juntos. Uns fizeram o bacalhau, outros prepararam a salada, e os restantes puseram a mesa. Um verdadeiro trabalho de equipa (de família!). À mesa riamos e trocávamos impressões sobre o dia que tínhamos passado a calcorrear as ruas de Hamburgo. "Não ter chovido foi uma sorte!", dizia eu.
Relembrávamos as cenas caricatas daquele dia quando, nos veio à memória, o casal português que conhecemos naquela tarde no famoso Reeperbahn. Já não me recordo como começámos a conversa mas lembro-me de dizer algo sobre os olhos tristes da rapariga ao contar que se sentiam, mesmo tendo-se um ao outro, muito sozinhos e que sentiam muito a falta da família. Para os meus botões lembro-me de ter pensado, com um sorriso meio entalado, na sua resposta a "Há quanto tempo estao em Hamburgo?". "Há seis meses...", responde.
Continuei com a conversa, "E só cá está há seis meses... Há histórias muito mais complicadas que esta. Pessoas que se encontram numa situação muito difícil, completamente diferente do que aquela que planearam quando decidiram sair do seu país."
Foi o que bastou para eu desenrolar algumas histórias de vida de amigos e conhecidos. Pessoas que não têm família a quem recorrer quando lhes falta a coragem, a força ou a alegria de um sorriso. Nisto, a J. pergunta "E os pais dessas pessoas? Não sabem o que se passa com os seus filhos? Não os ajudam, mesmo à distância?", ao que respondo com um ar meio confuso, "Saber o que se passa? Nenhum filho conta o que se passa de mau na sua vida de imigrante... A última coisa que queremos é preocupar ou entristecer os que deixámos."
Fez-se silêncio. Um silêncio ensurdecedor, interrompido pela minha tia "Mas vocês são a nossa razão de viver! Os filhos são o que dão sentido à nossa vida. Nós precisamos de saber se vocês não estão bem!".
Vejo os olhos da J. em lágrimas, em seguida os do meu pai, os da minha tia e por fim os meus. Os do meu tio, não tive coragem de verificar. Demoro uns segundos, mas percebo finalmente o porquê das suas reacções: o filho da J. encontra-se emigrado na China, o meu primo esteve quatro anos emigrado na Austrália, eu estou na Alemanha e a minha irmã prepara-se para se mudar para Singapura.
Sinto que tenho de acalmar os seus pensamentos, abrandar a roda viva de perguntas que os atropela naquele momento, principalmente os do meu pai, e digo: "Olhem à vossa volta. Eu estou bem, tenho um emprego onde me pagam bem e a horas, posso pagar uma casa modesta mas suficiente para receber a família. E isto não seria possível se não fossem os meus pais. Tal como eu, eu tenho a certeza de que a minha irmã, o seu filho, J., e o A., tia, têm a capacidade de superar todas as situações complicadas que aparecem na vida de um emigrante. Vocês deram-nos o mais importante para nós conseguirmos tudo isto: a nossa educação e a nossa força emocional. Vocês são a nossa bússola, que nos mantém na direcção certa. Que não nos deixa desistir. Porque sabemos que se houver algum problema, podemos sempre voltar ou contar com a vossa protecção. Na verdade, nós não voltamos, fugindo dos problemas, exactamente porque vocês nos deram e dão a força necessária para não o fazer."
Penso que depois desta ceia, a minha família nunca mais verá os seus filhos emigrados da mesma maneira. Aos meus primos e irmã e filho da J., "Queridos, mudei os nossos pais!".
E não era a minha intenção.
domingo, 25 de agosto de 2013
Diferenças culturais
No Stadtpark, a um Domingo à tarde, a apanhar sol com a minha amiga alemã, sentadas numa mantinha em cima daquele verde imenso...
Ana: - "M., o teu filho está a comer relva...!"
Maria: - "E qual é o problema? Pior foi quando fomos à praia em Portugal, que ele pegou numa mão cheia de areia e pôs na boca!"
Ana: - "Ahm... Areia não faz mal nenhum. Até limpa a tripa!"
Ana: - "M., o teu filho está a comer relva...!"
Maria: - "E qual é o problema? Pior foi quando fomos à praia em Portugal, que ele pegou numa mão cheia de areia e pôs na boca!"
Ana: - "Ahm... Areia não faz mal nenhum. Até limpa a tripa!"
Engenheiros no Estrangeiro
A 4 de Abril de 2013, recebi (eu e todos os engenheiros espalhados por esse mundo fora, inscritos) o seguinte mail da Ordem dos Engenheiros de Portugal:
" (...) Assim, a OE apresenta todo o interesse em
conhecer a sua experiência profissional, com a certeza de que a sua publicação
na Área Internacional do portal da OE será uma mais-valia para todos membros
que atualmente apresentam interesse em seguir um caminho semelhante.
