sábado, 28 de fevereiro de 2009
Fui que nem Executiva!
A partir de hoje, para quem puder ler os meus mails ao som de uma musiquinha, vai deliciar-se com umas notas sugeridas por mim, através do Youtube.
http://www.youtube.com/watch?v=d2-XlxJmVs8&NR=1
Na semana passada, fui às tais entrevistas de que vos falei no último mail: 4a-feira em Frankfurt e 5a-feira aqui, em Hamburgo.
No início da semana passada andava eu, não muito stressada, confesso, a treinar para as entrevistas, que em princípio seriam em alemão :S
Para além disso, tive de comprar fatiota à altura... dos padrões alemães, pois claro:
Regra número 1: também aplicável em Portugal, para quem concorre para uma posição de direcção de obra - nada de sapatos de salto alto. Tarefa nada complicada para mim, conhecendo-me vocês como me conhecem...!
Regra número 2: cara e cabelo apresentável. Estiquei (:D e pintei...) o cabelo e maquilhei-me suavemente, apenas para retirar as minhas eternas olheiras (é verdade, nem sem o stress do trabalho elas desaparecem!);
Regra número 3: Levar um blaiser vestido. Consegui comprar um, mais ou menos como eu queria, numa loja em que se pagava apenas 50% do preço dos produtos. Uma verdadeira pechincha!
Regra número 4: carteira ao ombro;
Regra número 5: confiança; Levei-a que chegasse, para dar e vender!
Parecia mesmo uma Executiva!!!
4a-feira, apanhei o ICE e em 3 horitas cheguei a Frankfurt. Foi fácil de chegar até à empresa.
Os primeiros 15 minutos da entrevista, com a secretária e o engenheiro (responsável pelas obras na zona escandinava), foram em alemão... E até me desenrasquei bem! Muito melhor do que estava à espera. Mas quando me perguntaram se preferia ter a entrevista em inglês, não hesitei! Fiz logo um sorriso de orelha a orelha, e eles caíram na minha simpatia! :D
Posso dizer que correu muitíssimo bem. Aliás, fiquei muito bem impressionada com a empresa, e com as condições de trabalho de que me falaram que eu iria ter, se fosse escolhida para o lugar. Nesta empresa poderei vir a aprender e evoluir como Directora de Obra de obras de uma dimensão, como só a Teixeira Duarte faz em Portugal. Sim, estamos a falar de um gigante na Alemanha. E este gigante mostrou-se muito contente pela minha candidatura "supostamente" espontânea. Porquê "supostamente"? Pois eu concorri para um trabalho em que a localização das obras seriam em pequenas vilas alemãs, sendo a mais perto de Hamburgo, a 200 km. Mas ao que parece, não foi para isso que eles me chamaram! Eles estão a recrutar pessoal para o escritório principal em Frankfurt! E eu só percebi isso, aliás ambos os lados só se aperceberam da "falha de comunicação" quando a secretária me pergunta: "E como acha que se sentiria em vir trabalhar para Frankfurt?", e eu: "Frankfurt...???".
E eu que queria descartar já esta empresa como hipótese. Não, não descarto. Mas vamos ver o que dá... Acho que me vão chamar para uma segunda entrevista :D
Ah! O bilhete desta viagem ficou-me em aprox. 230 €. Valor que me vai ser inteiramente devolvido quando enviar os bilhetes por correio à empresa. Em Portugal, quantas empresas o fariam?
5a-feira, apanhei o metro e em 20 minutos estava na tal empresa, daqui de Hamburgo, que me pareceu à primeira vista, ser uma "empresa-maravilha".
(A vida é mesmo assim! Mostra-nos uma coisa e afinal... Ou se calhar foi o meu cérebro a enviar sinais para os meus olhos, para que visse apenas o que ele queria :) Não, não é uma empresa maravilha...)
A entrevista correu bem. Não tão bem como a do dia anterior, pois o engenheiro que me entrevistou fez questão de falarmos em alemão. 1h 30 minutos depois de tagarelar e de me desenrascar em alemão, estava estafada! E não muito confiante que me chamassem para uma 2a entrevista... Não importa!
Mas a minha batalha ainda não acabou! Vou continuar a enviar CVs...
(por falar nisso acabei de receber mais um telefonema para ir a mais uma entrevista)
Na 5a-feira, dia da entrevista em Hamburgo, recebi um convite da Kristina, minha colega de Tandem, para irmos "tandemar" numa prova de vinhos. Ela tinha recebido um convite para duas pessoas, com provas pagas até 20 €, e lá fomos! :) Bem, falámos que nos fartámos! E que bem que se falou em português e em alemão!! E um pouquito em francês... E um pouquito em espanhol, também! ;D
Ainda provei o único vinho tinto português presente na prova, da Quinta do Vale de Meao, e um Porto. Ainda deu tempo para perguntar pela "colheita" do Luís Pato, e apareceram-me com um exemplar que custava 33,50€! Mas não me deixaram provar...