Para participar nesta iniciativa poderá enviar um texto
livre que exemplifique aos restantes membros questões tais como:
- Habilitações Académicas;
- País de estabelecimento;
- Breve descrição das funções desempenhadas, assim como
das Entidades/Organizações integradas;
- Experiência quanto ao processo de recrutamento para o
estrangeiro;
- Informações úteis sobre o reconhecimento da profissão e
estabelecimento no País em que se encontra;
- Disponibilização de contactos para criação de uma rede
internacional de Engenheiros Portugueses e publicação no portal da OE;
- Disponibilização de contactos importantes na
internacionalização no País;
- Lista de vantagens e desvantagens relativas ao País em
que se encontra, bem como da forma como venceu eventuais dificuldades.
Para efeitos de ilustração, solicitamos também o envio de
algumas fotografias e/ou vídeos representativos da atividade, assim como do
País em que se encontra."
Quatro meses depois, verifico que o que eu previ na minha resposta à OE se mantém: apenas dois testemunhos.
Ver aqui.
A minha resposta à OE, a 14 de Abril de 2013:
"Exmos. Srs., Exmas. Sras.:
Venho por este meio responder ao E-mail que recebi da Ordem
dos Engenheiros, relativamente ao novo projecto que pretendem desenvolver.
Folgo em saber que existe, por parte da OE, a intenção de
ajudar os seus membros na sua integração no mercado de trabalho internacional.
De facto, só quem passa pela experiência de emigrante,
compreende o seu verdadeiro significado. Por isso aqui deixo alguns comentários
sobre o assunto:
1. Os que saíram de
Portugal para trabalharem no estrangeiro, fizeram-no por não terem outra opção
(felizmente não foi o meu caso, pois há cinco anos tive o “privilégio” de me
poder despedir para ir em busca de um sonho, o de trabalhar no estrangeiro).
Deixaram família, amigos, o seu lar, o seu ambiente, para ganharem dinheiro no
sentido de poderem continuar a cumprir com as suas responsabilidades
financeiras como renda, alimentação da família, educação dos seus filhos, etc.
Posso dizer-lhes, com toda a certeza, de que muitos (a maioria) saíram de
Portugal desiludidos com o seu país (muitos dizem mesmo que não voltarão). Na
altura, “fizeram-se à vida” sozinhos. Informaram-se, arriscaram, lutaram. Tudo
isto sozinhos. À tristeza, somou-se frustração, por ninguém ter estado “lá”
para os ajudar.
Gostaria de saber qual a receptividade dos emigrantes
portugueses por esse mundo fora, a esta proposta da OE para colaboração. Eu
tenho um palpite: receptividade quase nula. Gostaria que a OE reflectisse sobre
a seguinte questão: “Se na altura ninguém nos ajudou a encontrar emprego noutro
país, porque razão, ajudaríamos nós, agora, outros colegas que nos são
desconhecidos?”. É triste, mas este comportamento é humano.
2. Os que saíram, estando
por sua conta e risco, “queimaram muitas pestanas” em busca da informação
correcta em relação ao país para onde tinham decidido emigrar, a situação do
mercado de trabalho, como redigir um CV apropriado (bem como carta de
apresentação, certificações, etc.), como obter ajudas sociais no caso de ser
necessário, curso da língua do país, e por aí fora. Muitos meses foram gastos
neste processo. É sim, um trabalho a tempo inteiro, sentado ao computador a
maioria das vezes doze a treze horas por dia, sete dias por semana. É um longo
trabalho de casa a fazer… Poder-se-ia dizer, que todos nós, os que passaram por
esse processo, estamos aptos a escrever uma dissertação sobre “como procurar e
conseguir trabalho no país X”.
Gostaria que a OE reflectisse igualmente noutra questão:
“Porque razão, enviaria eu um documento à OE, sobre a minha aprendizagem de
quatro anos, relativa a como arranjar emprego na Alemanha?”. Eu fiz o meu
trabalho de casa. Durante quatro anos! Poderia até, como já referi, escrever
uma dissertação sobre o assunto. Se eu “queimei muitas pestanas” sobre o
assunto, porque razão, daria eu de livre vontade todo este meu conhecimento? É
que se existe alguém que sabe o valor desse meu conhecimento, esse alguém, sou
eu. Foram meses da minha vida, e que agora me sugerem que resuma num documento
de algumas páginas…
3. Algo que aprendemos, nós
os que procuraram meses a fio por uma oportunidade de trabalho no estrangeiro,
está relacionado com o facto de como o mundo é pequeno. Neste campo, o segredo
continua a ser a alma do negócio. Qualquer oferta de trabalho que surgisse, era
guardada e estudada em segredo, sendo partilhada apenas quando se sabia do
resultado de uma entrevista: “Consegui o tal trabalho!” ou “Epá, não fiquei com
o trabalho…”. É guerra. Porque para além de estarmos a concorrer com
conterrâneos (portugueses), concorremos também com os nativos que possuem uma
grande vantagem: falam a língua do país.
Se é guerra, porque hei-de eu entregar armas valiosas, a
quem no futuro poderá roubar-me uma oportunidade de trabalho?
4. Posso dizer que agora,
quatro anos depois de chegar à Alemanha e estar a trabalhar na segunda maior
produtora de energia alemã, num dos projectos mais inovadores da actualidade no
sector da energia eólica em mar, o desemprego não me assusta. Porque sei que
possuo todas as armas para voltar à luta e conseguir um trabalho. Mas repito,
quatro anos depois. Quatro anos de aprendizagem de uma nova língua e de uma
nova cultura. Quatro anos de trabalhos com contractos precários e de
insegurança financeira.
Eu fiz o meu trabalho de casa durante quatro anos. Uma
coisa é a OE interessar-se por testemunhos de emigrantes sobre a sua vivência
num país estrangeiro, com o objectivo de alertar para problemas que poderão, os
que pretendem emigrar, ter de vir a enfrentar. Outra coisa, totalmente
diferente, é a OE querer obter (sem grande esforço) informação (processo de
recrutamento, candidatura, contactos) que pode facilmente encontrar nos meios
livres de comunicação de hoje em dia: a Internet.
Parece-me que a OE não se apercebeu do “quanto” está a
pedir aos seus membros.
Relativamente aos pontos referidos no E-mail da OE, aqui
ficam algumas questões:
“Informações úteis sobre o reconhecimento da profissão no
País em que se encontra” – Tratado de Bolonha? Não houve na altura qualquer
contacto ou discussão sobre o assunto entre as universidades e as ordens?
"Contactos para criação de uma rede internacional de
Engenheiros Portugueses" – O que não faltam são redes de contactos na Internet:
Xing, LinkedIn, The Star Tracker, etc. Querem criar mais uma? Porque não
desenvolver protocolos com as já existentes?
"Disponibilização de contactos importantes na
internacionalização no País" – Mas, não existem já entidades responsáveis e
pagas para tal? Ministério da Economia e do Emprego, Ministério dos Negócios
Estrangeiros, Ministério da Educação?
Mas não se pense que deixarei de colaborar neste
projecto. Em seguida deixo alguns comentários e respectivas sugestões que
poderão ser úteis à OE, de modo a auxiliar melhor os nossos colegas que
pretendam sair de Portugal em busca de uma vida profissional melhor:
* A inadequabilidade da
documentação fornecida pela OE, para efeitos de candidatura a uma oferta de
trabalho, num país estrangeiro. Cada país tem a sua forma de execução de
documentação (declarações e certificados). Num país como a Alemanha, um
documento deve ser de fácil e compreensível leitura, e para isso deve
apresentar um texto que não exceda três parágrafos, devendo os próprios
parágrafos ser curtos. Sugiro, por isso, que na Declaração de Membro Efectivo
da OE em inglês, como se encontra redigido actualmente, os segundo e quinto
parágrafos sejam eliminados, e que os restantes sejam mais curtos, evitando o
palavreado normal e aceite em Portugal, mas de difícil leitura e compreensão
num ambiente internacional. Não são os outros países que se têm de adaptar a
nós, somos nós (devido à conjuntura actual financeira do país) que nos temos de
adaptar aos outros países, tornando a nossa documentação o mais simples possível
de compreender.
* A adequada apresentação
dos documentos (referente ao ponto anterior) não se restringe apenas aos da OE.
Documentos de outras entidades como escolas secundárias, universidades,
entidades de formação, etc., são igualmente vitais para uma candidatura a um
emprego no estrangeiro. Sugiro que a OE sirva de elo de ligação entre estas
entidades e o mercado de trabalho internacional, tomando a iniciativa de
liderar o processo de regularização da apresentação em inglês da documentação fornecida
por essas entidades. Entendo por regularização da apresentação da documentação
em inglês, uma lista de regras a seguir: parágrafos sucintos e claros na sua
mensagem. O primeiro passo seria entender como os outros países o fazem e
encontrar um formato adaptado que seja geral e adequado para qualquer país.
* Quotas anuais. Há cinco
anos que saí de Portugal. Há cinco anos que pago as quotas da OE. Embora ache a
Ingenium uma revista de grande qualidade (obrigada à OE por ma enviar para
Alemanha sem me cobrar portes de envio extra por eu me encontrar fora de
Portugal!), penso que 120€ anuais pela recepção de uma revista mensal é um
pouco exagerada. Sugiro, por isso, uma redução do valor das quotas anuais para
emigrantes, já que não usufruímos de quaisquer outros privilégios ou serviços
da OE. Aproveito para sugerir um valor simbólico de quotas (5 € anuais) para
quem se encontrar desempregado (1).