Este fim-de-semana foi, portanto, para relaxar do stress dos dias da semana passada, sendo repartido entre Piqueniques, pequeno-almoço cá em casa na companhia de amigos, e passeatas pelos parques da cidade.
Uma loucura, o que se tem vivido em Hamburgo! Há um mês que não chove e as temperaturas tem rondado os 28 graus, chegando mesmo aos 30! Os pais levam os miúdos a passar o dia num dos parques da cidade (que são imensos). E entre churrascos (de salsichas e espetadas, à maneira deles), miúdos no banho em lagos baixinhos e a fazer construções de castelos de areia lá colocada propositadamente, fomos relembrando como era em Portugal, nos sábados e domingos em que se enchia a bagageira do carro e se rumava até à Figueira. Só a cor de fundo verde (do relvado e das árvores gigantescas) e a falta da maresia é que nos fez "regressar" das memórias.
No Sábado, fui ver o jogo, Portugal X Turquia, claro está, no Quarteirão Português. Muito giro! Quais passeios, quais quê! A estrada é toda nossa! Os estabelecimentos viraram os ecrãs para o exterior (lado da estrada), para o que o pessoal pudesse assistir, e dar um jeitinho ao negócio da casa. Aliás, até servem as cervejas na rua! 2,50 € cada Sagres! Isto é que é negócio!
Muita bandeira portuguesa, muitos diálogos em português e muita alegria. Isso é que é preciso! (parece que só resta o futebol para animar a malta...).
No meio da multidão, lá apareceu um grupo de rapazes, com os seus 18 anitos, cobertos de bandeiras portuguesas, mas a falarem alemão entre si. Ok, é a língua deles! Nasceram cá! São filhos de portugueses, mas quase todos escolheram a nacionalidade alemã. Mas soube mesmo bem ouvir, quando um desses jovens ao avistar um amigo ao longe, tentando chamá-lo, grita: "Epá!!!! Oh, Luís!!!! Estamos aqui, C******!!!!!!". Num português BEM perceptível. Haja garganta! Quem grita assim, não é gago! (e aqui para nós, é portuguesíssimo!)
Acabámos por nos mudar da rua para o Varina (um dos melhores restaurantes portugueses do Quarteirão), ao intervalo do jogo, para matar a fome. Ameijoas à Bolhão Pato!... Ah? Que tal? Não sabiam que se comia cá disto!! Come-se disto e muito mais!!!: Pastéis de bacalhau, Pastéis de Nata, Folhados, Guardanapos, Empadas de galinha (só gostava de saber quem é que teve a ideia de lhes colocar pimento. É que só sabem a pimento!!! Mas são boas, boas!),... etc!
Ontem foi o jogo Alemanha X Polónia, e para vos ser sincera, não tinha vontade nenhuma de sair para a rua. "Cheirou-me" que ia haver estragos... Há 2 anos foi quase uma batalha campal entre os adeptos dos dois países. A 2a GM foi há uns 70 anos, e as feridas ainda estão por sarar. E só o tempo o fará, neste caso.
Para a Alemanha, estes campeonatos mundiais, e europeus e mais não sei de quê, tem feito bem à população alemã (a meu ver). Ainda existem alemães, da minha idade p.ex., que não sentem ter o direito de ser patriota. E só de há dois anos para cá é que a Alemanha conseguiu, finalmente, não ter medo de mostrar o seu patriotismo saudável, como quem grita um "Já chega! Tive o azar de nascer alemão! Mas quero ter uma vida normal e torcer pelo meu país num jogo de futebol!!".
Interessante, no mínimo!
Eu também quero ter a liberdade para poder sentir-me bem por ser portuguesa, embora há umas décadas atrás (e séculos!!) tenhamos feito o que fizemos pelo mundo fora. O que realmente sinto por vezes, é andar camuflada. Enquanto não sair da confortável Europa, sentir-me-ei sempre segura. Os povos do norte da Europa adoram-nos, falam de Portugal como se fosse um tal jardim à beira mar.
No Brasil, 500 anos depois, gozam connosco. Pelo menos isso!
Mas, e em Timor? Em Angola? Em... Todos aqueles países por onde andámos? Será que me sentirei segura? Será que não terei medo de dizer que sou portuguesa?
Steven, o indonésio, apareceu na minha vida para me mostrar que a capacidade humana de perdoar, pode ser infinita. E transmitida de geração em geração.
Aqui ficam umas fotografias do aniversário do porto de Hamburgo. A festa foi há 1 mês, mas as fotos chegaram hoje ao meu computador: http://picasaweb.google.com/lemos.filipa/Hafengeburtstag?authkey=Ei9XVpHizEE
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