* O tal trabalho de casa
que nós, os emigrantes, tiveram de fazer durante meses, poderá ser igualmente
feito pela OE. Existindo um grande número de engenheiros desempregados em
Portugal, sugiro que a OE contrate (por concurso aberto a todos!) dois
engenheiros para executarem tal pesquisa e recolha de informação. Sugiro dois,
pois para além de ser recolhida, a informação tem de ser analisada e adequada
às exigências do mercado internacional de trabalho de cada país (para além de
que, “duas cabeças sempre pensam melhor que uma”). Tenho a certeza que a tarefa
desempenhada por esses dois engenheiros será de forma motivada, inovativa,
competente e dedicada. Basta escolher os candidatos certos.
Relativamente ainda aos quatro pontos iniciais (de
1. ao 4.), gostaria de mencionar que, felizmente, nem todos pensamos da mesma
maneira, como podem verificar no seguinte endereço electrónico: http://dicastrabalhoalemanha.blogspot.de/
A ideia de auxiliar e inspirar outros a tomarem a decisão
de arriscarem em busca de uma vida profissional melhor, não é nova e muito
menos reservada à OE. Nós, emigrantes, temos sido bombardeados com propostas
para participar em programas televisivos, jornais e revistas, e até livros /
guias para portugueses que queiram sair do país. Mas antes de todas estas
entidades nos contactarem, muitos de nós já tinham tomado a mesma iniciativa há
uns anos atrás, partilhando a sua experiência na Internet. O endereço
electrónico acima refere-se ao blogue “Dicas sobre trabalho na Alemanha” e é da
minha autoria. Pode e deve a OE usá-lo como fonte de informação, porém é
expressamente interdita qualquer cópia, reprodução, difusão ou transmissão,
utilização, modificação, venda, publicação, distribuição ou qualquer outro uso,
total ou parcial, comercial ou não comercial, quaisquer que sejam os meios
utilizados, salvo com a minha autorização.
Cordialmente,
Ana"
(1) Quando redigi a resposta desconhecia que existe
isenção de pagamento de cotas para quem está desempregado.
sexta-feira, 19 de julho de 2013
Oferta de trabalho na Alemanha
Just in case you are a civil engineer and looking for a challenge :)
- Location: Northern Germany
- Start Date: ASAP
- Duration: 6-8 months
- Rotation: 14 days on/14 days off
- Shifts: 12 hours
- Day rate: TBC
- Job description: Offshore Site Manager (on board JackUP), Co-ordinating Client Reps and on board vessel command. Monitoring and Ensuring HSE regulation, Control all work documentation, Co-ordinating and control installation subcontractor, Approval of invoices, documentation of claims etc…
Required:
- 4+ years experience in civil/plant engineering
- Offshore wind experience - preferably within turbine installation (offshore)
- Fluent English -German is a massive bonus
- Valid Bosiet/Huet, Offshore Medical, First Aid training
Please contact: s.carew@earthstaff.com
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Required:
- 4+ years experience in civil/plant engineering
- Offshore wind experience - preferably within turbine installation (offshore)
- Fluent English -German is a massive bonus
- Valid Bosiet/Huet, Offshore Medical, First Aid training
Please contact: s.carew@earthstaff.com
domingo, 2 de junho de 2013
Nem tudo é um mar de rosas
De um comentário meu neste blogue, faço um post:
"O optimismo inicial de se mudar de país, é normal: é um começar de novo, uma "segunda oportunidade", e tudo é novidade. A verdade é que pondo todas as experiências na balança, as boas ganham sempre. Não nos queremos de lembrar do dia em que alguém fingiu não ouvir a nossa pergunta, só porque somos estrangeiros e estamos de mochila às costas; não nos queremos lembrar do dia que nos confundiram com uma turca e nos abriram a porta do seu estabelecimento para sairmos; etc; e nem interessa porque percebemos que preconceitos existem em toda a parte do mundo, até no nosso país, mas só nos apercebemos quando nos encontramos na mesma situação de imigrante. E depois há a renda de 600€/mês que se paga por um apartamento de 50 m2, fora despesas de água e electricidade.
Não é um mar de rosas, mas até das más experiências se tira uma lição. Lição essa que nunca teríamos aprendido se continuássemos no nosso país, na mesma condição de há anos, acomodados. É uma "viagem ao nosso interior" e a verdade é que as pessoas vão para fora para "crescer". É isso que elas procuram, mesmo não sabendo :) E algumas apercebem-se que, afinal, não teria sido preciso sair do país para "crescerem". Outras encontram na terra que os acolhe o reconhecimento que não tiveram no seu país e pensam "ainda bem que saí".
Acredito que existam muitos casos em que as expectativas não foram de todo preenchidas, ao emigrarem, e esses talvez não se sintam à vontade de o partilharem. Talvez porque se associe isso a um "insucesso", já que todos que emigram dizem que vale a pena. E afinal, é para valer a pena! Quem é que gosta de contar à própria família que, passados 10 meses num país estrangeiro, ainda não encontrou trabalho? Ninguém. Quanto mais num blogue de relatos de pessoas desconhecidas, cujas experiências sao todas positivas.
Isto de se ser emigrante, tem muito que se lhe diga :) O importante é cada um ter a certeza do que quer e seguir a sua intuição. E ser feliz com essa decisão."
domingo, 26 de maio de 2013
Ao que parece, sou uma mulher de sucesso :)
"Have you often wondered: What drives successful people?
Take a look around and talk to your friends and seniors who are very successful. You will see some commonalities in their behavioural patterns, though they belong to quite diverse fields.
All of them have adopted certain values which have proved vital for their success.
They take initiative
It is evident that successful people take initiative. When they find that something needs to be done, they just do it, instead of waiting around for someone to tell them what to do.
They believe that responsibility is taken, not given. They size up immediately what has to be done, sooner or later, and do it with pleasure, thus enhancing their reputation.
They are self-motivated
Successful people are passionate about the things that they do, especially when they believe in what they are doing.
They are motivated by their own satisfaction and the joy that they get from doing their work, rather than an extrinsic reward.
They work hard even when no one is watching and they throw themselves into their assignments. Having “fire in the belly” is a prerequisite for success.
They do not fear failure
Alexander Graham Bell, inventor of the telephone, once said: “When one door closes, another opens but we often look so long and so regretfully upon the closed door that we do not see the one which has opened for us.”
Failures and disappointments in life are inevitable. It is the failure that teaches us much more than the success, and successful people know the lesson so well.
They pick themselves up after a fall and try again with more determination and commitment, capitalising on the lessons learned from each failure. They associate with those they can learn from and enjoy the company of those who appreciate their achievement.
They give respect to others
Daniel Goleman wrote about the importance of emotional intelligence and described successful people as those with high emotional intelligence quotient (EQ), and not just high intelligence quotient (IQ).
Having good IQ often gets a person what he wants but it is really the EQ that keeps him there and helps him flourish.
People who are successful are polite to everyone and treat others with respect. As respect is mutual, by giving respect to others, they command respect for themselves.
They never complain
Another important attribute of successful persons is that they never complain. They sincerely believe in the saying that complaints will always discredit you.
Complaints provoke insolence and encourage others to behave like those we complain about. It is better to praise others and win favour with them.
So instead of complaining about a situation, successful people always find ways to deal with it. In a nutshell, take initiative in doing things and be passionate about them.
Do not be afraid to fail, get up and start again graciously. When you do so, success will come to you.
About the Author
Article by Dr Alka Prakash, an author and educator specialising in life skills. She coaches in effective conversation and communication skills."
Take a look around and talk to your friends and seniors who are very successful. You will see some commonalities in their behavioural patterns, though they belong to quite diverse fields.
All of them have adopted certain values which have proved vital for their success.
They take initiative
It is evident that successful people take initiative. When they find that something needs to be done, they just do it, instead of waiting around for someone to tell them what to do.
They believe that responsibility is taken, not given. They size up immediately what has to be done, sooner or later, and do it with pleasure, thus enhancing their reputation.
They are self-motivated
Successful people are passionate about the things that they do, especially when they believe in what they are doing.
They are motivated by their own satisfaction and the joy that they get from doing their work, rather than an extrinsic reward.
They work hard even when no one is watching and they throw themselves into their assignments. Having “fire in the belly” is a prerequisite for success.
They do not fear failure
Alexander Graham Bell, inventor of the telephone, once said: “When one door closes, another opens but we often look so long and so regretfully upon the closed door that we do not see the one which has opened for us.”
Failures and disappointments in life are inevitable. It is the failure that teaches us much more than the success, and successful people know the lesson so well.
They pick themselves up after a fall and try again with more determination and commitment, capitalising on the lessons learned from each failure. They associate with those they can learn from and enjoy the company of those who appreciate their achievement.
They give respect to others
Daniel Goleman wrote about the importance of emotional intelligence and described successful people as those with high emotional intelligence quotient (EQ), and not just high intelligence quotient (IQ).
Having good IQ often gets a person what he wants but it is really the EQ that keeps him there and helps him flourish.
People who are successful are polite to everyone and treat others with respect. As respect is mutual, by giving respect to others, they command respect for themselves.
They never complain
Another important attribute of successful persons is that they never complain. They sincerely believe in the saying that complaints will always discredit you.
Complaints provoke insolence and encourage others to behave like those we complain about. It is better to praise others and win favour with them.
So instead of complaining about a situation, successful people always find ways to deal with it. In a nutshell, take initiative in doing things and be passionate about them.
Do not be afraid to fail, get up and start again graciously. When you do so, success will come to you.
About the Author
Article by Dr Alka Prakash, an author and educator specialising in life skills. She coaches in effective conversation and communication skills."
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Offshore, a quanto me obrigas!
Não sei se sabem, mas eu não tenho (tinha ;) ) muito à vontade com a água (o R. faz mergulho e eu sempre me recusei a aprender por achar que me ia passar lá em baixo, com cenas na boca para respirar envolvida por vários m3 de água. Por isso, enquanto ele mergulhava por mares da Tailândia e Indonésia, eu fazia snorkling :P). Mal sabia eu o que me esperava no treino de offshore, a sério...
Tudo começa com testes para ver qual a nossa capacidade de nos aguentar debaixo de água, contendo a respiração: atravessar a piscina (10 m?) de uma ponta à outra agarrada a uma corda que está presa ao fundo sustendo a respiração (e chegar à corda?) - testam se aguentas pelo menos um minuto debaixo de água (consegui em 50 segundos, puf! Passei!).
A seguir, pedem-nos para colocar as pernas (parte de trás dos joelhos, de barriga para cima) sobre uma barra metálica que está à superfície (isto dentro da piscina!). Com um colete salva-vidas que tem um saco e um bocal que usas para respirares (ar que inspiraste e expiraste lá para dentro), empurram-te o corpo para baixo (o tronco roda em torno da tal barra pelas pernas) e tens de aguentar também cerca de um minuto (depois de duas tentativas lá consegui).
A questão é que ninguém nos explicou o que íamos fazer. Íamos sabendo à medida que nos mandavam. Não sei se foi de propósito, para não entrarmos em pânico e desistirmos, ou quê... Se eu soubesse o que teria de fazer, não sei se teria ido :D Ou se calhar até explicavam mas como foi tudo em alemão… Adiante!
Depois, temos de saltar em queda livre cinco metros, de olhos fechados, e a "abraçar" o nosso tronco (posição de protecção) - opá, eu não sei como é com vocês, mas eu achei horrível a sensação de nos "deixarmos cair" para a água! Tivemos que fazer duas vezes em dois exercícios diferentes... Eu só dizia entre os dentes, mas alto o suficiente para me ouvir a mim mesma "Ai mãezinha... Ai Ana no que te meteste. F***** e m**** para esta cena. Pronto, é fechar os olhos e sal-taaaaaaaaaaar....!". Depois de vir ao de cimo e conseguir respirar: "Pronto, eu estou calma, Ana, já passou...!"
Aquela piscina tinha de tudo para simular acidentes no pior cenário: o tal helicóptero, luzes desligadas (noite), luzes intermitentes (relâmpagos / tempestade), ventoinhas poderosíssimas (ventos fortes / aproximação do helicóptero), gotas de água vindas de cima (chuva), enfim... O penúltimo exercício era simular um resgate nessas condições. Ai mãe, aí uma pessoa pensa: foge, isto não é para "meninos"!
Todos os exercícios foram feitos de olhos fechados por duas razões: num acidente pode haver derramamento de óleos ou outros produtos tóxicos e ajuda a não ficarmos completamente desorientados na cena do helicóptero.
Eu sou sincera, não achei "piada" nenhuma ao treino. Piada no sentido de "fixe" e tal, "férias radicais e tal e ainda te pagam para tal" (como escreveram no FB). Os meus colegas estavam muito mais à vontade e até se estavam a divertir. Nós, as duas únicas mulheres, desabafámos no balneário na primeira oportunidade "eu só quero ir para casa...!". O meu colega bem dizia: "Ana, se te divertires, é muito mais fácil!", e eu: "Meu! Estamos a treinar para um caso de emergência!!! Divertir???"
Porém, algo de muito importante me apercebi. O nosso instinto de sobrevivência funciona :) O que me alegra imenso saber. Até eu, que nunca fiz desporto (e nem sei o que é isso :P) também tenho um instinto de sobrevivência. A primeira vez que "sobrevivi" ao exercício do helicóptero (depois de eu chegar à superfície da água, o meu treinador me agarrar pelo colarinho do fato, e dizer que eu tinha de repetir o exercício, porque tinha saído depressa demais do helicóptero... "Ana! Tens de esperar!!! Que o helicóptero afunde mais!" e eu "Como assim?" e ele "Até não se ouvir mais bolhinhas de ar! Vamos repetir!" e eu em voz alta "pqp o raio do homem e este exercício!"), pensei, isto é mau, mas sobrevivi. Sorte? Talvez… Da segunda vez pensei "Ok, dois de seis exercícios já cá cantam! Um terço, um terço dos exercícios estão feitos!". Ao terceiro exercício, correu tão bem e tão suavemente, que cheguei à tona da água e pensei "Ah... Afinal, não é assim tão mau. As primeiras duas vezes é que se estranha".
Logo a seguir, no quarto exercício, fiquei tão contente por saber que 2/3 dos exercícios estavam feitos (mais de metade!) que quando vim ao de cimo pus o braço no ar com os quatro dedos em posição, e em seguida, baixei-o com velocidade enquanto dizia (com os treinadores a olharem para mim a rirem-se) "FOUR! Number four!! Just TWO to go! YES!"
Nisto tudo, se no princípio estava preocupada em ter de repetir este treino daqui a dois anos, depois de descobri que afinal só se tem de fazer o treino de quatro em quatro anos, passei a ficar apreensiva: "como assim, repetir estes exercícios só daqui a quatro anos? Vou-me esquecer de tudo até lá!"
Ah! E esqueçam lá eu ter ou poder salvar alguém em caso de acidente. Eu? Salvar alguém com 100kg?? Já salvarem-me a mim, é outra história... Eu sou apenas um "saquito de 52kg de peso" ;) A mim, qualquer trinca-espinhas salva.
Já vos contei que os treinadores eram quase todos ex-militares do exército alemão? Agora podem imaginar a força que senti no pescoço quando o meu treinador me puxou pelo colarinho para eu repetir o exercício. Acho que aí, foi a única vez que me senti a quase a afogar :D A primeira foi quando fizemos o exercício de virar a tenda flutuante ao contrário e que temos de nos deixar cair para trás, agarrando-a, e esperar que ela nos caia em cima. Tipo sanduiche: água, eu e por cima a tenda. Literalmente. Epá, mas as restantes histórias ficam para a próxima.
Tudo começa com testes para ver qual a nossa capacidade de nos aguentar debaixo de água, contendo a respiração: atravessar a piscina (10 m?) de uma ponta à outra agarrada a uma corda que está presa ao fundo sustendo a respiração (e chegar à corda?) - testam se aguentas pelo menos um minuto debaixo de água (consegui em 50 segundos, puf! Passei!).
A seguir, pedem-nos para colocar as pernas (parte de trás dos joelhos, de barriga para cima) sobre uma barra metálica que está à superfície (isto dentro da piscina!). Com um colete salva-vidas que tem um saco e um bocal que usas para respirares (ar que inspiraste e expiraste lá para dentro), empurram-te o corpo para baixo (o tronco roda em torno da tal barra pelas pernas) e tens de aguentar também cerca de um minuto (depois de duas tentativas lá consegui).
A questão é que ninguém nos explicou o que íamos fazer. Íamos sabendo à medida que nos mandavam. Não sei se foi de propósito, para não entrarmos em pânico e desistirmos, ou quê... Se eu soubesse o que teria de fazer, não sei se teria ido :D Ou se calhar até explicavam mas como foi tudo em alemão… Adiante!
Depois, temos de saltar em queda livre cinco metros, de olhos fechados, e a "abraçar" o nosso tronco (posição de protecção) - opá, eu não sei como é com vocês, mas eu achei horrível a sensação de nos "deixarmos cair" para a água! Tivemos que fazer duas vezes em dois exercícios diferentes... Eu só dizia entre os dentes, mas alto o suficiente para me ouvir a mim mesma "Ai mãezinha... Ai Ana no que te meteste. F***** e m**** para esta cena. Pronto, é fechar os olhos e sal-taaaaaaaaaaar....!". Depois de vir ao de cimo e conseguir respirar: "Pronto, eu estou calma, Ana, já passou...!"
Aquela piscina tinha de tudo para simular acidentes no pior cenário: o tal helicóptero, luzes desligadas (noite), luzes intermitentes (relâmpagos / tempestade), ventoinhas poderosíssimas (ventos fortes / aproximação do helicóptero), gotas de água vindas de cima (chuva), enfim... O penúltimo exercício era simular um resgate nessas condições. Ai mãe, aí uma pessoa pensa: foge, isto não é para "meninos"!
Todos os exercícios foram feitos de olhos fechados por duas razões: num acidente pode haver derramamento de óleos ou outros produtos tóxicos e ajuda a não ficarmos completamente desorientados na cena do helicóptero.
Eu sou sincera, não achei "piada" nenhuma ao treino. Piada no sentido de "fixe" e tal, "férias radicais e tal e ainda te pagam para tal" (como escreveram no FB). Os meus colegas estavam muito mais à vontade e até se estavam a divertir. Nós, as duas únicas mulheres, desabafámos no balneário na primeira oportunidade "eu só quero ir para casa...!". O meu colega bem dizia: "Ana, se te divertires, é muito mais fácil!", e eu: "Meu! Estamos a treinar para um caso de emergência!!! Divertir???"
Porém, algo de muito importante me apercebi. O nosso instinto de sobrevivência funciona :) O que me alegra imenso saber. Até eu, que nunca fiz desporto (e nem sei o que é isso :P) também tenho um instinto de sobrevivência. A primeira vez que "sobrevivi" ao exercício do helicóptero (depois de eu chegar à superfície da água, o meu treinador me agarrar pelo colarinho do fato, e dizer que eu tinha de repetir o exercício, porque tinha saído depressa demais do helicóptero... "Ana! Tens de esperar!!! Que o helicóptero afunde mais!" e eu "Como assim?" e ele "Até não se ouvir mais bolhinhas de ar! Vamos repetir!" e eu em voz alta "pqp o raio do homem e este exercício!"), pensei, isto é mau, mas sobrevivi. Sorte? Talvez… Da segunda vez pensei "Ok, dois de seis exercícios já cá cantam! Um terço, um terço dos exercícios estão feitos!". Ao terceiro exercício, correu tão bem e tão suavemente, que cheguei à tona da água e pensei "Ah... Afinal, não é assim tão mau. As primeiras duas vezes é que se estranha".
Logo a seguir, no quarto exercício, fiquei tão contente por saber que 2/3 dos exercícios estavam feitos (mais de metade!) que quando vim ao de cimo pus o braço no ar com os quatro dedos em posição, e em seguida, baixei-o com velocidade enquanto dizia (com os treinadores a olharem para mim a rirem-se) "FOUR! Number four!! Just TWO to go! YES!"
Nisto tudo, se no princípio estava preocupada em ter de repetir este treino daqui a dois anos, depois de descobri que afinal só se tem de fazer o treino de quatro em quatro anos, passei a ficar apreensiva: "como assim, repetir estes exercícios só daqui a quatro anos? Vou-me esquecer de tudo até lá!"
Ah! E esqueçam lá eu ter ou poder salvar alguém em caso de acidente. Eu? Salvar alguém com 100kg?? Já salvarem-me a mim, é outra história... Eu sou apenas um "saquito de 52kg de peso" ;) A mim, qualquer trinca-espinhas salva.
Já vos contei que os treinadores eram quase todos ex-militares do exército alemão? Agora podem imaginar a força que senti no pescoço quando o meu treinador me puxou pelo colarinho para eu repetir o exercício. Acho que aí, foi a única vez que me senti a quase a afogar :D A primeira foi quando fizemos o exercício de virar a tenda flutuante ao contrário e que temos de nos deixar cair para trás, agarrando-a, e esperar que ela nos caia em cima. Tipo sanduiche: água, eu e por cima a tenda. Literalmente. Epá, mas as restantes histórias ficam para a próxima.
domingo, 14 de abril de 2013
E no fim...
Nas minhas voltas aos baús, encontrei este chat com o meu primo.
Data: 10/10/2007 (ano em que me mudei para Hamburgo)
Adbc: - “É um começar
de novo.”
Ana: - “Sem data
para terminar. E depois, quando te apetecer começar de novo noutro sítio?”
Adbc: - “Mas a
vida é isso. Viver um dia de cada vez, o melhor que se pode.”
Ana: - “A Austrália
é longe…”
Adbc: - “Mas
facilmente se fazem amigos. É tudo uma questão de rotina.”
Ana: - “Depois de
se saborear amizades de 28 e 18 anos… Como se de vinhos se tratasse: existem amigos
e Amigos tal como existem vinhos e Vinhos.”
Adbc: - “Sim, é
diferente.”
Ana: - “Lembro-me
do primo L. dizer algo que me fez realmente pensar: conhecidos tenho imensos. Mas amigos que te compreendem e sabem o
que pensas e o que vais dizer mesmo antes de abrir a boca, já é diferente. É
muito bom ter Amigos.”
Adbc: - “Mas
lembra-te de que quando deixas os Amigos num sítio para ires para outro sítio,
eles não te acompanham. Eles fazem como as viúvas: choram. E depois quando
voltas, também tu não os acompanhaste. Eles evoluíram noutro sentido que não o
teu e tu ficas única por isso.”
Ana: - “Eu já
sinto isso! Muita coisa acontece com esses Amigos e eu não vivo as coisas com
eles. Contam-me depois… E faz-me pensar: Será
que vale a pena?
Adbc: - “Depende
de cada um. Mas digo-te que vale a pena.”
Ana: - “Enquanto
o bom superar o mau, vou ficando por aqui.
Adbc: - “Perdes
uns, mas ganhas outros. E no fim, tens todos!”
Ana: - “E no fim?”
Adbc: - “Quando
fizeres as contas vai ser só a somar. Nada de subtracções. O fim é quando
quiseres ir a algum sítio África, Ásia, Oceânia, sei lá! Mas sabes que no fundo
podes contar com toda a gente a quem já chamaste Amigo. E que provavelmente
continuas a chamar, apenas não tão frequentemente.”
Ana: - “Mas a
Terra é tão pequena e tão grande ao mesmo tempo, que talvez queiras sempre mais
e mais e no fim, bem espremidinho, sobram apenas recordações.”
Adbc: - “É. Os
momentos.”
Ana: - “Mas é
disso que somos feitos, certo?”
Adbc: - “São esses
que valem a pena.”
Adbc: - “…”
Adbc: - “Yap…”
Ana: - “Yap.”
Adbc: - “No fim é
sempre a somar.”
Ana: - “Isso.
Nada de subtracções.”
domingo, 3 de março de 2013
Elite Young Immigrants
Artigo no Spiegel sobre a imigração na Alemanha. Definitivamente, a ler!
http://www.spiegel.de/international/germany/elite-young-immigrants-could-provide-future-stability-for-german-economy-a-885647.html
sábado, 23 de fevereiro de 2013
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